Capítulo 36

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Jay a puxa para um abraço. Deve ser a pior coisa viver o que ela viveu. Os abusos, a negligência, tudo o que ela presenciou, tudo o que teve que fazer. E ainda assistir seu filho morrer. Era inimaginável como existia crianças no mundo que passavam por coisas tão terríveis que era difícil não se perguntar o porque? Quem decidia isso? Por que existiam pessoas tão cruéis?

Erin tinha 15 anos, ela conheceu o que era o amor de mãe, não da sua própria, mas ela era esse amor. Ela não entendia como sua mãe não sentiu aquilo por ela. Andrew era o mundo de Erin, o motivo de ela ser forte e ter lutado. Infelizmente ele era bom demais para esse mundo.

- Foi assim que conheci Olívia. Ela estava em um caso naquela época, se eles tivessem aparecido um dia antes. - as lágrimas escorrem. - Um dia Jay, era tudo que precisávamos ter aguentado. É tão difícil entender porque as coisas aconteciam assim. Eu tinha dinheiro para fugir, eu só precisava de uma vaga naquele abrigo. Estavam atrás de Charlie e todos que viviam com ele e eles só precisavam ter chego um dia antes e eu ainda teria Andy comigo. - ela treme em seus braços.

Já haviam se passado 15 anos. Seu filho teria 17 anos agora e era uma sensação horrível lembrar que alguém tão inocente viveu 2 anos de puro terror. Jay sabia o que era o medo de perder os filhos, sabia o que era se sentir impotente com seus próprios filhos, mas ele não sabia a dor real de perder um filho, a dor que apenas um dia poderia ter feito a diferença na vida daquela criança. Jay a abraça forte, deixando que ela chore tudo o que tem pra chorar e consolando para que ela não entre mais em um ataque.

Erin sentiu um alívio ao contar para ele. Era como se ela estivesse tirando um peso das costas dela, mas não doeu menos. Ainda doía tanto, mas tanto que ela não sabia se um dia iria parar de doer.

- Ele te amava. - Jay se afasta e a encara. - Ele soube o que é amor, foi amado e foi cuidado. - Jay a encara. - O que estava ao seu alcance por ele você fez, mesmo sendo tão nova, você foi uma mãe incrível.

- Não fui, eu era uma viciada e matei meu filho. Minha mãe teve eu e Sam e ainda estamos vivas. Ela conseguiu ser uma mãe melhor que eu.

- Não! - Jay interrompe imediatamente. - Ela nunca foi uma mãe e se vocês estão vivas, não é graças a ela. Se você está viva é graças a você, a sua força e Sam puxou isso de você. Você foi uma mãe incrível para Andrew sim, porque depois de tudo o que você passou, você tinha muitos motivos para despreza-lo, mas você o amou. Você cuidou dele por dois anos, você o deu a vida Erin e eu sei que ele era um menino forte como você. - ele limpa as lágrimas dela inutilmente.

- No dia que fomos levar as crianças, desci do carro com Jesse porque queria saber a sensação. Eu sei que foi egoista da minha parte, mas eu pensei que fosse com Andy, como seria o primeiro dia de aula dele e Jesse dizendo que me amava naquele dia, doeu tanto em mim. - sua visão está embaçada de tanta lágrima. - Eu usei seu filho, usei seu filho para suprir a falta do meu.

- Você não estava. - ele a conforta. - Você e Jesse tem uma ligação. Sei que Maya também é apegada a você, mas Jesse, tem algo... - Jay para, no dia ele decidiu não compartilhar, mas depois de tudo que Erin compartilhou, talvez agora fosse o momento. - No dia que ele chorou e pediu por você, ele acordou de madrugada de um pesadelo.

- Você me disse. - ela se lembra.

- Eu não te contei tudo. Ele acordou assustado, e começou a chorar chamando pela mamãe. Ele nunca tinha chamado por Hailey em nenhum pesadelo, não daquele jeito. Ele estava apavorado Erin. Eu tentei acalma-lo e ele não parava de pedir pela mãe e eu expliquei que ela estava morta e ele negou, disse que era mentira e continuou pedindo e pediu que eu ligasse. Eu tenho, tive certeza que não era de Hailey que ele estava falando, ele pediu por você. Ele queria você naquela noite e eu não sabia o que dizer. Só sei que agora, parece que de algum jeito, vocês devem ter uma ligação.

Linstead - Corações QuebradosWhere stories live. Discover now