12

693 55 46
                                        

POV Marília Mendonça


Desde que o Murilo chegou, Henrique mal olha para mim.

Talvez fosse imaturo da parte, mas compreendo o que se passava em sua mente.

Entendi perfeitamente que a forma como, meu ex-noivo e pai do meu filho, chegou nervoso o afetou. Porque sim, aconteceu algo aqui e ele não sabe o quê.

Tinha consciência de que o meu marido gostaria de conversar comigo, mas não darei uma só palavra até que estejamos sozinhos. Ou pelo menos em casa.

O silêncio que pairava sobre a sala era terrivelmente desagradável, apenas o som de respirações fundas e a televisão de fundo. Aquilo estava me irritando, mas não podia simplesmente falar nada.

Prefiro Ricelly calado do que falando algo  que certamente irá se arrepender. Quando está de cabeça quente, ele sempre acaba dizendo algo do qual não cabia falar naquele momento.

Em silêncio, meu cunhado levantou do colchão e foi para a cozinha, queria ir atrás para tentar ao menos falar com ele. Até mesmo Juliano está puto com algo. Desde que ele e Mohana desceram para jantar percebi estarem evitando qualquer assunto.

Agora pronto. Será que está puto comigo?

Espero que não.

Edson Júnior está proibido de ficar com raiva de mim!

Pelo menos até os gêmeos estiverem com no mínimo cem anos…

Logo meu cunhado voltou para a sala com um copo de água na mão e uma tabela de remédio na outra, com cuidado ele retirou um comprimido da tabela e deu ao Ricelly. Fiquei observando os dois, Murilo que estava no sofá também observava e pelo que percebi se sentia desconfortável.

— O que é isso? — Perguntei.

— Analgésico.  — Ju respondeu baixo.

— Está com dor? — Perguntei encarando Henrique.

— Um pouco. — Deu de ombros e voltou a olhar para seu irmão. — Eu tô com sono. Me leva lá pra cima?

— Claro. — Ju deu o copo para Mohana, que em silêncio, se levantou e levou para a cozinha.

Juliano ajudou seu irmão a levantar. Meu coração apertou quando vi a careta que Henrique fez, certamente sentia dor. Toquei em minha barriga e fiz um leve carinho, não queria que meus filhos sentissem nada daquilo.

— Vamos, apoie o seu peso em mim. — Ju ordenou e começou a caminhar com Henrique em direção a escada.

Esperei eles sumirem do meu campo de vista e encarei Murilo. Pedi para ele sentar ao meu lado e quando o fez, deitei minha cabeça em seu ombro.

Odiava brigar com ele, mas às vezes, era necessário.

Henrique sempre apronta como uma criança irresponsável. Ele precisa entender que é um adulto e pai agora. Precisa aprender que agora tem uma família e tudo nessa vida tem consequências, sejam elas boas ou ruins…

Nossa HistóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora