Meu Melhor Amigo

EU TE AMO

- Ele não está em casa - Julia resmunga.

Já é a décima batida na porta do hotel em que ele está hospedado.

- Ele precisa estar. Nossa relação depende disso - digo, batendo ainda mais forte.

- Melanie, voltamos outra hora - ela pega no meu braço. Já está escurecendo, sei que é perigoso para nós duas.

- Erick, você está ai? Por favor, eu preciso da sua ajuda - suspirei 

- O que você quer? - finalmente ele me responde, é uma luz no final do túnel.

- ABRE A PORTA - peço "gentilmente". Em dois minutos, ele abre, e eu entro feito um furação. O lugar parece um chiqueiro, completamente bagunçado. 

- Que fim de mundo é esse, hein meu filho - Julia diz.

- Vocês vieram aqui parar reparar isso? Creio que não. Desembucha logo.

- Primeiro vai colocar uma bermuda - peço.

- Ah, está com medo de não resistir gatinha? Também estava com saudades - ele se aproxima.

- Vai a merda Erick ANDA! Não tenho o seu tempo não ok?

- Tá bem, já entendi - levantou as mãos e saiu. 

- Pega leve - Julia fala. Dou um sorrisinho. Leve tipo" ou você conta toda a verdade, ou eu te mato aqui, agora".

- Pronto - ele se joga no sofá - estou ouvindo.

- É o seguinte: quero que você conte a verdade sobre o que aconteceu aquele dia na balada.

- Verdade? Não lembro de nenhuma verdade.

- Ah, não? Pelo que sei você já viu o vídeo no celular da Vitória - Julia diz.

- Sim, mas não há nada de falso ali, muito pelo contrário, ela não fez nenhuma montagem. Respiro fundo.

- Você sabe bem o que me levou a fazer, o que na verdade não fiz com você Erick, e agora estou sofrendo sem o meu namorado, preciso da sua ajuda - apelo - ele ri.

- Da última vez tentei me desculpar com ele, o idiota deslocou meu nariz.

- Idiota? Mais fácil ser você.

-Isso é você quem está dizendo...

- Como é Erick? Não temos o seu tempo, ou você ajuda, ou você ajuda - ameaça Julia.

- Eu até posso ajudar, contanto que, vocês garantam que ele vai me escutar antes de querer me matar na porrada.

- Fechado, amanhã ás 11h esteja na rua da casa dele.

- Tá bom.

- Por favor, não vai furar.

- Trato é trato mocinha - ele diz - preciso voltar a andar com aquele filho da mãe logo.

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Chego na esquina da minha casa, e vejo alguém em frente ao meu portão. Como estava escuro não identifiquei quem era.

- MELANIE, EU TE AMO - escutei gritos.

- Melanie!

Gustavo estava com duas rosas na mão direita, e ajoelhado. Céus, ele estava bêbado além da conta. Seus olhos estavam avermelhados, provavelmente ale, assim como eu, não tem dormido direito. É horrível ver ele nesse estado, me sinto culpada, mas ao mesmo tempo tenho a certeza do que ele sente por mim é verdadeiro.

- Meu Deus, Gustavo, você está muito bêbado. Ele me deu as rosas.

- Estava morrendo de saudades pequena, volta pra mim - ele me abraça forte, quase não consigo respirar. É tão bom estar em seus braços novamente depois de tanto tempo.

- Eu também meu amor. Quem dera se você estivesse sóbrio, queria realmente voltar pra você - digo, sentimental.

- Eu não estou bêbado! - diz meio grogue. O bafo de cachaça vem na minha cara. Nunca na minha vida o vi assim, nesse estado.

- Vem - coloquei seu braço em volta do meu pescoço - você precisa de um banho e um café bem forte.

- Só se você tomar banho junto comigo - ele ri.

- Eu vou - minto. Com dificuldade consigo entrar dentro de casa com ele. Meus pais estão na sala assistindo tv.

- Filha - minha mãe se espanta.

- O que houve com ele? - meu pai pergunta.

- Sogra. Sogrão - Gustavo diz.

- Tá sofrendo de amor, coitado Melanie. O que você fez com ele?

- É sogrão, tá vendo o que agente ganhar por amar demais?

Minha mãe ri.

- Vou dar um banho nele -  digo.

- Você vai apenas jogá-lo embaixo do chuveiro, nada de dar banho - meu pai diz

- Já entendi.

Como ele está trocando passos, decido levá-lo no banheiro do andar de baixo, mais fácil do que subir as escadas com esse peso todo, além dele ser mais alto que eu. Ligo o chuveiro na água gelada, e o jogo ali debaixo. 

- Ah! - resmunga.

A água fria deve acordá-lo, eu não nem imaginar a sua reação quando se der por si o que aconteceu....

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