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Ficamos no corredor por um tempo. Maraisa me abraçou e eu fiz um leve carinho em sua cabeça. Minhas meninas estavam muito abaladas e a morena estava tremendo. Procurei apertá-la um pouco mais no abraço e nada parecia adiantar, seu corpo tremia e as lágrimas desciam livremente por seu rosto.

Levei-a para o meu quarto e Juliano puxou o Henrique para fora de casa, fechei a porta do quarto e olhei para a minha irmã. Ela estava sentada no chão e abraçava suas pernas. Estava começando a ficar preocupada com ela, puxei todo o ar que meus pulmões conseguiam aguentar.

— Maraisa… — sussurrei o seu nome. — Isinha — caminhei a passos largos até ela e sentei ao seu lado a puxando para mais um abraço.

— Eu não pude fazer nada… Ele… Ele… Marilia ele ia bater nela.

— E bateu em você… — falei sentindo minha boca amargar. — Você não tinha muito o que fazer.

— Quando entrei na frente, acabei empurrando ela… Acho que a culpa foi minha… — ela se afastou.

— Não, não foi. — falei tocando em seu rosto.

— Ela caiu, se machucou e… Lila eu não queria, a mana ela… A Maiara é a coisa mais importante que tenho na vida, eu a amo mais do que tudo! — um soluço saiu de sua garganta e partiu o meu coração.

— Ô amor, eu sei…

— Não Lila, não você sabe. — ela disse se encolhendo. — Ninguém sabe o que é isso, ela é a minha vida! — apertou mais as pernas e escondeu seu rosto. — Nunca vou me perdoar por nada disso, era minha responsabilidade cuidar dela!

Eu não sabia o que dizer.

Ela precisava pôr para fora seu medo, sua dor… Maraisa estava abalada. E eu podia entender perfeitamente o que ela sentia, assim como eu podia entender a Maiara, perder um filho é a pior dor que existe.

Não desejo isso nem ao meu pior inimigo.

Tentei ficar quieta e somente a abraçar. Eu bem sei que um abraço é capaz de qualquer coisa. Mas, não consegui muita coisa, ela estava desesperada e isso me deixou assustada e temerosa. Minhas mãos começaram a tremer e meu coração apertava a cada segundo que passava — vê-la assim me matava.

As lágrimas desciam pelo meu rosto em cascata. Eu precisava me acalmar, ou não poderia ajudar ninguém. Ouvi Maraisa resmungando algumas coisas e a puxei para deitar a cabeça em minhas pernas. A posição em que me encontrava não era nada confortável, estava começando a sentir muita dor, mas não me importei, as gêmeas são minhas prioridades no momento.

Suspirei aliviada quando a porta do quarto foi aberta, olhei para a pessoa e vi que era Gustavo. O cantor tinha lágrimas nos olhos e uma expressão triste, ela levantou os olhos e se encolheu.

— Me desculpa, me desculpa. — ela pedia nervosa. — É minha culpa!

— Não. — ele disse indo até ela e então observei a Maiara parada. — Não é sua culpa, cunhada. Respira, vai ficar tudo bem!

— Eu devia proteger ela, mas… Eu falhei Gustavo, eu falhei!

— Ei, olha pra mim. — ele pediu levantando o rosto da mana. — Cê num tem culpa não. A culpa foi dele cunha, você fez mais do que devia… A Maiara me contou.

Maiara olhou-me e seus olhos tristes mudaram para preocupados.

— Meu Deus, Lila! — correu para perto de mim. — Vem, levanta. O que deu em você, não pode ficar no chão.

— A Maraisa… Ela — falei me levantando sem apoiar nela, sabia que também estava sentindo dor. — Alguém precisa acalmar sua irmã, dizer que ela não teve culpa.

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