Nossa História

19

Murilo Huff

Depois de um bom cochilo e um banho extremamente relaxante, estávamos novos. Já passava das cinco da tarde, resolvemos ir até a casa da Elisa andando com o filhote.

Não demorou muito para chegarmos, a casa estava movimentada e pela cara deles provavelmente o casamento aconteceria ali. Tá de sacanagem que vai fazer isso com a menina, isso é um absurdo.

Henrique tocou a campainha e não demorou para a porta ser aberta e revelar um casal, ambos bem vestidos e elegantes demais. A mulher nos olhou com certo brilho no olhar e o homem nos encarava com a sobrancelha arqueada.

— Você contratou Henrique e Juliano, e Murilo Huff? Eloisa irá amar, ela adora eles.

— Eu não contratei ninguém – ele diz. — Isso é alguma surpresa do Emerson?

— Na verdade, estamos aqui pela Elisa, ela se encontra? – Henrique perguntou e o brilho sumiu dos olhos da mulher.

— Elisa, Elisa, sempre Elisa. – resmungou e foi repreendida com o olhar do senhor.

— Sim, ela está lá em cima, mandarei chamá-la agora mesmo – falou sorridente. — Aconteceu alguma coisa? Entrem, ela me contou que conheceu você noite passada no show.

— Não queremos atrapalhar – Juliano disse. — Só queremos da nosso presente a ela e se possível conversar um pouco.

A mulher olhou para o cachorrinho e buffou, ela era uma megera. Conforme a mulher se afastava o senhor pedia desculpas e logo mandou alguém ir chamar a filha.

Atravessamos a rua e ficamos longe da casa, tinha muita gente chegando e não queríamos atrapalhar nada. Não demorou muito para ela sair de dentro de casa e começou a nos procurar por todos os lados, ela sorriu quando nos viu e não chegou a da muitos passos antes que seu braço fosse puxado por um rapaz.

— Tá de brincadeira – falei baixo. — Ele é o noivo?

— Sim, ela nos mostrou a foto dele – Henrique falou.

— Mas que... – fechei minha mão com certa força e mordi meu lábio.

— Você o conhece? – Ju perguntou e Henrique parou ao meu lado cruzando os braços.

— Ele é o Emerson – encarei o Ricelly. — Irmão da Emília.

Levantei meus olhos para as janelas da casa e suspirei ao vê Emília me com a noiva ao seu lado, passei a mão no rosto irritado por aquela situação.

Foi impossível não lembrar do quanto ela foi importante na minha vida, mas também não dava para esquecer o quanto ela fudeu com meu psicológico. Fez também um inferno na minha vida com a Marília, nunca pensei que uma mulher tivesse tanto poder de persuasão, a dormir como Emília me manipulou e usou sua própria vida para me ter por perto.

O maior golpe que levei foi descobrir que o filho que ela esperava e dizia que era meu, nunca foi de fato. Fui feito de palhaço, e foi nessa bagunça que me apaixonei por Amanda, ela esteve do meu lado e cuidou de mim. Coisas que não tinha coragem de contar para Marília, contei pra ela.

Até o dia de hoje, somente Amanda sabe que o tal bebê que me fez perder o nascimento do meu verdadeiro filho nem era meu.

Sinto a raiva me consumir, a vontade que senti de ir pra cima do Emerson, ele sabia... Sempre soube que o bebê não era meu, mas ajudou a irmão a me fazer de palhaço.

Nunca desejaria mal a ela, sei o quanto machuquei Marília quando brigava e mesmo sem escutar seu pedido ia para o hospital ver Emília. Me arrependo amargamente de ter desligado o celular, e pior, me arrependo de ter ignorado seus pedidos para que eu ficasse um pouco mais.