Capítulo 58

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Quando alguém que você ama e se importa vai para o hospital em estado grave, você tenta ao máximo não pensar nas piores notícias, você não quer ter que imaginar sua vida sem aquela pessoa, ter que seguir em frente sem ela, principalmente quando é um acidente imprevisível e a pessoa ainda tem uma vida inteira para viver.

Erin estava feliz, mais do que feliz, tinha sido um final de ano muito bom, ela e Jay já estavam fazendo planos para esse ano. Eles estavam finalmente felizes, mas nada, nunca vai te preparar para encarar os médicos e ouvir da boca deles que a pessoa que você ama não resistiu.

Parecia mentira, ele estava em um sonho, em outra realidade, aquilo não podia ser real, não podia estar acontecendo com eles.

"Sentimos muitos, fizemos todo o possível, mas Erin não resistiu."

Jay sentiu seu corpo fraco, ele sentia que tinha perdido seus movimentos, mas não era só ele recebendo aquela notícia e quando ele olha para o seu lado, Sam desaba e ele a segura a tempo.

No dia a dia se ouve diversos gritos, gritos de alegria, de espanto, de medo, de raiva, mas nada nunca vai ser tão horrível de ouvir, do que aquele grito que todos os médicos que perdem pacientes escutam dos familiares, o grito da dor. A dor da perda, o momento em que eles são informados que a partir daquele momento, a pessoa que você passou parte da sua vida, não vai mais voltar.

Luto.

Jay já perdeu sua mãe, seu irmão, irmãos de guerra, parceiros de trabalho. Ele lida com a morte todos os dias no trabalho. Jay já sofreu a dor da quase morte e todas essas sensações eram ruins, todas eram horríveis, mas com o tempo, Jay foi entendendo que isso fazia parte da vida, que era essa a vida.

Jay sabe porque pensou assim, porque quando ele teve seus filhos, ele sabia que mataria e morreria por eles e nenhuma morte nunca supera a morte de seus filhos, então quando seus filhos saíram vivos, Jay jurou a si mesmo que ele iria ser melhor, que iria viver a vida dele pelos filhos dele.

Sua mãe e seu irmão se foram muito cedo, ele sofreu, mas ele não se lembra de detalhes. Ele sabe o que aconteceu com eles, ele nunca vai esquecer, mas só foi realmente entender tudo o que aconteceu com eles, quando era maior. Quando ele entendia melhor as coisas.

As mortes de seus irmãos de guerra eram horríveis, traumáticas e desesperadoras, mas quando ele viu o carro com seus filhos afundar, quando ouviu que ele teria que se despedir de seu filho de 1 ano, ele pensou que ali, naquele momento ele morreria junto.

Quando Jesse voltou para ele, quando seus filhos estavam seguros. Jay soube que nada na vida dele, seria pior do que a morte dos filhos dele. Pais nenhum deveriam ver seus filhos morrerem. Os humanos sabem que não são eles que decidem quem vai e quem fica, quando vai ou quando fica, que a vida pode tirar qualquer um, qualquer pessoa, sem se importar com idade, com quem sofre. Claro que todos querem o mesmo, se não podem viver para sempre, que a única morte no mundo, fosse causada apenas pela velhice. Infelizmente, não era assim que o jogo funcionava.

🖤☠️🖤

Os médicos avisaram, ela estava morta. O que você faz quando você recebe essa notícia? Como se lida com isso? Quem tem que lidar com isso?Você fica ali, escuta os médicos dizendo o que causou a morte da pessoa, o porque ninguém nunca mais vai poder voltar a ver a pessoa.

Jay não estava sentindo mais nada, ele só estava de pé, porque se ele não estivesse, Samantha estaria no chão junto com ele. Ele precisava ser forte por ela e pelos seus filhos. Ele teria que cuidar de Sam, guardar sua dor, seu sofrimento para si, para que Samantha tivesse em quem se apoiar.

Erin tinha um corte profundo o que ocasionou na hemorragia interna, mas os médicos não foram rápidos o suficiente, eles não conseguiram abri-la a tempo, não conseguiram estancar o sangramento a tempo e eles a perderam.

Linstead - Corações QuebradosWhere stories live. Discover now