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Marília Mendonça

Pela primeira vez, depois do meu aniversário e presente triplo ou depois do sétimo mês de gestação, dormi uma noite inteira. Ou até mais que isso, com o corpo relaxado e bem descansado abri os olhos e sentei na cama, olhei para o lado com um sorriso e me deparei com o amor da minha vida dormindo tranquilamente.

Levantei e fui para o banheiro, tomei um banho relaxante e bem demorado, lavei o cabelo e agradeci a Deus por ter aquele tempinho. Fechei os olhos e aproveitei a sensação da água caindo no corpo.

Senti dois braços me envolverem em um abraço e arregalei os olhos assustada.

— Henrique! – resmunguei.

— Bom dia amor da minha vida todinha – ele beijou o meu pescoço.

— Bom dia vida – sorri.

Relaxei meu corpo e fechei os olhos sentindo suas mãos me apertando, fazia tanto tempo que não ficávamos sozinhos de verdade. Bem antes dos bebês nascerem, a casa sempre esta sempre cheia e passamos um bom tempo com minha mãe.

Henrique me virou de frente para ele e iniciou um beijo, apertei meu corpo ao seu e me deixei levar pelo momento mais maravilhoso daquele dia. Lógico que não rolou muita coisa além de beijos e mãos bobas, aliás ainda sentia dor e cansaço.

Bem que falaram, uma cesariana é pior que parto normal. Dois benditos meses para se recuperar!

Depois do banho me arrumei assim como ele e saímos do quarto quase correndo por nos assustar com a hora. Podia jurar que era de manhã, meu Deus... Matei meus filhos de fome.

Irresponsável que fala né?

Passamos no quarto dos mais velhos e eles estava dormindo, provavelmente de barriguinhas cheias. Beijamos a cabeça de cada um e fomos para o quarto dos bebês, coração disparou quando não vi nenhum deles.

— Henrique pelo amor de Deus, são quase três horas da tarde – falei desesperada.

— Respira Lila, tenho certeza que estão bem cuidados – ele disse tentando me acalmar, olhei para ele e vi o pavor estampado na sua cara.

Foi impossível não rir.

Chegamos na área de casa e estava todo mundo rindo, bebendo, conversando e... Fazendo festa. As crianças estavam dormindo no cercadinho que minha mãe e tia Maria colocaram de vai de uma árvore.

Olhei aquilo pasma, até mesmo Mohana estava bebendo, o que naquele momento era uma novidade. Me aproximei sem que ninguém notasse a minha presença, estava tão submersos na conversa, notei que Maria Clara também estava no cercadinho e sorri.

Maraísa estava sentada do lado cercadinho vigiando o sono deles, ela não bebia e quase não falava nada, apenas olhava para os quatro bebês ali dentro.

— Já acordaram? – tio Edson perguntou nos encarando.

— Já? – perguntei. — Não devia ter dormido tanto assim, meu filhos vão achar que abandonei eles.

— Não vão achar nada – mamãe falou. — Estão todos bem alimentados, tomados banho e agora estão dormindo bem calminhos – deu de ombros.

— Devia ter me acordado, mãe.

— Não devia não – Juliano disse. — Você e o mano estavam cansados e precisavam disso, agora sentem e relaxem, olha essa paz.

Não tinha música, não tinha nada além da boa e velha conversa.

— Carla, cadê a Maiara? – sentei ao lado dela.

— Ela tá dormindo – Maraisa respondeu baixo e olhando para as crianças.

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