Capítulo trinta e oito
Naomi
— Carl? — chamei em quase um sussurro.
Sem resposta.
Merda. Por que eu tô com medo? Olhei para trás para me certificar que todos os errantes na sala estavam mortos e que a porta estava fechada antes de voltar a andar entre as prateleiras.
— Carl? — Chamei por ele um pouco mais alto do que a última vez.
— Aqui — escutei ele chamar baixinho.
Andei em direção ao chamado e sorri ao ver o menino. No mesmo instante ele se levantou do chão e veio até mim para um abraço. Carl estava encolhido na última prateleira da estante tentando passar despercebido entre os livros. Apertei meus olhos para evitar que minha vista ficasse embaçada com lágrimas. Examinei o corpo do menino por inteiro procurando arranhões e machucados. Nada. Suspirei de alívio ao ver que Carl estava bem.
— Vou te levar para o meu quarto, ok? Tem duas criancinhas lá que vão precisar da sua ajuda. Preciso que vigie elas. Consegue fazer isso pra mim?
— Consigo. O que você vai fazer depois?
— Vou procurar Davina e Maven. Depois que eu tiver certeza que eles estão bem vou procurar mais pessoas para ajudar a limpar aqui. Seu pai está bem, vou encontrar com ele depois. — falei ainda em alerta enquanto caminhava de mãos dadas com Carl até a porta — No três eu abro a porta e você sai atrás de mim. Não fique longe. Fique aonde eu possa te ver, ok?
Carl assentiu. A gritaria e grunhidos do lado de fora ficavam mais fortes aqui ao lado da porta. Não lembrava que a comunidade que meu pai construiu fosse tão grande. Fiz uma contagem regressiva.
— Um, dois... Três!
Abri a porta e chutei o andarilho que estava no corredor. Carl veio logo atrás de mim e foi meus olhos enquanto eu finalizava o andarilho. Chegando em meu quarto pedi para que as crianças destrancassem a porta do banheiro e deixassem Carl entrar lá com eles. Antes de sair sussurrei no ouvido de Carl que caso as crianças agissem estranho era para ele sair imediatamente do banheiro e tranca-las lá. Deus me perdoe, mas não podia deixar nada acontecer com Carl.
Quando saí percebi que boa parte perto dos dormitórios já estava com a situação praticamente controlada, mas os infectados se espalharam pela comunidade, fora as pessoas que foram mordidas e se esconderam. Fui atéo laboratorio atrás dos meus amigos. O laboratório estava soando um alarme com luzes vermelhas e tudo. Cerca de sete andarilhos se amontoavam na porta do laboratório e mais estariam por vir se continuasse assim. De onde eu estava era possível ouvir Davina berrando com Maven.
Três infectados me avistaram e já caminhavam na minha direção com seus barulhos guturais. A primeira figura era alta e careca, mas meio velho. Foi preciso só um chute certeiro no joelho do infectado para que o mesmo caísse no chão e eu o eliminasse.
As outras duas figuras tropeçaram no corpo do outro e cambalearam para frente. Eliminei os dois e parti para o restante.
— Desliguem essa porcaria de alarme! — gritei do lado de fora do laboratório.
Alguns dos andarilhos se viraram para mim enquanto outros tentavam entrar desesperadamente no laboratório atrás do som do alarme e da gritaria de Maven e Davina.
— Não dá! Agradeça ao Maven! — Davina bufou irritada.
É obvio que Maven fez qlguma coisa. Não tenho tempo para saber o que Maven fez, mas com toda certeza vou querer escutar essa história depois.
— A desinfecção tem que terminar para eu poder ir para o outro lado do laboratório desligar o alarme — Davina explicou com uma fúria nítida em sua voz.
Esses dois vão acabar se matando.
— E quanto tempo falta? — Maven perguntou.
— Ah mas você cale a boca! — Davina vociferou.
— Vem calar.
Um morador da comunidade me ajudou a terminar o serviço com os errantes que ainda estavam na porta. Agradeci antes que ele sumisse do meu campo de vista.
— Quanto tempo falta, Davina? — perguntei.
— Dois minutos.
— Assim que der o tempo, desliguem o alarme e saiam dessa sala para ajudar.
Saí do corredor do laboratório e fui até o refeitório. Jace e Rick estavam de costas um para o outro se ajudando enquanto meu pai estava em cima da bancada da cozinha atirando nos andarilhos feito um louco.
Já não havia mais ninguém fora dos quartos que não pudesse lutar, quem era incapaz de se defender já havia se retirado da área de combate.
Um guarda ruivo estava cercado por cinco infectados sem ter para onde fugir. O homem gritou quando um andarilho arrancou sua jugular, não demorou muito tempo para que o homem caísse apagado no chão. Os andarilhos se ajoelharam e começaram a estraçalhar o corpo do homem.
Senti uma mão pousar sobre minha cintura e me virei já erguendo o facão. Fred. Ele me entregou uma mini metralhadora carregada e se afastou para matar os andarilhos que estavam devorando o ruivo. Belezinha.
Ouvi mais tiros vindos da enfermaria e corri até lá para ajudar. Maggie e Glenn estavam juntos tentando dar conta dos errantes que se aglomeravam na porta. Atirei em todos os infectados com a minha mais nova arma apelidada carinhosamente de filha.
Me lembrei que a enfermagem possuía um rádio e corri para buscá-lo. Coloquei a primeira música do CD no máximo e esperei os infectados virem até o som. Subi em cima de uma mesa no refeitório e comecei a atirar em cada andarilho que era atraído para cá. As outras psssoas armadas aproveitaram a oportunidade para eliminar o restante dos andarilhos. Não demorou muito para que a área estivesse livre novamente.
Rick me ajudou a descer da mesa e depositou um beijo no meu rosto sem se incomodar com o sangue respingado na minha pele
— Carl está bem — avisei.
Rick me deu um selinho.
— Obrigada.
Meu pai foi rápido em reunir alguns guardas.
— Jace, Steinfeld, Erick e Fred. Quero que vocês batam de porta em porta e procurem os mordidos. O resto me ajude levar os corpos para a caçamba.
Assim que meu pai terminou de despejar as ordens todos saíram para fazer suas obrigações. Menos eu. Meu pai me chamou com a mão e falou antes de desaparecer:
— Quero Davina na minha sala imediatamente.
Assenti.
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𝐖𝐚𝐫𝐫𝐢𝐨𝐫𝐬 - 𝐑𝐢𝐜𝐤 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬 (reforma)
Fiksi PenggemarFim do mundo, uh? Para Naomi, a melhor Ladra de Atlanta, era só o começo. A mais ardilosa, traiçoeira e calculista de todos. Ninguém podia para-lá, nem mesmo os mortos vivos. Com a cidade tomada ela decide roubar uma joalheria, mas acaba encontrand...