Capítulo 8

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Emma Mitgard Pov.

Abri a porta e franzi o cenho quando Lotte entrou tão rápido que quase não consegui acompanhar seus passos até seu quarto antes da porta bater com força.

– Wow! O que deu nela? – A voz da minha irmã me fez olhar para o sofá e ver que ela estava sentada com Angel praticamente se fundindo ao seu corpo.

– Não sei. Oi Angel. – Cumprimentei com um sorriso. Eu já esperava encontrar as duas acordadas, já que Jenni me ligou no intervalo das minhas aulas perguntando se a namorada podia dormir aqui.

– Oi. – Cumprimentou de volta um tanto quanto envergonhada.

– Hey meninas. O que estão assistindo? – A voz de Lana soou atrás de mim e involuntariamente meu corpo ficou rígido por sua mão tocar meu braço e me puxar para mais perto do sofá.

– The Blacklist. – Minha irmã respondeu não muito animada, o que resultou em um tapinha em seu ombro por parte de Angel.

– Eu gosto. – Resmungou e ri da careta que minha irmã fez. É de família não gostar de coisas policiais.

– Liga não Angel! Isso é de família. – Lana falou divertida e a olhei curiosa. - O quê? – Perguntou alargando ainda mais seu sorriso. - Vai dizer que passou a gostar de séries ou filmes policiais? – Neguei com a cabeça e tentei tirar os olhos dela, mas falhei miseravelmente. Droga! Desde quando Lana passou a ter os olhos tão chamativos de novo?

– Não eu... Eu nã-não gosto. – Praguejei mentalmente por gaguejar e os olhos verdes escuros brilharam de um jeito estranho. Mas que droga! Por que estou reparando nos olhos dela? Sempre foram verdes, não tem nada de especial neles. - Eu vou ver o que aconteceu com a Lotte. – Puxei o braço de leve na esperança de sair logo de perto dela, mas sua mão só fez apertar mais firme meu braço.

– É melhor esperar até amanhã. Ela não quer falar no momento, acredite. – Olhei para porta fechada do quarto de Lotte e suspirei por Lana ter razão, infelizmente.

– Eu vou arrumar a cama. – Jenni se levantou e não bastou dar dois passos para Angel se levantar e praticamente correr atrás dela. Ergui a mão querendo chamar ela de volta.

– Espera! Não me deixem sozinha com a Lana. – Sussurrei a última parte para ela não ouvir.

– Angel é toda tímida. – Riu ainda me segurando pelo braço.

– Um pouco. – Sussurrei e tirei sua mão de mim para ir à cozinha, porém senti a presença dela me acompanhando, mesmo que não me segurasse mais.

– Você concordou que ela dormisse aqui, certo? – Perguntou e assenti antes de abrir a geladeira atrás do meu yogurt, não o encontrando em parte alguma. Jenni. - Isso significa que seu plano é dormir no meio das duas? – Continuou com suas perguntas e me abaixei atrás da maçã que havia guardado, não a encontrando também. Jenni.

– Não exatamente, eu vou dormir no... – Calei-me ao lembrar que Lotte não está nem um pouco a fim de conversar e que não é um bom dia para pedir a ela para dormir no seu quarto. - No sofá. – Murmurei pegando a caixa de leite e abri o armário atrás de cereal. Quase gemi satisfeita ao ver que pelo menos isso minha irmã não havia devorado, simplesmente por não gostar.

– Que ruim. – Lana se escorou ao meu lado olhando para mim enquanto eu me esforçava a manter os olhos fixos na minha tigela de cereal. - Dormir no sofá não vai te fazer bem. – Continuou e me empurrou um pouco para o lado antes de tomar minha tigela e provar o cereal antes de mim. Mas o quê? Quem te deu essa liberdade toda, minha filha? - Nem um pouco saudável. – Negou com a cabeça e me devolveu a tigela, só que sem a colher. - Você não prefere dormir comigo? – Afastou a colher assim que tentei pegar e arregalei os olhos, surpresa com sua pergunta. Oi? Desde... Essa não é a Lana que eu conheço, conhecia, sei lá. Essa não é ela! Primeiro me agarra sem nem avisar e agora fica flertando comigo mesmo sabendo que sua posição no momento não é indicada para isso? - Ora, por que dessa cara espantada? Nós sempre dormíamos juntas. Vai ser a mesma coisa. – Devolveu a colher e suspirei me lembrando da forma com a qual ela me beijou no estacionamento da faculdade. Óbvio que não é a mesma coisa, quer dizer. Não que isso vá acontecer, mas se fosse, o que não vai, não seria a mesma coisa. Sei disso, porque no estacionamento fui pega tão de surpresa que nem consegui reagir direito e se fosse para dormir com ela hoje em dia, não seria a mesma coisa, nunca. Pelo amor de Deus.

Because... Who... Who are we?Onde histórias criam vida. Descubra agora