always alone

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harry:

oi, eu deixei sua chave com sua vizinha lorena

obrigada por ontem e bom trabalho <3

s/n:

ah, você quis dizer lauren né? obrigada por isso

nós vemos por ai...

Guardei o aparelho celular no bolso da calça e continuei a beber o café enquanto fitava um ponto específico, eu estava completamente aérea ao meu redor quando um grupo de residentes passaram ao meu lado conversando sobre o baile beneficente do hospital. Merda, eu havia me esquecido completamente disso, praguejei mentalmente até ser tirada dos meus pensamentos até minhas amigas se assentarem na mesa com a típica animação das "Negovanman".

— Bom dia raio de sol. – Nath disse sorrindo e eu acabei por rir revirando os olhos.

— Bom dia casal feliz. – respondi e reparei na capa da revista que Elise lia atentamente, a modelo que estrelava na mesma era Lauren, mas o que- — Eli, o que é isso?

— Uma revista? – perguntou franzindo o cenho como se fosse óbvio.

— Eu sei idiota, me empresta aqui. – peguei o objeto e fitei aquilo melhor, era realmente ela fazendo uma pose sedutora e exalando charme, é claro.

Ela é modelo S/n o que você esperava?

— Lauren Jauregui é minha nova vizinha, eu comentei isso? – dei ombros e as mulheres se entre olharam.

— O que?! – disseram num uníssono e eu me arrependi instantaneamente com os olhares curiosos das pessoas a nossa volta.

— Porra que sorte. – Natasha comentou recebendo um tapa no braço de sua esposa. — Ouch. – grunhiu de dor e a loira cruzou os braços, a morena logo a abraçou de lado sorrindo sem graça. — Mas você é bem mais bonita amor.

— Aham, sei. – disse emburrada e eu apenas ri da situação. — Certeza que a S/n também acha isso né.

— Não me envolva nisso. – levantei os braços em rendição e abri a revista analisando-a melhor, havia uma pequena foto de Hailee com sua coluna sobre a nova coleção que eles estão divulgando, aquilo era sofisticado demais. Arqueei as sobrancelhas e joguei o objeto sobre a mesa suspirando.

— Espera, essa é a revista pra qual a Hailee trabalha né? – Natasha perguntou e eu assenti. — Será que as duas já se en-

— Não diga essa possibilidade! – Elise a cortou. — Porque eu realmente espero que nossa senhorita quebradora de corações tenha feito o dever de casa. – me lançou aquele olhar assustador.

Merda.

— Eu vou fazer. – disse franzindo o cenho. — Eu prometo.

— Eu sei que vai. – a loira cerrou os olhos e eu pigarrei.

— Aliás, porque tava lendo isso? – me referi a revista.

— Ah, eu estava olhando modelos de vestidos para o baile beneficente. – disse mudando sua feição completamente, Elise adorava esses bailes enquanto eu e Natasha íamos apenas por obrigação.

— Eu disse que qualquer vestido preto me serviria mas ela quer algo único este ano. – Natasha revirou os olhos.

Merda. – praguejei. — Tinha me esquecido completamente disso.

— Então, parece que irá ser algo com máscaras e fantasia este ano. – a loira comentou e eu suspirei.

— Sério? Que coisa mais brega. – ri negando com a cabeça até meu celular apitar para checar um paciente no pós cirúrgico. — Preciso ir, até depois. – me despedi e fui até o bloco em que fui convocada.

(...)

Meu plantão havia acabado e eu estava no caminho pra casa, eu só pensava em uma coisa:

Dormir até não aguentar mais

É sério, existe algo melhor? A sensação da cama de envolvendo, poder descansar após um dia cheio e só cair no sono profundo? É quase como uma sinfonia de Mozart. Dei um sorriso de lado apenas em pensar na minha cama confortável até a figura da cupido surgir no banco do carona.

— Não ta esquecendo de algo? – franzi o cenho.

— Oi pra você também. – arqueei as sobrancelhas.

— Agora você é educada? – perguntou e eu revirei os olhos.

— Bom, foi você quem simplesmente sumiu da nossa última conversa. – falei dando ombros e fitando ela de relance. — Do que tinha me chamado mesmo? – tentei me recordar. — Ah é, inconsistente.

— E você é. – respirou fundo e virou seu olhar para estrada.

— Não Camila, você é inconsistente! – bati no volante, eu já previa o rumo dessa conversa. — Você me diz coisas confusas e depois some, depois volta de novo como se nada tivesse acontecido. – suspirei e ela abaixou sua cabeça. — Como acha que me sinto?

— Você deveria sentir algo por mim? – ela perguntou num sussurro.

— Eu pensei que finalmente tínhamos nos entendido. – estacionei o carro na minha garagem.

— Não foi essa minha pergunta. – seus olhos estavam marejados.

Porra.

— Não é essa a questã-

— Você deveria conversar com a Hailee, deixe as coisas claro com ela. – limpou as lágrimas insistentes dizendo numa voz embargada.

— Cam- – tentei chama-la mas logo meu celular tocou me fazendo virar a atenção para o aparelho com o nome de "Hailee" no visor, virei minha atenção para a cupido novamente mas ela já havia ido embora.

O que tava acontecendo? Qual é desse drama?

Respirei fundo e atendi a chamada da morena:

— S/n?

— Oi?

— Você ta bem? Faz dias que nã-

— Eu sei, eu tô... eu tô bem. Me desculpa, deveria ter te mandado mensagem mas eu estava cheia no trabalho.

— Eu pensei se você quiser vir pra minha casa agora, eu sei que é repentino mas eu estou com saudades.

— Hailee... Eu não posso desculpa.

Desliguei a chamada.

E naquele instante, sozinha no carro na porra da garagem, eu percebi o quão tóxica eu era pra todos a minha volta. E aquela sensação de nojo e autodepreciação que eu não sentia há anos voltou como uma bomba diretamente sobre mim, eu não sei como cheguei no meu apartamento mas me lembro de abrir uma - talvez duas - garrafa de vinho e bebe-la sozinha.

Sempre sozinha

love is not real | cc + youOnde histórias criam vida. Descubra agora