Capítulo 27

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Nicole Rachel Pov.

Entrei no elevador massageando a testa com as pontas dos dedos e me escorei na parede metálica deixando um suspiro escapar por meus lábios. Eu estou tão cansada que poderia dormir por horas, literalmente. Quando estava viajando, não consegui dormir na noite anterior a minha viagem, porque sempre fico ansiosa demais em dias de viagem, então também não consegui dormir durante ela e com tudo que aconteceu ontem, eu não consegui descansar nem por dez minutos. Minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento.

Eu me designei a levar Emma e Lana para casa, não sabendo realmente o que fazer por Lana estar encolhida no banco do meu carro, chorando feito uma criança. Durante todo o caminho de volta ao apartamento eu pensei que teria de ficar com elas até tudo se resolver, mas na metade do percurso Lana simplesmente secou as lágrimas e respirou fundo, como se estivesse se preparando para enfrentar o mundo. Confesso que ver ela se descontrolar com a irmã da Emma foi algo surpreendente, porque não gastou nem dois segundos para derrubar a garota na grama com três socos consecutivos. A reação dela foi algo admirável para o momento, porque se ela não tivesse feito nada a respeito, eu certamente teria feito em seu lugar.

A família da Emma sempre foi um tabu quando conversávamos em meu quarto altas horas da madrugada. Ela nunca gostou de falar sobre, mas sempre me dava as informações. Sempre foi do meu conhecimento quão suas irmãs mais velhas eram afastadas, o pai homofóbico escroto e sua mãe, que mesmo a amando, nunca se posicionou sobre a discriminação que ela sofria. Ouvir ela contar da família sempre me deixava triste, porque eu sou uma pessoa que foi adotada e meus pais adotivos nunca se importaram com o fato d'eu ser lésbica, pelo contrário. Papà sempre brincou comigo a respeito, Bonnie me arrumava altos encontros com amigas modelos, mamãe sempre me diz o que não devo fazer caso entre em um relacionamento e embora Jesse não goste muito de mim, ela nunca sequer abriu a boca para dizer algo sobre minha sexualidade. Imaginar que pessoas assim, as quais eu nem tenho uma ligação de sangue gostem tanto de mim me deixa triste por Emma, que sofre algo pela própria família. Até mesmo no dia de hoje, onde todos deveriam se unir.

Peguei meu celular no bolso e conferi as horas, fazendo uma careta em ver a tela quebrada do objeto. Ontem eu nem sequer sabia que fim havia levado o aparelho depois que o joguei na parede do elevador, mas um dos caras que me ajudou a abrir a porta do apartamento de Lotte me encontrou no hospital e me devolveu ele. Soltei outro suspiro e desbloqueei o ecrã conferindo minha barra de notificações por ter ficado praticamente o dia todo sem o pegar, sendo rápida agora em clicar sobre a que mostrava metade de uma mensagem da Lotte.

Pequeno Anjo:

14:08: Tudo bem, vou tentar. Abrace ela por mim.

16:56: Como foi tudo? Voxe cobseguiu falar com a Emma?

16:56: Droga! Eeu odeio errar essa merda.

16:57: Eu desisto de digitar. Minha mão está doendi, entao eu n continua escrevendo.

Sorri levemente para os erros e me afastei da parede do elevador quando a porta se abriu, saindo do mesmo e digitando uma resposta enquanto ia até a recepção. A última vez que falei com Lotte estava no estacionamento, então praticamente fiquei o dia todo sem lhe contar o que estava acontecendo, porque depois que cheguei do enterro acompanhei Emma e Lana até no próprio apartamento, ficando com elas até Liam chegar com minha irmã. Despois de me despedir de todos inclusive de Bonnie, que informou que permaneceria com Liam um pouco mais, fui para meu apartamento e tomei um banho rápido, troquei de roupa, comi alguns biscoitos e desci para ir ver Lotte no hospital.

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