JHENIFER.
“Don't lose who you are
In the blur of the stars
Seeing is deceiving
Dreaming is believing
It's okay not to be okay”Eu estava sentada na grande enfermaria da casa enquanto esperava Lorenzo voltar. Era engraçado ter praticamente um hospital dentro da mansão; tio Nino era medico e deixava tudo a postos para alguma emergência. Desde os desfibriladores até instrumentos cirúrgicos. Eu não fazia ideia de onde Lorenzo tinha aprendido dar pontos, mas era bom que soubesse.
A porta se abriu e Lorenzo entrou seguido de perto por Nino. Meus olhos se encheram de lágrimas prontamente, me sentindo tremendamente pequena e traída. Ele havia prometido que não contaria para ninguém! Lendo meu olhar, Lorenzo suspirou.
— Eu não sei dar pontos. — Ele disse como se pedisse desculpas. — E você precisa deles.
— Jhenifer, querida. Está tudo bem. — Tio Nino afirmou com suavidade, se aproximando cauteloso. Lorenzo tinha me feito vestir uma camisola hospitalar e eu me sentia ridícula sentada na maca, com uma coroa na cabeça, enquanto vestia tal coisa horrorosa. — Posso ver seus ferimentos?
— Ninguém pode saber. — Eu pedi baixinho, a voz embargada. Nino assentiu.
— Tudo bem. Pense em mim como um médico. Tudo que acontecer aqui, fica entre nós. — Tio Nino sorriu, um sorriso calmo e gentil que me fez chorar mais ainda. — Posso ver os ferimentos?
Assenti tristemente e ergui a camisola até exibir minhas coxas e os curativos ensanguentados. Eu ficaria com receio de fazer isso se fosse qualquer outro homem, mas eu confiava em meus tios como confiava em meu pai. Tio Nino franziu as sobrancelhas para o curativo.
— Vou tirar as bandagens, certo? — Ele perguntou com os olhos fixos em mim, não me tocando até que eu lhe desse consentimento. Quando um sim fraco saiu de meus lábios, tio Nino puxou o curativo da perna esquerda, revelando cerca de quatro cortes profundos. O sangue verteu de imediato.
— Quando isso aconteceu, querida? — Nino se afastou até a mesa do outro lado da sala e limpou as mãos com antisséptico antes de calçar um par de luvas de látex. Quando ele retornou eu estava chorando novamente.
— Ontem. — Lorenzo respondeu por mim. — Mas ainda está sangrando.
— Porque foi profundo e você fez muito esforço. Provavelmente usou saltos hoje, não? A musculatura da perna se estendeu e pressionada pelos curativos e o vestido apertado que usou hoje, provocou sangramento. — Nino explicou puxando um carrinho auxiliar metálico para perto de nós. Eu encarei minhas pernas com terror, os cortes largos e sangrentos tão feios que dispararam meu coração. Um soluço saiu esganiçado. O que eu tinha feito? O que infernos eu estava fazendo comigo mesmo? Aquilo era horrível, simplesmente horrível. Lorenzo sentou ao meu lado na maca e passou os braços ao redor do meu corpo. Enterrei meu rosto em seu peito, chorando copiosamente.
— Tudo bem. Não olhe. Tio Nino vai cuidar de tudo. Vai ficar tudo bem, principessa. Tudo bem. — Lorenzo acariciou meus cabelos, beijando minha cabeça.
— Jhenifer, vai doer quando eu desinfetar a ferida, doer e arder, muito. Então prefiro te anestesiar antes, já que terei que anestesiar de qualquer forma por causa dos pontos, tudo bem se eu o fizer? — A voz de Nino parecia distante. Eu estava começando a achar que ia desmaiar. Assenti da forma que pude. Depois de uma movimentação metálica, tio Nino segurou minha coxa, sem tocar nos ferimentos. — Vou anestesiar agora. Você vai sentir uma picada, mas logo tudo ficará dormente.
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CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração.
Romance» Esse é o quinto livro da Saga Inevitável, retratando a segunda geração, os filhos dos casais principais. Você precisa ao menos ler o primeiro e o segundo livro da saga para compreender esse, mas receberá spoilers dos outros dois. « Vida, morte e s...