Capítulo 43

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Uma semana havia se passado e finalmente eu comecei a retomar minha vida, embora passasse meus dias melhor, durante a noite, naquele quarto, as lembranças batiam fortemente, abrindo a ferida. Depois de rolar na cama por várias horas, decidi me levantar e ir até a cozinha. Tinha ido dormir sem jantar e Taylor me assegurou que tinha guardado um pedaço de torta de chocolate para mim. Caminhei pelo corredor silencioso, eram quase 3h30min da manhã. Desci as escadas e fui em direção à cozinha.

Quando empurrei a porta a luz estava acesa, entrei no lugar e vi Ethan do outro lado da bancada comendo sanduíche. Estava sem camisa e sua marca estava exibida no peito musculoso e bronzeado. Passei por ele e fui até a geladeira e peguei o pedaço de torta. Realmente Taylor havia guardado para mim. Peguei uma colher e me assentei na banqueta ao lado dele. Este só me observava, seus olhos azuis percorreram meu rosto.

— Que bom que resolveu comer de novo.

— Eu nunca deixei de comer, só não... — Eu não soube o que responder. As palavras simplesmente abandonavam meus lábios quando me lembrava de Ben.

— Não precisa se explicar. Só quero que saiba que fico realmente feliz por finalmente estar seguindo em frente. — Ficamos olhando um para o outro, perdidos cada um nos seus próprios pensamentos.

— Ethan...

— O que foi?

— Me ajude a matar Charles. — Assim que disse a frase, senti toda sua intensidade esfriar. Seus olhos se tornaram gelados e se desviaram dos meus. Chamei-o novamente e peguei em seu braço. Podia sentir seus músculos tensos sob meus dedos. Ethan moveu seu olhar para minha mão que o tocava e depois para o meu rosto. Num movimento rápido se levantou me enlaçando em seus braços e me beijando sem aviso. Meu corpo todo se enrijeceu, mas não me afastei de imediato. Eu não soube o que estava fazendo. Empurrei-o com toda a força que tinha, ele me libertou passando as mãos pelo cabelo um pouco nervoso.

— Por que fez isso, Ethan? Por que me beijou? — Exigi, mas ele apenas sorriu sem humor.

— Porque as pessoas se beijam, Emmy? Me responda.

— Eu não beijei você. Foi você quem...

— Tem certeza que não me beijou? Não se engane. — Discorreu com convicção, me desconcertando.

— Não deveria ter feito isso. — Senti um aperto no peito, foi como se estivesse me esquecendo de Benjamin.

— Cai na real, Emmy. Benjamin está morto. Qual é? Vai se tornar freira? — Suas palavras me levaram ao ápice do ódio. Como ele se atrevia? Desferi-lhe um tapa forte no rosto. Ele imediatamente levou a mão na face atingida e sorriu. — Enfim, uma reação.

— Idiota. Você é um imbecil.

— Posso ser um imbecil, mas te fiz sentir viva de novo, não foi? — Me assustei com suas palavras de fato, agora me sentia viva, tomada de sentimentos humanos e saber que fora Ethan quem havia conseguido isso, fez-me ficar paralisada e sem reação.

— Não confunda as coisas. Eu só te peço isso.

— E eu te peço uma chance.

— O quê? — Nada era mais inadequado para o momento, mas eu tinha certeza que ele disse mesmo isso.

— Uma chance para te fazer feliz. Para nós sermos felizes.

— Você ficou louco? Isso é um capricho seu. — Ele se aproximou pegando meu rosto entre suas mãos. Eu sabia que ele me queria apenas porque fui de Benjamin. A rivalidade continuava mesmo depois de sua morte, a necessidade em ter o que era do irmão. Eu não me prestaria a esse papel, era repugnante para mim.

— Você cortou o cabelo. Isso significa que decidiu seguir em frente. Quero você, Emmy. — Minhas emoções estavam um turbilhão e eu não conseguia pensar direito. Me desvencilhei das suas mãos e da proximidade do corpo de Ethan e corri para fora da cozinha, o mais longe possível que pudesse ficar dele.

Acordei na manhã seguinte me sentindo bem estranha. O beijo de Ethan mexeu com algo sensível dentro de mim. Mesmo que Benjamin estivesse morto eu ainda o amava de algum jeito, mas a possibilidade de sermos felizes um dia, se foi quando ele partiu para aquela missão. Charles Rodwell era um miserável assassino e o fato de me ter em suas mãos como a um fantoche me deixava à beira de um colapso. Depois de me aprontar, desci para sair até a Universidade, Taylor me aguardava na sala junto com Alice e Jennifer.

— Bom dia, Emmy.

— Alice. Como foi a conferência? — Alice havia sido designada por Charles para ir a uma conferência em Nova York o representando.

— Muito chato. Mas sobrevivi.

— Deveríamos sair para nos distrair um pouco. Vamos ao cinema hoje? — Eu ia dizer que não quando vi um lampejo diferente no olhar de Taylor. Ele me intimava a aceitar o convite e o porquê ainda iria descobrir.

— Certo. Vamos. — Eu não sabia o que Taylor estava planejando, mas confiava nele.

O dia se passou normal. Fui para a faculdade e cumpri com meu papel de boa estudante. Sentia falta de Susan e toda vez que entrava no refeitório me lembrava dele. Será que algum dia eu iria superar sua ausência? Eu parecia estar morta, como Ethan havia me dito na noite anterior. Não queria pensar em Ethan. O que ele fez era imperdoável.

Assim que as aulas terminaram juntei meu material e fui para a fortaleza de Charles Rodwell. Como sempre, havia um carro esperando a mim e à Donna. Ela sempre me encarava com ódio e eu sabia o motivo: Ethan. Ele tinha terminado com ela há uma semana e ninguém sabia o motivo. Quando chegamos em casa, ela saiu rapidamente do veículo batendo a porta com força. Esperei que entrasse e só então saí, indo direto ao meu quarto. Terminei de revisar as disciplinas do dia e quando me dei conta, vi o horário avançado, tinha combinado de ir ao cinema hoje. Dei um pulo da cama e corri para o chuveiro. Tomei banho e vesti uma calça jeans, camiseta branca e um casaco por cima. Sequei os cabelos, fiz uma maquiagem básica e fui ao encontro de Taylor, que me aguardava na sala com uma expressão um pouco aflita na companhia de Jennifer e Ethan.

— Onde está Alice? — Foi minha primeira pergunta.

— Não pode ir. Saiu com Charles.

— Onde foram?

— A um jantar de negócios, tenho pena dela. Mas quem mandou ser a mais refinada de nós. — Jennifer disse dando de ombros.

— Chega de conversa, vamos perder a sessão e eu já comprei os ingressos. — Taylor disse sério. Não entendi porque estava tão nervoso e apreensivo por ir ao cinema, ele é sempre tão amável.

— Então vamos. — Cheguei perto dele entrelaçando nossos braços. Mas então percebi que Ethan também se levantou e começou a nos acompanhar. Aproximei do ouvido de Taylor e lhe perguntei baixo.

— Ele também vai?

— Teremos de tomar cuidado. Não sei se podemos confiar nele. — Não soube direito o que suas palavras queriam dizer, mas resolvi ficar quieta e atenta ao que quer que me aguardava a noite.

🔞 Áries Insaciável- Zodíaco CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora