Charlotte Pov.
Toquei a campainha pelo que parecia ser a vigésima vez e olhei para os lados procurando algo que nem eu mesma sabia o que era. Faz uma maldita semana que tudo se tornou uma bagunça na minha cabeça. Ainda não consigo acreditar que contei a Emma como me sinto. Que despejei tudo e saí correndo antes de ouvir sua resposta. Não acredito que enchi tanto a cara que agora estou frente a porta do apartamento de Nicole, esperando-a abrir a porta. Nem sei se ela está em casa também. Essa semana está sendo tão merda que se alguém morrer não vai me admirar.
— Já vai, caralho! Não se pode tomar banho em paz na própria casa?! Isso lá são horas de vir na casa de uma pessoa?! – Ouvi os resmungos do outro lado e o barulho de chave se chocando deixou claro que a porta seria aberta. - Espero que seja algo muito... – Travou ao puxar a porta e seus olhos se abriram de leve. - Lotte? – Perguntou surpresa, engolindo em seco e apertando a mão livre no nó da toalha que cobria seu corpo. Seu cabelo estava molhado e uma gota pingava vez ou outra no chão. O que eu estou fazendo aqui? - Aconteceu alguma coisa? – Perguntou preocupada e engoli em seco, seguindo uma gota de água que saiu da ponta do seu cabelo e desceu por sua pele, entrando pelo vale dos seus seios. Eu estou muito bêbada.
— Eu... – Travei olhando para os lados. O que eu faço aqui? Lembro que estava indo para casa, mas de repente me vi frente a porta dela. Desde o dia na praia Nicole literalmente evitou se aproximar de mim. Sempre que nos víamos no corredor da faculdade ou no refeitório, ela mudava o caminho. Quando ela se aproximava para falar com a Emma, nem sequer olhava na minha direção, sempre sendo rápida e voltando para sua mesa de amigos. Acho que nem bêbada explica eu ter vindo para cá, onde está me amor próprio?
— O que foi? – Se esticou um pouco para fora, imitando meu movimento de olhar para os lados, porém, esse maldito gesto a fez ficar próxima de mim. Seu perfume, vindo do shampoo ou sei lá o que, me embriagou mais do que eu já estava.
— Eu bebi. – Confessei, mudando o peso de uma perna para outra e apertando a alça da minha bolsa, numa tentativa de me equilibrar melhor. - Per-perdi minhas chaves e não tem ninguém em casa. Não... Não sei o que estou fazendo aqui, mas... – Oh, agora sim me lembrei, eu não tenho mais a minha chave, não faço ideia de onde deixei. – Pode me ajudar de alguma forma?
— Você bebeu? – Perguntou preocupada, chegando mais perto para segurar minha mão direita. Perigo, se afaste. - Vem, entra. – Me puxou para dentro e fechou a porta. - Senta aqui que eu vou colocar uma roupa. – Me sentou no sofá de couro branco e pegou minha bolsa, jogando-a no outro sofá. - Você bebeu muito? – Se abaixou a minha frente quando cobri o rosto com as mãos, para evitar olhar descaradamente para seus peitos.
— Gastei todo o meu dinheiro em bebida. Eu não sei, eu... Acho que nem perdi minhas chaves, só não acho. – Ri sem humor e ela se levantou suspirando.
— Certo. Levanta! – Pegou meu braço e me levantei um pouco tonta. - Você vai tomar um banho. – Me puxou em direção a uma porta branca e franzi o cenho quando ela foi aberta, revelando para meus olhos um quarto perfeitamente organizado, porém grande demais. - Aqui. Esse é meu banheiro. – Me soltou, caminhando até uma outra porta e segui cada movimento que suas pernas faziam, me perdendo ao subir um pouco o olhar e ver o quanto aquela toalha estava justa as suas curvas. Toalhas deveriam ser assim? - Lotte? – Chamou, parando de caminhar e me olhou preocupada. - Consegue andar até aqui? – Assenti ainda tonta e caminhei em ziguezague para perto dela. Merda! - Eu vou pegar uma roupa para você, okay? Toma um banho. – Me empurrou delicadamente para dentro e fechou a porta, me deixando sozinha ali. Suspirei aliviada por seu feito. Eu só queria fazer minha mente parar um pouco de funcionar. Olhei de um lado para o outro, admirando a limpeza do local e suspirei começando a tirar minha roupa. Quando me encaminhei para o boxe, pisei em falso no pequeno sobressalto do chão e quase caí. Só não o fiz porque segurei no vidro onde se encontrava vários frascos de vidros de shampoo, conseguindo a proeza de derrubar todos que estavam arrumados.
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Because... Who... Who are we?
RomanceEmma Mitgard descobriu da pior maneira possível que nem sempre os seus melhores amigos são de fato, os melhores. Que às vezes alguém que você menos espera pode te machucar. Que a sociedade pode ser cruel quando não se segue o padrão exigido. Que sua...