40. Ingenua.

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JHENIFER.

Sé que fui ingenua y me sentí
Colgando mariposas en el cielo
Y hoy estoy temblando al ras del suelo

Fui ingenua y te volví mi aire
Y hoy la vida es un desierto
Por amarte a corazón abierto.”

quanto mais comentários
mais capítulos!


Tristeza. 
Angústia.
Arrependimento. 
Cortes nas coxas. 
Mais tristeza. 
Choro. 

Duas semanas inteiras haviam se passado e Lorenzo não tinha trocado duas palavras comigo. E hoje, no dia de nossa formatura, eu me forcei a parar de chorar. Não podia estragar mais um dos momentos importantes da minha vida por causa de Lorenzo. Com gases e um rolo de esparadrapo, fiz curativo em ambas as minhas coxas, cobrindo as marcas de automutilação e vesti meu vestido de festa. Foi difícil fecha-lo sem a ajuda de ninguém — afinal, eu não poderia ter pedido ajuda e corrido o risco de alguém ver meus ferimentos — mas por fim, consegui. O vestido estilo sereia feito sob medida se moldou ao meu corpo com perfeição. Alças finas, decote em ‘v’ com bojos que deixavam meus seios maiores, cintura e quadris marcados até se tornarem uma saia ligeiramente mais aberta na altura dos joelhos. O modelo era, de fato, incrível, mas o que me fez escolher aquele vestido foi sua cor. Preto, totalmente recoberto por pedras brilhantes da mesma tonalidade em desenhos espirais. Nunca uma roupa me caiu tão bem. Na luz forte do quarto, as pedras brilhavam no reflexo do espelho. Uma batida na porta me fez desviar os olhos da roupa. 

— Entre. 

Um segundo depois a porta se abriu e mamãe entrou. Ela estava deslumbrante, como sempre. Vestida com um belo vestido azul marinho que acentuava todas suas curvas e com o cabelo vermelho em um penteado elegante, ela parecia mesmo a primeira dama da máfia. Mamãe ergueu a caixa de veludo em suas mãos. 

— Trouxe algo para seu cabelo. — Ela disse meio sem jeito. 

Meu cabelo havia sido feito horas atrás, um penteado singelo, um coque com tranças laterais, sem nenhum adorno porque mamãe havia dito que eu não deveria por nada no cabelo. Lentamente ela abriu a caixa ao se aproximar, exibindo uma coroa de prata com várias pedras pretas incrustadas. Era pequena e delicada, mas ainda assim gritava ter custado uma fortuna. 

— Pra mim? — Perguntei surpresa. 

— Meus pais me deram no dia da minha formatura. — Ela contou tirando a coroa da caixa e a ergueu entre nós. — Posso? 

Eu assenti com o coração batendo forte no peito. Ela ergueu suas mãos elegantes, a aliança de casamento cintilando em seu dedo anelar, e colocou a coroa sobre meus cabelos, bem no meio das tranças. Pareceu ter sido feita sob medida para o penteado. Para mim. Meus olhos se encheram de lágrimas. 

— Obrigada. — Consegui dizer mesmo que minha voz tenha falhado. Mamãe me encarou por um longo tempo. 

— Você está linda, Jhenifer. — Ela elogiou com tanta sinceridade que mais lágrimas surgiram em meus olhos. — Uma verdadeira princesa. 

Mamãe ergueu a mão como se fosse acariciar meu rosto, mas no meio do caminho desistiu. Ela deixou cair a mão e suspirou antes de me dar as costas, indo em direção a porta. Quando pensei que ela sairia sem dizer nada, ela se virou com uma expressão de dor. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Onde histórias criam vida. Descubra agora