JHENIFER.
“But there's a scream inside that we all try to hide
We hold on so tight, we cannot deny
Eats us alive, oh, it eats us alive, oh
Yes, there's a scream inside that we all try to hide
We hold on so tight, but I don't wanna die, no
I don't wanna die, I don't wanna die, yeah”Eu saí do quarto pela primeira vez, dois dias depois de chegar em New York, apenas porque eu já não aguentava mais a dor de estômago por falta de comida. Devon estava na sala junto de papai e quando me viu, ele pulou de pé e me abraçou apertado, tão apertado que eu arquejei, mas isso não me impediu de o abraçar com ainda mais força.
— Lorenzo está bem. — Ele sussurrou tão baixo que por pouco não ouvi. Lentamente meu irmão se afastou e beijou minha testa. — Como você está?
Meu coração acelerou pela onda de alívio que me tomou. Se Lorenzo estava bem, eu poderia enfim respirar sem sentir que estava me afogando.
— Estou com fome. — Disse-lhe. Papai não ergueu os olhos da tela do notebook, mas eu tinha certeza de que ele estava ouvindo a conversa.
— Vamos até a cozinha pegar algo para comer. — Ele ofereceu estendendo a mão.
— Não. Um dos dois fica. — Papai ordenou sem nem mesmo nos olhar. De costas para ele, meu irmão revirou os olhos.
— Senta, vou buscar um lanche. — Devon beijou meu rosto antes de se afastar e eu tomei meu lugar no sofá. Suspirei. Meu pai havia até mesmo colocado uma câmera de frente para a porta do meu quarto, eu era uma prisioneira dentro da minha própria casa.
A única coisa que me impedia de dar fim àquilo era a esperança de rever Lorenzo em algum momento. Devon voltou com um prato de salada e carne; quase ri quando percebi que não queria comer a salada de sempre e sim algo gorduroso. Pelo menos um milkshake com hambúrguer me daria alguma satisfação, mas ainda assim, aceitei o prato com um sorriso agradecido e o coloquei sobre minhas coxas, usando o garfo para espetar um pedaço de carne de frango.
— Não coma rápido. Você está sem comer tem tempo, pode enjoar. — Meu irmão advertiu quando comecei a comer rapidamente. Ele não sabia que isso já era um hábito; passar dias sem comer e depois comer demais.
— Como você está? Sua formatura está quase chegando. — Perguntei tentando distrair minha mente. Devon deu de ombros.
— Já passei em todas as provas finais, estou indo mais para ver meus amigos. — Ele abriu um sorriso faceiro, mostrando bem de qual amigo falava. Depois do que aconteceu entre mim e Lorenzo, ele não deveria vacilar assim. Como mamãe tinha dito, o que impediu papai de me machucar foi ser mulher.
— Que bom. Fico feliz. — E eu realmente ficava, apesar de estar absurdamente preocupada. — Você está levando isso bem. Você sabe…
— Você já terminou de comer? — Meu pai perguntou com uma voz dura, cortando o assunto. Devon revirou os olhos.
— Você o ama, eu entendo. — Meu irmão disse apenas mexendo os lábios e se colocou de pé, provavelmente para despistar papai.
Eu respirei fundo. Como pude pensar que meu irmão me julgaria, que seria cruel? Ele me amava e além disso, sabia bem como era amar alguém que não deveria. Meus olhos se encheram de lágrimas.
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CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração.
عاطفية» Esse é o quinto livro da Saga Inevitável, retratando a segunda geração, os filhos dos casais principais. Você precisa ao menos ler o primeiro e o segundo livro da saga para compreender esse, mas receberá spoilers dos outros dois. « Vida, morte e s...