Falando com a Lua

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Enxuguei minhas mãos e sai do banheiro, o corredor estava um pouco escuro e vazio não parecia o mesmo corredor movimentado de antes. Escutei vozes vindo no final do corredor que não hesitei em seguir e parecia estar cadê vez mais longes quanto mais me aproximava, parei de andar e não ouvi mais nada.

Olhei para trás e vi uma escada, subi alguns degraus olhando para cima que estava tão escuro que não conseguia vê o limite da escada, alguma coisa caio atrás de mim o barulho foi tão forte que me assustei.

Virei lentamente para trás e os degraus estavam cobertos de sangue e um corpo que não conseguia sem rosto, não estava visível suficiente, me aproximei do corpo com medo e conseguir vê o rosto da pessoa.

Acordei assustada e ofegante, meu rosto estava molhado tanto por minhas lágrimas e pelo suor, estava muito quente esses dias parecia que dormir com ventilador ou até mesmo ar-condicionado não era suficiente.

Levantei da cama e abri a porta do quarto sem fazer barulho, todo dia de madrugada eu acordava para tomar um ar já que eu não estava saindo de casa pra nada além de "ir" a psicóloga. Sim depois do que aconteceu minha mãe me obrigou a ir a psicóloga uma vez na semana, escapei da primeira sessão e acabei sendo descoberta e agora tenho que ir com supervisão com algum responsável, um saco.

Abri a porta de casa e senti o vento gelado bater em meu rosto, gosto das madrugada frias e quando a lua está cheia. Sentei na sacada e olhei para ela estava tão linda e tão brilhosa, fiz isso algumas vezes desde o acidente.

-Hoje foi um dia normal... Falcão veio aqui em casa de novo, minha mãe não deixa mais vê ele e estou sem celular por tempo indeterminado-olhei para a lua-Já faz duas semanas desde o acidente e ele ainda não acordou do coma

-Eu vi na internet que acordar de um coma pode ter sequelas como dificuldade de se comunicar, locomover-uma lágrima escorreu em meu rosto-Que merda...

Ouvi barulhos vindo do térreo, olhei para baixo e vi o sensei Lawrence no chão com uma garrafa de cerveja na mão. Estamos na mesma merda mas ele ta pior do que eu, levantei e desci as escadas para ajudá-lo

-Sensei?-chamei ele-Acorda sensei

Balancei ele para o lado e para o outro, ele finalmente abriu os olhos e além da cara de cansado, ele estava fedendo e a barba estava enorme. Parece o Johnny que vi no primeiro dia que cheguei aqui, estava péssimo!

-Levanta sensei-tentei levantar ele puxando suas mãos, ele é muito pesado-Sensei você precisa entrar e dormir

-O que? Quem... Sol?-ele tava falando tão lento

-Isso, sou eu Sol. Agora aonde estão suas chaves preciso colocá-lo para dentro?-perguntei me ajoelhando na frente dele

Ele estava colocando as mãos no bolso de trás e depois na frente e tirou a chave e colocou no chão, peguei a chave e abri a porta.

-Sensei tenta levantar no três-coloquei um dos braços dele nos meus ombros-Um... Dois... Três!

Tentei levantar ele para que ficasse em pé, sensei conseguiu ficar de pé porém apoiado em mim, parecia que eu estava carregando um saco de farinha nas costas. Consegui levá-lo para dentro de casa e sentei ele no sofá, a casa não estava nada limpa ou apresentável tava uma zona, parecia meu quarto.

Tentei levá-lo para cama mas ele não queria sair do sofá, peguei um lençol e um travesseiro e ajeitei no sofá para que ele ficasse confortável.

-Estou indo sensei, fica bem qualquer coisa você pode me ligar-abri a porta para ir embora

-Sol...-ele chamou, virei e ele continuou-obrigado

-Não precisa agradecer, sensei-sorri e fechei a porta assim que sai da casa do sensei, olhei para lua-Só fiz o que ele me ensinou, mostrei compaixão

Voltei para casa e deitei na cama e olhei para o Romeu que estava dormindo encima do meu notebook, por que gatos tem essa mania? Fechei os olhos e suspirei.

(...)

-Acorda!-alguém gritou e acordei assustada-Você não vai perder a terapia hoje

Levantei da cama desanimada e me arrumei, no meio do caminho pra terapeuta minha mãe ficou falando o quão importante é ir a terapia e que não poderia ficar dentro do quarto para sempre. Ela ta certa mas não queria ir a terapia, queria resolver do meu jeito.

Minha mãe esperou a minha sessão começar no corredor para verificar se eu iria mesmo entrar, não sei explicar direito o quão eu estava nervosa nunca contei tudo sobre mim pra uma pessoa qualquer e nem sei se confio nela.

-Próximo-a psicóloga chamou, era a minha vez e minha mãe entrou para falar com a psicóloga junto comigo, só para elas se conhecerem mesmo

Foi uma conversa rápida nem prestei atenção no que elas falavam, minha mãe saiu e eu sentei na frente da psicóloga e ela começou a falar

-Então você é a Marisol não é? Muito prazer sou Doutora Quinzel, mas pode me chamar de Lilian se quiser-se apresentou

-Sol, Doutora Quinzel, apenas Sol-me apresentei do meu jeito-Não confio em você

-Por que não?

-Não vou contar todos os meus segredos e inseguranças pra alguém que nem conheço-cruzei os braços

-Sol, só quero te ajudar assim como sua mãe só quer te ajudar sei o que esta passando agora não é fácil-ela parou de falar por um minuto e continuo-não precisa ser tudo, me diz o que esta sentindo agora por exemplo

-Eu...-parei pra pensar um pouco, ela está certa só estão tentando me ajudar sou uma puta egoísta igual-Estou triste

-Por que está triste?

-Acho que vou perder o meu amigo-chorei muito-e pior estávamos sem nos falar direito, me afastei dele por que eu estava completamente apaixonada por ele e não era recíproco, estraguei nossa amizade e agora ele ta em coma e nem sei se ele vai acordada e pra piorar eu sonhei que o Miguel estava morto em minhas mãos, ensanguentado em meus braços

-Seu amigo está em coma?-ela me ofereceu lenços

-O garoto que foi jogado do primeiro andar da escola, ele está sendo conhecido assim agora-peguei dois lenços pra enxugar meu rosto

-Ouvi falar sim, sinto muito por isso sei o que esta sentindo também tive alguém que ficou em coma é realmente assustador

-E essa pessoa se recuperou?

-Sim, deu tudo certo e aposto que com seu amigo também-ela tentou me conforta

O que ela disse me fez ter um pouco de esperança e também me senti mais a vontade de me abrir. Contei pra ela de alguns acontecimentos anteriores antes do dia do meu aniversário e que o dia do meu aniversário foi um desastre, aquilo me fez ter uma cicatriz, todos meus amigos e colegas brigando como se fossem selvagem, no dia do meu aniversário.

Tivemos uma longa conversa e me fez questionar algumas das minhas atitudes tipo Por que eu sou tão chata com a Salamandra? Raiva ou ciúmes? Por que tive compaixão pelo sensei mas não mostrei isso pela Samantha que só estava se defendendo? Eu realmente sei o que é compaixão? São muitas questões para serem resolvidas, principalmente sobre falar com a lua boa parte da madrugada.

Foi preocupante o que a Doutora Quinzel disse sobre eu "desabafar" sobre meu dia com a lua até afirmo o que ela disse mas será que...?











Notas da autora: capítulo curtinho mas o capítulo é baseado na música do Bruno Mars, se vocês pesquisarem ou souberem do que essa música se trata vão saber qual foi a resposta que a Doutora Quinzel deu a Sol.

Amanhã tem mais, beijinhos ⭐💋

Com(paixão)Onde histórias criam vida. Descubra agora