8. Say Something.

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JHENIFER.

Say something, I'm giving up on you
I'm sorry that I couldn't get to you

Anywhere, I would've followed you
Say something, I'm giving up on you

And I will swallow my pride
You're the one that I love
And I'm saying goodbye.

(Você é a única pessoa que eu amo,
E eu estou dizendo adeus.)

.




O primeiro sinal de que algo estava errado foi quando meu pai chegou em Las Vegas absolutamente do nada, sozinho. O segundo sinal foi quando ele ordenou que todos nós permanecessemos na mansão de tio Nino, sem sair sequer para os jardins até segunda ordem. O terceiro sinal, foi quando voltamos a poder circular normalmente pela propriedade e encontrei Lorenzo encarando a psicina com olhos assombrados. 

— Você está bem? — Minha preocupação com seu estado atual superou toda a mágoa que senti no início da manhã. Meu avô sempre dizia que amar era se preocupar e cuidar mesmo quando estávamos irritados; talvez fosse verdade. 

— Eu… — A voz de Lorenzo estava rouca, falhada. Me preocupei ainda mais, tanto que caminhei até me sentar ao lado dele na borda da piscina. Mesmo na escuridão penetrante daquele canto da casa, eu podia ver o assombro em seus olhos. — Me deram uma arma e mandaram eu atirar numa criança. 

— O que? — Que tipo de monstro seria capaz de fazer isso com Lorenzo?  — Lorenzo, você…? 

— Eu atirei. — Lorenzo sussurrou, seu lábio inferior tremeu. — A arma estava descarregada, mas eu não sabia, Jhenifer. Eu não sabia que não mataria ele. Eu atirei. 

Lorenzo soluçou, literalmente soluçou se curvando até encostar a testa nos joelhos erguidos. Seus ombros tremeram conforme mais sons dolorosos escapavam de sua boca; sem pensar nisso, eu me inclinei em direção a ele e o abracei de qualquer jeito, meu peito doendo ao vê-lo tão vulnerável, tão… Quebrado. 

Chorando. Eu nunca havia visto Lorenzo chorar. 

— Eu engatilhei uma arma e atirei apontando para a cabeça de uma criança, porra! Eu não sabia que estava descarregado, eu não sabia! — Lorenzo gritou contra seus joelhos e eu estremeci com a dor em sua voz. — Devon sabia, Devon percebeu. Eu… Oh, meu Deus. Eu ia matar uma criança! 

— Lorenzo, se acalme, por favor. — Pedi baixinho acariciando seus cabelos sedosos. — Você fez o que mandaram. Se a arma estivesse carregada, a culpa seria mais deles do que sua. 

Lorenzo levantou a cabeça, deixando nossos rostos tão próximos que eu podia sentir sua respiração ofegante. Seu rosto tão lindo estava manchado por lágrimas, seus lábios tremiam. Eu quis chorar por vê-lo assim. A vida toda eu o vi como um homem adulto, mas naquele momento ele parecia um menino. 

— Você não entende… — Ele sussurrou agoniado. — Você não entende, Jen. 

— Eu entendo, Lorenzo. Eu conheço você minha vida inteira. Eu sei o senso profundo de lealdade e orgulho que você nutre pela Camorra, por seu pai. Eu sei que você ama e se orgulha de pertencer a máfia. Eu sei o quanto você ama o lugar que você tem aqui. Se você tivesse matado aquela criança, seria porque você é tão leal ao seu pai e a Camorra que nada te faria descumprir com seu dever. — Lentamente tracei a bochecha de Lorenzo num carinho singelo. Seus olhos cinzentos estavam quase febris, cheios de desespero. — Eu conheço você, eu conheço sua lealdade e principalmente, conheço seu caráter. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Onde histórias criam vida. Descubra agora