i'm going crazy

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Eu tinha os olhos na "cupido", os cenhos franzidos e analisava cada traço de seu rosto procurando vestígios de que aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto feita por minhas amigas e no final ela era uma atriz, uma atriz muito profissional, já que parecia observar tudo ao seu redor como se fosse a primeira vez.

— Minha o que? – repeti pois não estava processando as informações muito bem.

— Sua cupido. – respondeu dando um sorriso sem dentes.

— Hum, isso é... – cruzei os braços e fitei o chão antes de voltar minha atenção para o ser. — Impossível, essas coisas não existem. – dei uma risada sem graça. — Eu realmente espero que você tenha uma boa estória de como entrou aqui porque eu estou ligando para a polici-

— Ah S/n, você é uma mulher da ciência, pensei que seria esperta o suficiente pra não procurar explicações tolas e inválidas. – novamente eu tinha uma interrogação estampada em meu rosto. — Sua porta está trancada e estamos no 15º andar. – engoli em seco e suspirei. — O destino me enviou aqui.

— O destino? – perguntei e ela assentiu com a cabeça, sorri de canto totalmente incrédula. — E por que ele te enviou?

— Você não acredita em amor verdadeiro, ou pelo menos, é isso o que pensa. – suspirou cruzando os braços. — Estou aqui para te orientar e para te ajudar a encontrar sua alma gêmea.

— Isso é tão Elise e Natasha. – dei uma risada e caminhei até meu quarto pegando meu celular.

— Elas não têm nada a ver com isso. – comentou vindo até mim. — Já disse, pare de procurar explicações do porquê eu existo.

— Ah sim, claro. – dei uma risada irônica ligando para a loira. — Você é uma ótima atriz a propósito. – debochei e suas asas se abriram me fazendo desequilibrar para trás juntamente com o movimento de seus indicadores que fizeram meu aparelho voar para o outro lado do cômodo.

— Talvez isso possa te convencer. – disse e suspirou, eu tinha os olhos abertos e a respiração desregulada.

— Eu estou enlouquecendo. – minha visão então se escureceu.

(...)

Abri os olhos lentamente e vi que ainda estava no meu quarto mas dessa vez, eu estava na cama e a anjo estava sentada na janela observando a visão dali.

— Por quanto tempo eu apaguei? – perguntei com a voz rouca e ela deu sua atenção para mim se levantando.

— 10 horas. – respondeu cruzando os braços e eu me levantei indo até o banheiro, tomei um banho demorado e fui até o closet procurando algo apresentável. Enfim, quando estava pronta peguei as chaves do meu carro e a mulher apareceu ao meu lado.

— Merda! – praguejei devido ao susto colocando a mão sobre o peito sentindo meus batimentos acelerados.

— Aonde vamos? – perguntou e eu revirei os olhos fechando a porta mas foi inútil porque a morena logo estava do meu lado novamente, comecei a caminhar tentando ignora-la. — Será que pode me responder?

— Será que dá pra parar de falar?! – esbravejei sentindo minha veia pular para fora de meu pescoço, eu estava começando a me irritar até perceber que o porteiro me olhava com um olhar confuso, respirei fundo e fui até meu carro.

(...)

— Curioso você aqui Dra. S/s. – Liam disse, ele era psiquiatra do hospital onde eu trabalhava e eu decidi fazer um exame de rotina devido ao meu pequeno "problema". — Em que posso te ajudar?

— Eu tenho tido alucinações, uma mulher com asas dizendo ser minha cupido e que quer me ajudar a encontrar o amor verdadeiro. – eu disse e quando olhei para meu lado, ela estava lá segurando o riso. — E agora ela está rindo da minha cara.

— Bom, talvez seja problemas com estresse, você como uma cirurgiã passa por altas pressões psicológicas constantemente e-

— Por que apenas não aceita a minha ajuda? – a morena perguntou como se fosse algo fácil e óbvio.

— Por que você apenas não cala a boca?! – falei para ela e o homem me olhou com o cenho franzido. — Desculpe, eu estou falando com ela.

— Dra. S/s, não tem ninguém aí. – ele disse como se fosse óbvio. — Eu vou te dar um atestado de alguns dias por incapacidade, você precisa de repouso do trabalho. – começou a prescrever em sua caderneta.

— Esqueci de mencionar que eu sou visível apenas pra você. – arqueou as sobrancelhas e eu levei as mãos no rosto completamente cansada desse teatro idiota.

Após a terrível consulta com o Dr. Payne, me encontrava sentada num banco do parque, havia um silêncio constrangedor entre mim e a "cupido" até ela quebrar o mesmo.

— Por que não acredita no amor? – perguntou e eu suspirei ainda olhando para o verde e o movimento das pessoas.

— Eu nunca senti, nunca tive um namoro de infância. – dei risada das memórias que eu tinha. — E no ensino médio, as garotas da minha idade estavam preocupadas com o que vestir para impressionar os garotos e eu com o próximo episódio de Doctor Who. – dessa vez rimos juntas. — Então na faculdade, conheci a Hailee que me parecia mais interessante que o restante das mulheres ali mas não sinto o que eles chamam de "borboletas no estômago" e nem "arrepios", é tudo sobre físico com ela.

— Tem certeza? – perguntou e eu soltei uma leve risada fitando o chão logo depois os olhos castanhos.

— Por que?

— Hailee está apaixonada por você. – ela falou naturalmente. — Há um ano.

— Não, não está. – neguei me levantando. — Eu já disse, nossa relação, é tudo sobre físico.

— É mesmo? Ela vai te mandar uma mensagem agora te convidando para um jantar. – ela se levantou então meu celular vibrou e eu chequei a notificação.

hailee

ei

jantar hoje? o que acha?

Ela vai se declarar hoje. – disse e eu tinha minha respiração desregulada, ainda estava em choque com que acabara de acontecer.

— Mas o que-

— Eu diria para pensar bem no que fazer, Hailee é uma ótima pretendente. – disse com um sorriso. — Vocês se conhecem bem, ela é uma mulher culta que transmite inteligência, simpática além da sua beleza, é claro. – começou a ditar e eu ainda tentava processar as informações.

— Certo, mas não posso simplesmente engana-la. – eu disse e a cupido concordou. — Eu não sinto absolutamente nada por ela além de atração.

— Talvez você precise apenas de um empurrãozinho-

— Não, obrigada. – recusei e a morena cruzou os braços. — Eu vou conversar com ela. – peguei e o celular e digitei para Hailee.

s/n

ótimo, me diga quando e onde

n/a: a coragem de rejeitar a hailee puta que pariu só em fic mesmo, enfim vocês estão gostando?

love is not real | cc + youOnde histórias criam vida. Descubra agora