Capítulo 9

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Lana Letterman Pov.


Sou idiota, mas não uma idiota que você olha e diz: Nossa que idiota. Qualquer um que faça uma ideia do que eu fiz no passado deve ter o primeiro pensamento sobre mim como algo "morra garota, você é uma vadia ordinária" ou coisa pior. Talvez ninguém nunca vá chegar a entender os meus motivos, se é que eu tinha algum. Na minha antiga cidade eu cometi o pior erro da minha vida ao tratar minha melhor amiga cruelmente.

Sei que muitos devem pensar que eu fiz tudo aquilo porque era homofóbica e odiei a Emma por saber que ela era lésbica, mas não é isso. Eu não sabia dela, nunca soube, principalmente quando ela começou a ter sentimentos por mim, porque era sempre o mesmo tratamento entre nós, já eu, morria de medo dela perceber como meus sentimentos eram.

Eu sempre fui grudenta demais com ela, mas quando entendi o que sentia, no momento em que liguei os pontos e notei que meu coração disparava quando ela estava perto, o que ocorria por metade do meu dia, tudo mudou. Quando eu tive a certeza que amava uma pessoa e essa pessoa era uma garota, foi um choque. Nem todo mundo aceita de primeira sua orientação sexual e eu fiz parte da porcentagem que não engole a novidade. Nunca tive nada contra quem era gay, ou qualquer outro rótulo que a sociedade decide impor, mas eu não me aceitava sendo parte deles, meus pais me aceitariam, só que eu não conseguiria fazer o mesmo por mim.

Sentia-me corrompida, suja por desejar minha melhor amiga no quesito sexual e por muitas vezes me julguei errada por sentir o que eu sentia. Você não faz ideia do quanto tentei disfarçar como Emma me atraía e o quanto ficar perto dela parava o meu mundo. Por muitas vezes, tantas que nem posso contar, cheguei quase beijá-la. Era um desejo tão intenso e primitivo que às vezes inventava uma desculpa qualquer para me afastar dela e me recompor, mas isso quase nunca funcionava, porque aonde eu ia a Emma me acompanhava e ao contrário, éramos grudadas demais. Talvez seja um dos motivos por eu ter me apaixonado por ela.

Toda vez que aquele sentimento de querer beijá-la me consumia a culpa vinha junto. Passei bons tempos querendo que tudo desaparecesse, mas só fez ficar mais forte e intenso. Nenhuma outra pessoa chamava minha atenção além da minha amiga e um ódio me consumia quando ela falava com outras pessoas, sendo rapazes ou meninas, me irritava profundamente vê-la sorrir para alguém que não fosse eu. Tinha vezes que queria me estapear por chegar atrapalhando as conversas dela, por puxá-la para um canto e simplesmente a abraçar quando era questionada por meu comportamento.

Situações assim duraram por muito tempo até eu ter a brilhante ideia de entrar para as líderes de torcida. Meu raciocínio na época era "vou ser líder de torcida. Assim sairei do coral já que não canto nada e de quebra passarei menos tempo com a Emma, logo esse sentimento passa se ficarmos um pouco distantes." Hoje vejo que isso não teria mudado nada se tivesse dado certo, mas o que aconteceu foi pior.

Na minha escola as meninas líderes de torcida tinham um ritual de iniciação que era o seguinte: Você precisaria trollar seu melhor amigo com uma pegadinha, se ele caísse, pronto, você era oficialmente um membro, quer dizer, isso era depois de provar ter potencial. Eu estava feliz porque Emma era a pessoa mais fácil de enganar e meu plano já estava tramado, seria sobre minha prova de iniciação. Eu encenaria que as meninas não me aceitaram e Emma seguiria meu plano ficando abalada, porém ela parecia nervosa quando a chamei e acabamos falando juntas que tínhamos algo importante para falar.

Amaldiçoo-me até hoje por não ter aceitado falar primeiro quando ela propôs. Quando ela sorriu sem graça, aquele sorriso nervoso que eu tanto conhecia, percebi que era mesmo sério e me escorei na parede esperando que ela engrenasse no assunto depois de ficar divagando que nos conhecíamos há muito tempo e que éramos próximas. Confesso que demorei a entender onde ela queria chegar com aquilo, mas quando seu rosto começou a ficar vermelho e sua voz sair trêmula, meu coração começou a bater tão rápido e alto que eu o sentia como se estivesse em meus ouvidos e aí eu ouvi as três palavras.

Because... Who... Who are we?Onde histórias criam vida. Descubra agora