podemos ir

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Levei um susto quando acordei e vi que já era noite. Passei o dia todo dormindo e acho que foi a mesma coisa que nada, porque meu corpo inteiro dói, como se eu tivesse corrido uma maratona e depois voluntariamente deitado no asfalto para que um trator passasse por cima de mim. E detesto tomar remédios, mas arrasto-me até a cozinha e tomo um analgésico para aguentar preparar algo para Seonghwa comer, já que está quase na hora dele chegar em casa. Se não estiver fazendo hora extra, claro.

Ouço o barulho da chave na porta quando termino a sobremesa, então o recebo com um sorriso no rosto, contente com o timing perfeito.

— Ah — ele fecha os olhos e inspira profundamente. — Que cheiro bom. Como não colocou fogo em tudo?

— Isso é um mistério que nem eu sei te responder — para ser sincero, também estou impressionado comigo mesmo. — Mas já vou dizendo que peguei as receitas na internet.

— Está treinando? — fico confuso com a pergunta. — Quer impressionar o Wooyoung?

— O que? Não — uso o pano de prato para bater em Seonghwa. — Um incêndio só irá afastá-lo, melhor que eu o impressione de outra forma.

Ele começa a rir com uma expressão maliciosa no rosto e eu só quero matá-lo. Sério, não aguento mais. Agora estou correndo atrás dele pela casa com o pano de prato na mão, pronto para dar-lhe mais golpes.

— Eu paro se você me der uma boa resposta — hesito, mas concordo. — Se você não está interessado, por que quer saber se tem chances? E, antes que você negue, saiba que ficou falando disso ontem à noite.

Odeio ser pego de surpresa. Eu realmente não lembro muito bem das coisas que eu disse, porque eu estava caindo de sono e só queria poder dormir logo. Mas e se ele estiver blefando?

— Ah, é que — tento ganhar tempo. — Ele pode ter interpretado errado. Vai que ele está interessado por mim e acaba se iludindo?

— Acho mais fácil o contrário.

— Cala a boca, Seonghwa — reviro os olhos.

— Estou mentindo?

— Está.

— E o cara lá do seu trabalho, hein? — mudar o foco da discussão é comigo mesmo.

— O que tem ele? Pelo menos, eu admito que tenho interesse.

— Admite para mim, mas não para ele — dou de ombros.

— E você não quer admitir nem para si mesmo.

Touché. Acabo de perder a discussão, então volto para a cozinha e guardo o pano de prato. Seonghwa vem atrás, aparentemente preocupado.

— Vamos comer — digo, enquanto puxo a cadeira para me sentar.

— San — ele se junta a mim. — Por que não o convida para cá? — aonde ele quer chegar com isso? — Pode ser que ele ganhe alguma confiança e se sinta mais à vontade para falar sobre si.

— Você deixaria? — inclino o corpo para frente, empolgado com a ideia.

— Claro. Só tem que seguir aquela regra — acho que Park tem uma certa obsessão por isso. — Mas vocês podem assistir um filme, jogar videogame.

Quantas vezes terei que repetir que não vamos transar?

— Vou pensar em algo e te aviso antes.

Provo a comida e, de fato, não está tão ruim assim. Também não é a melhor coisa do mundo, mas dá para comer. Para a minha surpresa, Seonghwa até elogia. Depois, conversamos sobre diversas coisas. Ele me conta que o trabalho tem sido mais puxado ultimamente, porque alguns hackers estão tentando invadir o sistema da empresa, então ele e o supervisor — que é o cara pelo qual ele está apaixonado, embora ele não diga com estas palavras — precisam se dedicar para aumentar a proteção.

morning sun • woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora