28. Skyfall.

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JHENIFER.


O choro de tia Alessa ecoava no carro conforme eu dirigia desesperadamente pelas ruas de Las Vegas. Eu estava dirigindo, o que queria dizer que ninguém estava em sã consciência. Ao meu lado, tia Alessia pressionava as mãos unidas enquanto fazia uma espécie de oração; Luca abraçava sua mãe, tentando parecer forte, mas pelo espelho retrovisor eu podia ver o quanto ele estava assustado. Tio Nico ligou dizendo que estavam indo para o hospital, o que era a única coisa a se fazer quando o médico da família havia levado um tiro, e tia Alessia simplesmente jogou as chaves na minha mão alegando que não poderia dirigir. 

O St Rose Dominican Hospital, era uma enorme estrutura, um hospital de luxo em Las Vegas, onde minhas tias tiveram seus filhos e tio Nino vez ou outra atuava como médico. Tentei ao máximo fazer uma boa baliza e entrar direito na vaga do estacionamento privado, mas arranhei a pintura na parede de qualquer jeito. Antes mesmo que eu desligasse o carro, minhas tias e primo já haviam saltado. Os segui logo em seguida, correndo atrás deles. 

— Meu Deus! — Tia Alessia gritou quando atravessou as portas, logo vi o que a tinha assustado; Lorenzo estava encostado contra a parede de entrada, totalmente sujo de sangue. Minha tia correu até ele e o abraçou apertado. — Meu Deus! Você está ferido? Lorenzo! 

— O sangue não é meu. — Os homens da máfia diziam aquela frase com certa ironia, mas naquele dia, a voz de Lorenzo falhou. 

— Onde está Nino? Onde está meu Nino?! — Tia Alessa perguntou, o corpo sacudindo num choro alto. 

— Em cirurgia. — Lorenzo informou com um suspiro. — Papai conseguiu ficar na galeria, observando. Mas temos que esperar aqui. 

Se a mecânica de um hospital fosse igual Greys Anatomy, um seriado antigo que eu amava assistir com minhas tias, ficar na galeria enquanto uma cirurgia estava acontecendo não deveria ser possível para um visitante; mas era tio Nico, o dono de Las Vegas.

— Como ele levou um tiro? Como Nino levou um tiro? — Alessa perguntou gaguejando, praticamente empurrando sua gêmea para ficar na frente de Lorenzo. 

— Bom… Quando ele e meu pai metralharam uma sala com treze pessoas…? 

Puta merda. Até mesmo Luca que estava tentando parecer um adulto arquejou ao ouvir aquela informação. 

— Mas, ei! Tio Nino é forte. Não é o primeiro tiro que ele leva, com certeza ele vai ficar bem. — Lorenzo tentou tranquiliza-la, mas minha tia balançou a cabeça em um choro esganiçado. 

— Mas é a primeira vez que fica tão sério que ele precisa de um hospital, é a primeira vez que ele passa por uma cirurgia! 

— Mãe… Tenta se acalmar. Lorenzo está certo, papai é forte. — Luca murmurou gentilmente colocando as mãos nos ombros da mãe. 

Meu telefone tocou, assustando-me por um momento, e eu me desviei da cena familiar para atendê-lo, mesmo que fosse o nome Carina no identificador de chamadas. 

— O que está acontecendo em Las Vegas? — Mamãe perguntou enérgica. Sem sequer um boa noite, como sempre. 

— Tio Nino foi baleado, está passando por uma cirurgia, no hospital. — Dizer que estávamos no hospital mostrava o quão séria era a situação. Nenhum homem feito ia ao hospital, suas feridas eram tratadas pelos médicos da Camorra ou Cosa Nostra. No entanto, haviam situações críticas, como aquela, que nenhum médico poderia, sozinho, curar o paciente. E aí precisávamos contar com profissionais treinados e uma grande equipe. 

— Hospital…? — Mamãe suspirou, percebendo a triste realidade da situação. — Thomaz está preparando o jato. Chegaremos em Las Vegas antes do amanhecer.

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Onde histórias criam vida. Descubra agora