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De um lado para o outro.

De um lado para o outro.

Juliano andava na minha frente um lado para o outro inconformado com o meu pedido de irem buscar a garota, revirei os olhos e relaxei o corpo no sofá. Era desnecessário todo aquele humor, não se passava nada demais no meu pensamento, apenas queria entender o que a menina estava vivendo, sua dor me comoveu.

Certamente a Lila faria o mesmo, imagino o tipo de conversa que as duas teria aqui no camarim, a garota falando de seus problemas e a minha loira dizendo supera. Chega a ser engraçado imaginar a Marília dando esse tipo de conselho.

— Ju – chamei ainda de olhos fechados.

— Oi?

— O que a Lila diria para uma mulher que está sofrendo por amor? – abri os olhos para o encarar e ele parou a minha frente.

— De mulher pra mulher supera? – arqueou a sobrancelha rindo.

— Talvez! – suspirei.

— É isso mesmo? Cê só quer falar com a garota e tentar ajudar?

— Claro que sim.

— Ah que alívio... – sentou ao meu lado.

— Idiota.

— Desculpa... Mas a culpa é sua, te conheço bem e você falou que ela chamou sua atenção.

Revirei os olhos e optei por ficar calado, não iria debater sobre aquele assunto de novo.

— Veja só você, virou um perfeito fofoqueiro – lhe mostrei a língua. — Você e a Lila são perfeitos um para o outro, se completam até na fofoca alheia.

— Engraçado que seja justo você a dizer isso... O cara que falou sobre a gravidez da Marília antes mesmo da surpresa.

Ele me mostrou o dedo do meio e dei de ombros voltando a ficar quieto.

O silêncio tomou conta do ambiente, durante aqueles longos e tranquilos minutos me permiti viajar por inúmeras lembranças que invadiram minha mente.

Muitas das lembranças eram de noites que virei em farras, dos dias em que me diverti com meus amigo e meu irmão. Senti vontade de reviver aquilo mais uma vez, queria um dia com o Ju e alguns amigos.

— Vamo sair pra beber? – olhei para Juliano que sentou ao meu lado.

— Tem cerveja aí.

— Não, eu quero sair – ele me olhou com o cenho franzido.

— Sair pra onde, Henrique? Tá tarde cara.

— E desde quando isso é um problema pra gente? Quantas vezes saímos sem se importar com a hora, local...

— Somos pais, somos responsáveis!

— Éramos responsáveis – falei e ele fez uma expressão engraçada. — Tá, não éramos responsáveis... Mas cuidamos da Lila.

— O tio dela cuidava, nós só a levamos para um mal caminho – comentou rindo.

— Vamo beber... – fiz bico.

— Deixar um presentinho na porta do povo talvez – gargalhamos.

— Comprar um pato, da uma porca de presente pra Mohana.

— Sentar no bar de frente a uma faculdade e cumprimentar os fãs – riu lembrando do dia em que fomos ao bar com o Chicó. — Liga pro Thiago, vamo esperar os meninos terminar o show e vamo buscar o Murilo.

— Isso! – comemorei.

O silêncio voltou a reinar e esperei ansioso para o meu diálogo com a garota do show.

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