44. Mad World.

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JHENIFER.

“And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cos I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very Mad World.”



Papai bateu a porta de casa com força. A viajem de avião havia sido tensa, silenciosa, com mamãe sentada ao meu lado, encarando meu pai como se sua vida dependesse disso. Quando olhei para a sala de estar do lugar que eu deveria chamar de casa, meu coração afundou para o estômago. Aquele lugar não era meu lar. Meu lar era onde Lorenzo estava. Lágrimas teimosas correram por meu rosto ao me lembrar dele estirado no chão, o rosto ensanguentado, cuspindo sangue, porque meu pai o tinha agredido como se fosse um monstro. Naquele momento, olhando para o rosto de Thomaz Rizzi, eu me perguntei se ele também me bateria. Parecia provável dada a sua expressão. 

— Ele te forçou? — Meu pai perguntou se virando para mim abruptamente. Solucei. Como ele poderia pensar aquilo? 

— Não. — Tentei soar firme, mas minha voz saiu trêmula e esganiçada. 

— Não sei o que seria pior. — Meu pai disse com uma risada sem humor. 

— Se você não sabe, suas prioridades estão erradas. — Mamãe sibilou cruzando os braços. 

— Você está apoiando essa merda? — Papai perguntou fuzilando mamãe com os olhos. Ela se empertigou ao encara-lo. 

— Não, Thomaz. Mas eu com certeza prefiro uma filha que dormiu com alguém por amor do que uma filha que foi estuprada! 

— Amor? — Papai riu com desprezo. — Amor? Eles são primos, tem a porra do mesmo sangue. Isso é incesto, Carina. Algo doente e perturbado. 

— Não muda o que aconteceu, Thomaz. Nós precisamos sentar e esfriar a cabeça. 

— Eu não consigo entender porque você está tão calma. 

— Porque você está no limite e eu não quero que você faça algo do qual se arrependa. Por isso, Thomaz, se acalme. Por favor. 

— Eu deveria ter matado aquele filho da puta aproveitador. 

— Não o chame assim. Ele não é um aproveitador, ele não é um babaca. Ele é a pessoa mais gentil e boa que já conheci na minha vida! — As palavras começaram baixas, mas por fim, eu já estava gritando. O rosto de papai se encheu de ultraje e ele ficou vermelho. Eu nunca tinha visto meu pai vermelho. Quando ele deu um passo em minha direção, mamãe se colocou entre nós. 

— Isso, Thomaz, é uma coisa pela qual você se arrependerá até seu túmulo se fizer. — Mamãe avisou e só então percebi que ele havia vindo em minha direção com a intenção de me bater. 

Sem nenhuma outra palavra, papai girou nos calcanhares e saiu da sala. 

— Há quanto tempo isso vem acontecendo? — Mamãe perguntou se virando para mim com os braços cruzados. Eu não sabia até quando sua calma iria durar. 

— Nos beijamos pela primeira vez quando eu tinha catorze anos. — Sussurrei. 

— Então vocês estão nisso há quatro anos? 

— Não. — Suspirei cansada. — É uma longa história. Você quer ouvir? 

— Por favor. — Mamãe respondeu se sentando no sofá. Também comecei. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Onde histórias criam vida. Descubra agora