Vigilia

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Capítulo dezessete

Naomi

Rick me ajudou a levar Maven, que estava desmaiado, para dentro da casa até que o xerife notou o meu nervosismo e decidiu falar alguma coisa. 

— Tem alguma outra coisa te incomodando?

Sim. Maven queria me dar algum recado antes de desmaiar. Shane falou que ele estava morto e meu amigo está aqui, vivo. E muito machucado.

— Não — minto — Só acho que preciso quebrar a cara do Shane.

— Fique calma — Rick soou autoritário.

— Qual é, Grimes? — perguntei com indignação — Você não acha estranho o Shane ter sido o único a sobreviver e depois dizer que viu Maven morrer? — gemi enquanto me esforçava para empurrar Maven pela escada. Homem relativamente pesado — Tem algo muito errado nisso, xerife.

—  Você tem razão, mas não podemos afirmar nada. E você não deveria partir para cima dele, ou o acusar.

— Me prometa então que você vai ficar vinte e quatro horas por dia atrás do Shane para não o deixar se aproximar do meu amigo.

Entramos na casa e Dale se assustou ao ver Maven todo ensanguentado. Daryl veio até nós de prontidão e jogou Maven nas costas antes de subir até o quarto que eu dividia com Maven.

— Shane disse que ele estava morto —  Dale sussurrou desconfiado enquanto eu passava por ele.

Ainda bem que alguém aqui também consegue farejar as mentiras.

Ao subirmos as escadas passamos por Shane, Glenn, Hershel e T-Dog

Empurrei Shane na parede assim que Daryl entrou no quarto com Maven nas costas e fiz pressão no pescoço de Shane usando meu braço.

— Se eu vir você encostar um dedo que seja nele, eu te mato. Se você chegar perto dele, eu te mato. Se você olhar para ele, eu te mato. E se você respirar no mesmo cômodo que ele, adivinha? Eu te mato. É uma promessa.

Não estou nem aí para Shane, Rick e qualquer outro nessa casa. Todos estão aqui a salvo por minha causa, porque pedi à Hershel.

Fiz uma promessa ao Shane e eu irei cumpri-la.

Hershel conseguiu tirar os pedaços de bala de Carl e fechou os machucados e foi logo depois cuidar de Maven. O senhor de barba grande e branca disse que meu amigo havia quebrado o tornozelo, mas sem sinal nenhum de mordida ou arranhões. Nada que comprovasse a história de Shane.

[...]

Essa noite não dormi, mantive minha Colt 45 durante a noite inteira em alerta. A ponta dos meus dedos esbranquiçaram devido a força com que eu segurava a arma.

Não sei se Shane acha que ninguém vai descobrir a verdade, mas eu vou. Ele não pode entrar na casa das minhas amigas e contar meias verdades, não se quiser ficar aqui. Se ele foi corajoso o suficiente para trair o melhor amigo com a mulher e esconder isso, não acho que ele possa ser alguém de confiança.

Rick

No dia seguinte saí com um grupo para procurar comida, Sofia e garantir que a área é segura.

A viagem de carro levou vinte minutos, mas pareceu levar horas. O silêncio ensurdecedor e constrangedor que havia no carro era insuportável. Dirigi e Daryl foi na frente comigo. Shane, Rebecca e Carol foram no banco de trás.

— E então? —  Rebecca foi a primeira a quebrar o silêncio.

—  Você e Carol vão ficar no carro. Eu vou sozinho —  Daryl disse, saindo de perto do grupo assim que o carro parou — Voltamos todos em uma hora.

— Então você vem comigo —  falei quase bufando para Shane por ele ter me sobrado como última opção.

Adentramos a floresta e logo encontramos um andarilho perdido entre os troncos das árvores. Shane se aproximou do mesmo e cravou a sua faca no crânio do errante.

— O que estamos procurando? —  Ele perguntou.

Parei de andar e respondi:

— Você não está procurando nada. Eu estou — Voltei a caminhar em direção de cabanas que achamos na floresta.

Cheguei perto da cabana azul e balancei o tecido para descobrir se ali havia algum andarilho. Nada. Mas o cheiro estava insuportável, se meu estômago não fosse forte, já estaria revirado.

Abri o zíper e o fedor da carne morta ficou mais evidente. Um corpo com parte da cabeça exposta, estava em uma cadeira. O cérebro do homem estava basicamente todo a vista.

Ele estava amordaçado e com as mãos amarradas.

—  Vou olhar a outra cabana — Shane disse e saiu de perto.

Consegui pegar uma lanterna funcionando e uma mochila para acampar. Shane não achou outro corpo, mas a madeira estava com uma crosta de pó preto como se tivesse sido queimada a pouco tempo. O cheiro de queimado também ainda era perceptível.

Talvez tenha sido Sofia, mas não acho que ela saiba ascender uma fogueira sozinha. Ou acorrentar alguém e atirar em sua cabeça.

— O que eu estou fazendo aqui, Rick? — Shane questionou — Claramente eu não estou aqui para ajudar ninguém, então qual é o motivo.

— O motivo é que você não é confiável para ficar lá na fazenda.

— Eu não sou confiável? Eu cuidei da Lori e do Carl como se eles fossem a minha família.

— E olha onde isso foi parar. Eu perdi a minha esposa, e quando meu filho souber da separação ele vai se chatear comigo.

— A esposa você já tinha perdido antes — Shane disse com fogo no olhar. Imediatamente meus punhos se cerraram com tanta força que eu podia sentir a minha circulação sanguínea.

Dei um passo em direção ao Shane erguendo a cabeça. Se ele quer brigar, vou me certificar que irei ganhar.

—  RICK! RICK! — Os gritos de Daryl eram perceptíveis mesmo a distância.

Corremos até o carro.

— Carol desapareceu.

— O que? Como? — Shane colocou as mãos na cabeça preocupado com a situação.

— E a Rebecca? — Perguntei.

— Ela está desacordada, levou uma pancada bem forte na cabeça —  Daryl contou.

— Merda. Precisamos voltar para a fazenda.

As coisas não param de piorar.

𝐖𝐚𝐫𝐫𝐢𝐨𝐫𝐬 - 𝐑𝐢𝐜𝐤 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬 (reforma) Onde histórias criam vida. Descubra agora