Capítulo sem título 49

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Eu me afastei da porta quando senti a energia exalar estrondosa do outro lado. Observei quando Ben girou a maçaneta da porta constatando que estava trancada. Deveria ter ficado furioso e agora a explodiria. Corri para o meio do quarto esperando a madeira se desfazer em mil pedaços. Mas isso não aconteceu. Ao invés disso, ouvi seus passos se afastarem para longe e a frustração tomar conta dos meus sentimentos. Ele não entrou. Benjamin não me ama do mesmo jeito que eu. A dor no meu peito cresceu e me sufocava dentro do quarto. As lágrimas vieram novamente e eu não consegui reprimi-las. Andei de um lado a outro durante intensos minutos e resolvi sair dali, precisava de ar.

Abri a porta e corri pelo corredor, descendo as escadas descalça. Cruzei a sala e alcancei a porta lateral para o jardim. Respirei o ar fresco da noite escura, me esgueirando entre flores e plantas de médio porte. Avistei o banco que um dia estive com Ben e como nos amamos ali. Caminhei lentamente até lá, enquanto deixava as lembranças virem. Me assentei abraçando minhas pernas. Não demorou muito e senti alguém se aproximar, olhei assustada, meus olhos se parando na imagem do homem parado ali me observando à distância.

— O que faz aqui? — Foi minha pergunta. Soei mais áspera do que planejava.

— Ouvi passos no corredor e soube que era você. — Tentei engolir as lágrimas. Ele continuou me observando de onde estava. Estava sem o paletó e sua camisa tinha alguns botões abertos exibindo uma pequena parcela do seu peito, onde eu estivera aconchegada muitas vezes.

— Não quero conversar. Vá embora.

— Emmy, por favor. Me escuta. Preciso que... — Benjamin insistiu, me virei para frente o ignorando. Senti se aproximar de mim.

— Não tenho interesse em ouvir suas desculpas. Eu lamento.

— Mesmo assim, quero que saiba que eu te amo. Se eu não voltei antes, era porque foi preciso. Eu nunca deixei de pensar em você nesse inferno fodido de meses em que estive longe. — A emoção tomava conta de mim e as lágrimas irromperam sem parar. Ben se aproximou tocando meus cabelos. Eu me afastei no mesmo instante como se seu toque me ferisse.

— Não se aproxime. Por favor. Não me toque.

— Emmy, eu te peço...

— Não ouviu o que ela disse? — Meu corpo tencionou-se quando ouvi a voz grave de Ethan vindo de trás. Olhei para ele e sua expressão estava dura, olhando fixamente para Benjamin. Este também se ergueu e o encarava de igual modo. Eu já tinha visto essa cena e não tinha acabado bem.

— Não se meta nisso, Ethan. — Ben respondeu. Me levantei ficando entre os dois, sentindo a tensão.

— Você ouviu ela dizer que não te quer? Então cai fora. — Benjamin voltou-se para mim. Seus olhos cheios de dor. Minhas defesas sendo banidas de mim.

— É isso o que quer? — Me inquiriu. Com o coração sangrando eu confirmei com a cabeça, certa de que se dissesse alguma coisa, minha boca me trairia. Precisava acabar com aquela situação. Vi nos olhos de Ben a dor cravada ali, mas eu tinha de ser forte. Eles eram irmãos e eu não queria um confronto entre eles novamente. Depois de um tempo, Benjamin passou por mim dando um esbarrão no ombro de Ethan com tanta brutalidade que fechei meus olhos. Quando os abri novamente vi-o se afastar. Será que meu sofrimento não teria fim?

Benjamin se afastou deixando os dois lá. O ressentimento o rasgando-lhe por dentro. Indagou-se se Emmy nunca o perdoaria por ter fingido estar morto. Avançou para dentro do quarto de hóspedes batendo a porta. Andava de um lado a outro atordoado. Mil pensamentos lhe perfuraram a alma. O medo de perder a mulher que amava era o pior. Ele sabia que não seria feliz sem ela.

Parecia um animal enjaulado naquele quarto. Resolveu sair para a academia particular da casa. Ali era o lugar onde gastaria sua energia. Poderia socar, bater, rasgar e destruir. Colocar todo o seu sentimento para fora, tudo que o dilacerava por dentro e ao mesmo tempo o desejo de espancar Ethan por se intrometer entre ele e Emmy. Por pouco não arrancou seu braço com a trombada que lhe deu, usando sua energia. Mesmo com a dor sentida ele permaneceu firme. Benjamin sorriu e concentrou-se em bater no saco de areia. Ficou ali por horas a finco, nem percebeu que o dia clareava, a não ser quando Jennifer lhe chamou a atenção.

— Esteve aqui esse tempo todo?

— Estava sem sono — Benjamin não parou o exercício para lhe responder. Fazia incessantemente abdominais. Já sentia os músculos rígidos e totalmente doloridos por isso.

— Ben, não fica assim. A Emmy só está ressentida. Ela sofreu muito quando pensou que tinha morrido. — Nesse momento ele parou e olhou para Jen.

— Eu sei, Jen. Mas eu a amo. Fui obrigado a me esconder. Mas parece que Ethan ocupou meu lugar.

— Acho que começou com isso porque ele sempre quis o que era seu. Mas acabou gostando de verdade da Emmy.

— Será que a perdi, Jen? Ela não quer falar comigo. Vejo ressentimento no seu rosto. E isso é uma porcaria enorme.

— Dê um tempo para ela se recuperar. Teve um tempo em que pensei que estivesse ficando louca. Ela disse que você esteve no hospital e que falou com ela.

— Eu estive lá. E conversei com ela. Roxie é médica e me avisou assim que ela deu entrada na emergência. Fui como um louco para saber sobre seu estado de saúde. Ela já tinha sido medicada quando cheguei, mas falei com ela mesmo sedada. Deve ter ouvido algumas coisas que eu disse.

―Pensamos que estivesse ficando louca. A propósito, essas pessoas são de confiança?

— Sim. Confio neles. Charles está envolvido em muitas coisas ilegais, inclusive tráfico de armas. Devemos estar preparados. Ele vai querer se vingar.

— Sabemos disso. E devo confessar que estou um tanto angustiada. Ele conhece nossos pontos fracos. — Ben se levantou e segurou no ombro de Jennifer.

— Vamos conseguir pegá-lo — ela sorriu segurando a mão de Benjamin que estava sobre seu ombro.

— Ainda bem que está aqui. Agora vamos tomar café.

— Convoque a todos para uma reunião. Os outros devem chegar em duas horas.

— Tudo bem.

Vi Jennifer se afastar. Voltei ao quarto onde estava instalado e tomei um banho. Me vesti e desci para o café. Logan e Taylor já estavam na sala à mesa.

— Benjamin. Como é bom te ver! — Taylor me abraçou novamente.

— Obrigado, Taylor. Como tem passado?

— Bem. Obrigado.

— Então vamos parar com essa melação nojeta e nos contar como conseguiu sair daquele maldito depósito com vida? — Olhei para Logan, de fato eu tinha uma longa história para lhe contar. Aproveitei que estávamos os três e comecei a contar como Áries e gêmeos salvaram muitas vidas.

🔞 Áries Insaciável- Zodíaco CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora