3. Sound Of Silence.

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LORENZO

Era exaustivo tentar me afastar de Jhenifer. Quanto mais eu tentava, mais me sentia atraído. 

A festa de Rick era as nove da noite, mas só saí de casa às nove e quarenta. Jennifer experimentou todo seu guarda roupa até acabar com um vestido preto, justo, com um decote que ia até seu estômago. Meus pais e irmãos estavam jantando na casa de tio Nino, o que foi sorte para Jhenifer. Nem fodendo meu pai arriscaria a ira de Thomaz e deixaria Jhenifer sair daquela forma. Eu mesmo estava tentado a manda-la trocar de roupa, mas meus motivos eram egoístas e completamente errados. Enquanto papai iria querer proteger Jhenifer da raiva de seu pai, eu só não aguentava a ideia dos homens olharem para ela como eu estava olhando. O vestido que abraçava todas suas curvas era de matar, mas combinado aos cabelos cacheados, vermelhos e rebeldes, que iam até suas costas, a maquiagem preta nos olhos e a boca pintada de vermelho, ela parecia um fodido pecado capital ambulante. 

— Estou bem? — Jhenifer perguntou com uma pontada de insegurança. Com os saltos altos, ela conseguia alcançar meu pescoço, mas eu ainda continuava uma cabeça mais alto.

— Você está linda. — Eu disse empregando meu tom mais indiferente. Se eu falasse como ela realmente se parecia aos meus olhos, aquela conversa terminaria na minha cama, comigo entre suas pernas. Jhenifer assentiu com um sorriso tímido, quase inocente, e estendeu a mão para mim. 

— Você pode me ajudar a descer as escadas? — Eu sempre via meu pai ajudando mamãe ou minhas irmãs a descerem as escadas quando elas usavam saltos, mas pensava que era questão de cavalheirismo e não que elas realmente precisassem de ajuda. Quem em sã consciência usaria um sapato que reduzia sua mobilidade? E se elas precisassem correr? Segurei a mão de Jhenifer e fiquei um degrau abaixo dela conforme desciamos as escadas. Eu tinha que constantemente desviar meus olhos de suas longas pernas brancas que pareciam extremamente macias. 

O caminho em direção a festa foi ainda pior. Estar sozinho, trancado em um espaço apertado com Jhenifer era extremamente difícil. Porra. Quando ela se sentou seu vestido subiu ainda mais, deixando suas coxas quase por inteiras a mostra. Eu era muito controlado, mas até mesmo um santo sentiria desejo por aquele pedaço de mal caminho. Felizmente Rick morava na área nobre da cidade e por isso não demoramos tanto. Quando saí do carro, respirei aliviado ao ver meu grupo distorcido de amigos. Carly estava usando os cabelos azuis presos em um coque desarrumado, um vestido largo e coturnos. Lila estava de calça jeans e camiseta comum, saltos baixos e uma jaqueta branca de napa. O que mais me surpreendeu foi Thalys vestido com uma camisa verde fluorescente que ficava gritante contra sua pele escura. Não, não escura, negra, preta. Eu não deveria usar eufemismos com medo de ser racista, segundo o próprio Thalys, que tinha feito uma enorme carta quando eu o chamei de moreno. Quando nossos amigos nos viram, Jen assumiu um sorriso que deveria ser simpático, mas em seu rosto tenso mais parecia uma careta.

— Ok, você poderia parecer menos patricinha de New York? — Carly perguntou arqueando as sobrancelhas em direção a ruiva.

— Ou menos rica… — Lila completou com um revirar de olhos irritante.

Jen parou abruptamente, olhando entre as garotas com uma expressão de choque. Seus olhos azuis refletiam receio. Toquei suas costas com a palma da mão. 

— Elas estão brincando. — Eu garanti. Jen não convivia com as meninas há tempo suficiente para saber como elas eram. Prova de minhas palavras foi o rosto de Lila e Carly se encherem de culpa. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Onde histórias criam vida. Descubra agora