"you're inconsistent"

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Minhas amigas tinham uma expressão surpresa no rosto e eu suspirei espremendo os olhos.

Cupido idiota

— Ah você acha? – Elise indagou ironicamente.

— Eu sei que sou uma tremenda babaca em 80% do tempo mas... – grunhi. — Se for pra ser uma imbecil que seja na visão dos outros e não de vocês, as únicas pessoas nas quais eu quero por perto. – confessei envergonhada.

— Awn. – Natasha grunhiu vindo até mim e me abraçando. — Qual é Elise? Isso foi fofo e veio da S/n! – a mulher falou quase como um evento.

— Ok, eu perdôo. – me abraçou sorrindo. — Mas precisa resolver sua questão com a Hailee. – advertiu.

— Eu vou. – falei com firmeza.

(...)

Finalmente tinha chegado em casa após um happy hour com as meninas depois do trabalho, tomei um banho quente e me joguei na cama tendo um orgasmo cerebral daquela sensação.

Tão bom

— Posso te fazer uma pergunta? – Camila surgiu sentada na ponta do móvel e eu dei minha atenção para o ser celestial.

— Sim?

— Depois daquele dia no sofá. – ela engoliu seco. — Por que me trata com tanta frieza? – senti o remorso subindo pelas minhas veias ao ver o semblante triste no rosto dela.

Fiquei em silêncio por alguns segundos tentando formular justificativas plausíveis mas nenhuma me vinha a mente, eu não poderia simplesmente dizer que aquela sensação me assustou pra caralho, seria estar vulnerável demais e isso nos aproximaria mais.

— É complicado. – apenas disse.

— Então me explica. – ela cruzou as pernas virando-se completamente para mim. — Eu pensei que... – hesitou. — Que finalmente gostasse da minha companhia.

— E eu gosto! – refutei.

MERDA!

— Quer dizer... – tentei me corrigir. — Você não é tão insuportável quanto eu pensei que fosse.

— Como aquilo no hospital? Ou quando disse que não se importava comigo? – ela estava magoada? ela tem sentimentos?

— Você sequer é humana Camila, por que está tão brava? – indaguei.

— Humanidade é sinônimo de empatia pra você? – ela disse num tom desafiador. — Porque só de olhar pra você dá pra perceber que não.

— Olha sinceramente, não estou entendendo aonde quer chegar ok? – falei confusa.

Mas que caralhos ela estava fazendo afinal?

— Apenas te mostrando o quão você é inconsistente. – franzi o cenho.

— Mas que porra tem de errado com você? É, talvez não tenha sido legal a maneira como eu te tratei mas-

A campainha tocou e quando voltei minha atenção para a cupido a mesma já tinha desaparecido, balancei minha cabeça tentando dispersar aquela conversa, no mínimo estranha, da minha cabeça. Fui até a porta e a abri revelando um Harry com um semblante tímido segundo algumas sacolas.

— Oi. – ele disse.

— Oi. – respondi dando passagem pra ele entrar e assim o homem fez. — O que...

— Eu peço desculpas por chegar assim mas é que eu vim trazer seu cachecol. – ergui as sobrancelhas me recordando do maldito cachecol. — E comprei um vinho... – tirou a garrafa da sacola e leu o rótulo. — Francês, pensei em fazermos algo. O que acha?

— Ah, tudo bem. – dei ombros, eu estava cansada mas quem sou eu pra recusar uma possível foda com esse homem?

Peguei duas taças e ele abriu a garrafa despejando o líquido nas mesmas, sorrimos e brindamos.

— Eu sinceramente não sei porque brindamos mas enfim. – rimos. — Ah, isso é seu. – pegou o cachecol de uma das sacolas e me entregou.

— Obrigada por trazer até mim. – agradeci.

— Não foi nada, aliás foi uma ótima desculpa pra te ver de novo. – ri negando com a cabeça. — Pensei que estava me evitando.

— Por que eu faria isso? – tomei um gole do vinho sentindo o calor me consumir.

— Talvez porque eu transo mal? – fez um palpite e eu neguei.

— Não é verdade, você é muito bom. – abri um pouco mais do decote do hobby preto que eu vestia e ele notou pois mordeu o lábio inferior.

— Então porque não prova de novo? – sussurrou se aproximando.

— Eu nunca disse que eu não iria. – selei nossos lábios num beijo voraz.

(...)

Acordei com a claridade do meu quarto contra meu rosto, quando finalmente me dei conta da posição em que estava senti vontade de vomitar: Harry estava com seus braços me segurando contra seu peito - como aqueles típicos filmes de romance - e ressonava tranquilo, ele é realmente bonito mas insiste nesses atos sem sentido, uma pena. Tirei seus braços de mim delicadamente para não acorda-lo e sai dali.

Céus, que caos

Os vestígios da noite passada estavam no vaso da sala quebrado, as roupas espalhadas pelo apartamento e principalmente na garrafa de vinho vazia na cozinha.

É claro, algo ou alguém tinha que ser o responsável e nesse caso: o álcool

Fiz o café sem açúcar e peguei minha caneca indo até a janela, fitei o céu da manhã ainda pensando na conversa com Camila. Eu não sabia que estava atingindo tanto ela, pela primeira vez eu estava pensando em alguém além de mim e o pior de tudo, eu me senti mal por fazer mal a ela.

O que ta acontecendo?

Existe algo nela, algo que não sei explicar, mas que certamente tenho medo então crio esses bloqueios para não nos aproximarmos. Entretanto, tem sido em vão, há uma estranha conexão entre nós. Uma sensação diferente quando temos a mínima interação. Um batimento acelerado. Um suor frio. Uma familiaridade inexplicável. Mas talvez ela esteja certa, eu sou inconsistente e tóxica, covardia a minha deixar isso prevalecer porém se me mantém intacta, talvez seja válido.

Eu só não tenho certeza de por quanto tempo isso vai funcionar.

[N/A: opa minhas crias, como vocês estão? então, queria bater um papinho com vocês sobre o que vocês estão achando da fic? além disso, gostaram da capa nova? (p.s: elogiem por favor demorou demais pra fazer *surto interno*)  e se tiverem alguma crítica construtiva, por favor, sinta-se a vontade para dizerem ok? beijo e obrigada por não desistirem de lnr (love is not real)!

é isso e até breve]

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