Occhiolism

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Occhiolism (n.): a consciência da
pequenez da sua perspectiva.

YIBO POV

Eu sempre achei que a parte mais difícil da vida fosse "crescer", ter responsabilidades adultas e prioriza-las. Entretanto, Um mês em Harvad havia gravado na minha essência, uma placa de letras gigantes com a revelação de que a parte mais difícil da vida é aceitar a si mesmo.

Às coisas sempre haviam sido muito fáceis, muito claras, pra mim. Eu era Wang Yibo, fruto da união de um empresários bem sucedido com uma filha de pastor. Eu ia a igreja todos os domingos, ia a uma escola, tinha minha "paixonite" pela capitan do time de torcida, e estava tudo muito confortável pra mim. Eu não tinha consciência alguma dessa parte complicada da vida que chegou pra mim como uma bala perdida, um terremoto sem aviso, uma erupção espontânea, um telão gigantesco de led no meio da quinta avenida, estampado a noticia: "Wang Yibo, você é gay"

Era como se eu estivesse sendo jogado na minha própria cara, com força; como se houvesse um outro lado de mim despertado apenas naquele momento é estivesse gritando com a boca colada no meu ouvido: " é isso que o você é, está na hora de vive de verdade". Então era de se esperar que nesse ponto específico eu estivesse entrando em estado de pânico. Era de se esperar que, como todo mundo faz, eu tenha tentando fugir.

" Tá, e agora ? O que faço? Perguntei-me mentalmente, mexendo as pontas dos dedos entre a testa e o cabelo, enquanto estava de cabeça baixa, olhando para o livro sobre a mesa, mas sem realmente ler sequer uma vírgula do que estava escrito ali.

O clima de Cambridge começará a esfriar  mais do que as roupas de outono costumavam suporta e o aquecedor daquela biblioteca, com certeza não estava ligado, ou eu estava com algum desequilíbrio na minha temperatura corporal. O dia estava nublado, o que brilhantemente, combinava com a iluminação da biblioteca, criando uma sensação forte de aconchego que, ainda que estivesse frio, eu não sentia a mínima vontade de sai dali. Xiao havia sido absolutamente brilhante na construção daquele edifício, até mesmo em detalhes como aquele, que usualmente passavam desapercebidos da atenção da maioria dos arquitetos.

" Mas pra ele, nada passava desapercebido", pensei, dando um sorriso para as letras do livro aberto abaixo de mim.

- Adan...- Falei em voz baixa levantando o olhar do livro.

"É exaustivo fica fugindo de mim mesmo", pensei, considerando que aquilo poderia conforta-me do incômodo de fala abertamente sobre o assunto.

- Oi - Adan perguntou, relutando em tira os olhos do livro. Mas cedendo em seguida.

- Eu não consigo para de pensar nele...- admiti.

- É o que as pessoas apaixonadas fazem.- Adan disse como se fosse a coisa mais natural do mundo.

- Quem está apaixonado aqui?- A voz de Jess surgiu atrás de mim e eu tomei um susto.- Iii, nem precisa dizer...- Jess disse, sorrindo.- Sua expressão denunciou tudo.

- Não tem ninguém apaixonado aqui.- Falei tentando soar natural.

- Ah qual é?! Não precisa fica com vergonha. Ja vão almoça?

- Vamos, se não vamos nos atrasar para aula do professor Newton.- Adan falou, reconhendo suas coisas.

- Então vamos.- Jess falou.- Só vou manda mensagem pra um menino de engenharia pra ir com a gente.- Ela falou pegando o celular do bolso da sua calça.

- Estão ficando?- Adan perguntou tentando parece natural e pode até ter parecido para Jess, mas para mim era claro o medo que ele tinha da resposta.

- O que? Com ele?- Ela tirou o olhar do celular, rapidamente olhando para Adam e voltou a olhar a tela, digitando enquanto caminhávamos através das filas de mesas e cadeiras da biblioteca. - Nãaao. - ela falou, rindo um pouco. - Bem que eu quis, mas ele nem me deu moral, daí a gente virou amigo.

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