Capítulo 66

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Por mais que Erin estava se acostumando com essa rotina, uma das coisas que mais a deixavam irritada é que ela teve que sofrer um acidente para ir morar com Jay. Não que ela tenha desistido de sua decisão anterior sobre não se mudar, mas é só que ela sentia que estava perdendo partes importantes da vida deles e agora que estava com os movimentos limitados, Erin sentia que mais uma vez estava perdendo mais momentos com as crianças.

Erin começou a sentir falta de tudo e uma tristeza por nunca pegar a fase completa de nenhuma criança. Jay tinha seus dois filhos, mas os acompanhou desde o nascimento, ele tinha esse privilégio de acompanhar todas as fases, um privilégio que ela nunca teria. Ela teve Andrew, um gestação descoberta tardia, um parto traumático, dois anos maravilhosos, mas aterrorizantes ao mesmo tempo e o fim da vida que nem mesmo tinha começado. Com Samantha, ela pegou com 9 anos, tinha perdido toda a primeira infância de sua irmã. E agora ela tinha mais dois que também perdeu a primeira infância.

Erin sabia que ela não podia reclamar, mas por mais que as crianças não fossem mais bebês, ela ainda queria poder acolher eles enquanto eles ainda queriam e pediam. E dois meses era muito tempo e ela perderia muitas oportunidades com as crianças nesse tempo e isso a frustrava e por mais incapacitada que ela estivesse, ela não iria perder a chance de ir na escola de Maya e falar por si mesma, cara a cara que não toleraria esse tipo de atitude com seus filhos.

- Me sinto tão estranha e fraca assim. Sou agente do FBI e minha primeira reunião na escola das crianças eu vou parecer fraca. - Erin resmunga baixo para que as crianças não ouçam.

- Você não é fraca. - Jay passa a mão nas costas dela. - Você é a mulher mais forte que eu conheço e você pode ter certeza que eles vão saber disso. - ele diz e ela sorri para Jay. Ele e Sam escutavam as dores e as reclamações dela e eram os maiores incentivadores. Maya e Jesse sua maior motivação. Ela estava grata que não estava mais na cadeira de rodas, ela não sabe se gostaria de conversar algo serio tão debilitada, muito menos se os médicos dela aprovariam isso.

- Mamãe, vamos... - Jesse a chama.

Erin só os deixou na escola com Jay no primeiro dia de aula, nos outros, geralmente ou ela não está ou nem sempre os acompanham até suas portas. A classe de Maya era a mais próxima, mas como eles já estavam na escola e estavam indo conversar com a diretora, eles acabaram decidindo deixar Jesse na sala dele e ele ficou extremamente feliz com isso.

Erin caminha pelo corredor da escola e ela percebe todos a observando. Ela sabe que estava chamando muita atenção toda machucada e enfaixada. Inclusive o gesso dela chamava ainda mais atenção porque tinha artes de Jesse e de Maya e alguns leves toques de Sam e Jay. Então ela entende o motivo de todos os olhares sobre ela.

Jesse caminha lado a lado dela até que ela chegue na porta da sala e quando ela para, ele segura a muleta dela indicando que quer que ela entre junto com ele na sala, tinha somente a professora e poucos alunos, já que ainda era cedo, mas o que chamou a atenção de seu filho foi a fala dele.

- Essa é a minha mamãe. - ele anuncia sorridente. - Eu falei que ela era real. - ele diz e isso a pegou desprevenida. Jesse disse com naturalidade, como se todas as crianças fossem obrigadas a provar que tinham pai e mãe. Ele não tinha que fazer isso, ele não tinha que provar nada, mas aqui estava ele, querendo mostrar que tinha mãe.

Ele nunca disse nada para eles, nunca pareceu incomodado, mas aparentemente as crianças não acreditavam que ele tinha mãe. Erin não sabe como as crianças sabiam disso, talvez Jesse tenha contado algo ou as crianças soubessem de algo. Ou então ele nem mesmo estava sendo questionado pelas crianças, talvez Jesse só queria mostrar que assim como muitos colegas, ele também tinha mãe.

Linstead - Corações QuebradosWhere stories live. Discover now