15. You Broke Me First.

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LORENZO.

Sonhos perdidos e destruídos.
Uma grande mentira.
Como vivi tantos anos tão cegamente?


UMA HORA ANTES.

Passei o jantar inteiro com uma sensação incomoda no peito, como um mau pressentimento que tomou minhas veias e organismo. Eu só me senti assim duas vezes na vida: quando fiz duas coisas que considerava imperdoáveis. No entanto, naquele dia, não era eu quem estava cometendo um erro imperdoável; era ele. O homem que eu mais amava e admirava no mundo, aquele que me fazia pensar duas vezes antes de executar qualquer coisa, porque, afinal, decepciona-lo era como morrer ainda vivo. 


Ele nunca me decepcionaria, eu costumava pensar. Mas então, quando caminhei em direção as cabines dos quartos, repentinamente ansioso para dormir e esquecer meu dia, algo quebrou na cozinha. Com um pulo, girei em direção ao som, a mão sobre a arma na cintura. Mesmo em um iate protegido, apenas com a família, o perigo não era ignorado. Atravessei as portas de vidro em passos lentos, calculando meu peso para não fazer barulho, no entanto, qualquer intenção de passar despercebido foi para os ares quando soltei um sonoro ofego de susto. 


Sobre a bancada de mármore, tia Carina estava sentada, o vestido erguido até a cintura… Com meu pai entre suas pernas, beijando-a avidamente, as mãos correndo por seus cabelos, ombros e seios. Meu único consolo foi ver que ele ainda estava vestido,  apenas beijando minha tia e não fodendo com ela. O que provavelmente aconteceria em breve, visto a forma que eles estavam se agarrando. 


— Pai? — Minha voz falhou. Ele ergueu a cabeça de supetão, a boca manchada pelo batom vermelho que minha tia estava usando. Não olhei para ela, nem mesmo quando eles se afastaram e ela pulou da bancada com a mão sobre a boca. 


— Lorenzo… — Meu pai começou a falar, um olhar febril e preocupado em seu rosto. 


— Pai? — Ofeguei. Por um momento quis acreditar que era meu tio, tão idêntico ao meu pai, mas não era. Era ele. 


Meu pai. 


— Carina, nós deixe a sós. — Ele pediu friamente, cruzando os braços para me fitar. Não notei a saída de tia Carina, também pouco me importei quando a porta se fechou atrás de nós em um baque surdo. — Vamos conversar, Lorenzo. 


— Eu não quero conversar com você! — Ralhei. — Minha mãe… Você está traindo minha mãe! Com a própria irmã dela! 


— E você não vai contar isso a ninguém, principalmente para sua mãe, entendeu? — Meu pai disse dando um passo em minha direção. Eu queria arrancar o batom que manchava sua boca com um soco. — Nossas famílias entrariam em guerra se alguém descobrisse. Você quer que isso aconteça? 


— Você… — Engasguei com as palavras. Eu nunca havia sentido tanta vontade de chorar como naquele momento. — Minha mãe… 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Onde histórias criam vida. Descubra agora