não imaginei que fariam isso

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— Você tem certeza? — a voz está tão longe, que não consigo identificar quem está falando

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— Você tem certeza? — a voz está tão longe, que não consigo identificar quem está falando.

— Tenho — essa, por sua vez, não importa o quão distante esteja, é a voz capaz de me trazer tranquilidade, e eu a reconheço muito bem. — Não posso fazer isso. Droga... O que você deu à ele?

— Ele comeu alguns biscoitos e bebeu água.

— Não é disso que eu tô falando — ele fala mais alto, já sem paciência. — Quero saber se a senhora o drogou. Alguém te entregou esses biscoitos?

Não consigo ouvir a resposta, porque as vozes ficam ainda mais distantes e parece levar uma eternidade até eu conseguir escutar algo novamente. Wooyoung diz que estou respirando.

Estou?

É estranho, porque não consigo me mover, muito menos enxergar qualquer coisa. É como se eu estivesse paralisado. Será que é efeito do sedativo que provavelmente me deram? Estou em coma?

Enquanto ainda tento achar respostas, abro os olhos e estou novamente naquela mesma praia onde tive aquela visão com Wooyoung, onde depois acabamos visitando, onde nos beijamos pela primeira vez. E eu percebo isso muito rápido, porque além do som agradável das ondas do mar, ele está aqui ao meu lado, vestido de branco, segurando as mesmas flores lilás. Ao notar minha presença, ele abre um sorriso lindo, capaz de encher meu coração de alegria.

— Eu sabia que você ia voltar.

Não respondo nada, porque como na maioria das vezes, não faço ideia do que dizer. Então, mais uma vez, ele vem tocar meu rosto para se certificar de que sou real.

— Não seria possível te sentir se você fosse uma alucinação ou um espírito, certo? — é o que ele pergunta, mais à si mesmo do que à mim.

— Eu me pergunto a mesma coisa — confesso.

— Eu sinto a sua falta — o sorriso se foi, agora seu olhar é de dor. — Todos os dias.

— O que aconteceu? — tenho medo da resposta, mas preciso saber.

— Você não me reconhece, não é mesmo?

Ele se afasta e se encolhe sem nem me responder, então esconde o rosto com as mãos. Pelo movimento que faz, percebo que está chorando e isso dói tanto, que não sou capaz de explicar, por isso decido confortá-lo. E não é fácil me aproximar dele, porque é como se estivéssemos compartilhando essa mesma dor, que se intensifica quando seu cheiro se faz tão presente em minhas narinas.

Mas não dá tempo de abraçá-lo. Não ouço mais o som do mar, nem sinto a textura da areia em meus pés. Só o cheiro dele continua aqui e é indescritivelmente agradável.

— San — volto a ouvir sua voz distante me chamando. — Não sei se você pode me ouvir, mas sou eu, Wooyoung.

Consigo sentir suas mãos em meu rosto. Primeiro, em minha testa, como se estivesse verificando minha temperatura, depois em minhas bochechas, então elas sobem até minha cabeça, dando início à um cafuné. Quero dizer que sei muito bem que é ele, quero pedir que não pare com as carícias.

morning sun • woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora