"i don't feel the same"

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Eu tinha os olhos concentrados na rua e nos pensamentos, estava tentando formular um bom discurso para rejeitar Hailee.

Céus, como isso é doloroso

Eu digo isso porque nosso sexo é muito bom, além de que não queria perder a amizade da morena. Acelerei tentando chegar lá mais rápido, meus dedos ansiosos batucavam no ritmo do som que ecoava do rádio, "terminar minha relação" com a Stenfield sem magoa-la seria como brincar num terreno cheio de bombas enterradas e escondidas.

Eu estou muito fodida

Alguns minutos e eu estava em frente ao restaurante de alta classe, ajeitei minha camisa social e minha postura antes de entrar no estabelecimento. Dei meu nome para o atendente que me levou até a mesa onde Hailee já se encontrava tomando um vinho branco, assim que me viu esboçou um sorriso.

— Oi. – ela disse suavemente e eu retribui o sorriso.

— Perdoe-me pelo atraso. – falei e o garçom nos entregou o cardápio, agradeci e o mesmo saiu.

— Então, como foi seu dia? – arregalei os olhos lembrando da cupido.

— Uh, normal. – disfarcei. — E o seu?

(...)

Após algumas taças de vinho e o espaguete, ela me contava sobre a nova matéria da revista na qual ela trabalha.

— Lauren Jauregui fará uma sessão de fotos exclusivas para nós! – disse animada. — Isso vai deixar as concorrentes sem chão, ela é uma modelo muito inacessível.

— É, isso me parece interessante. – eu disse sem muito entusiasmo e sorri fraco deixando um silêncio entre nós se instalar logo depois.

— Bom, S/n. – disse antes de tomar um pouco de sua bebida. — Eu estive com você por um ano, na nossa relação não convencional onde todos diziam o quão louco isso era. – a morena segurou a minha mão fitando como elas se encaixavam. — Ditamos que não haveria sentimentos, que iríamos manter o físico mas-

— Hailee... – fechei os olhos numa tentativa falha de evitar o pior, porém ele veio.

— Eu me apaixonei por você. – falou olhando em meus olhos mas eu não conseguia me enxergar neles, não conseguia me ver com a mulher como um casal e não duas jovens se divertindo com sexo. — Há muito tempo venho tentando te dizer mas, eu estou apaixonada por você S/n. – suspirou como se um peso saísse de si. — Eu sempre estive.

Fiquei alguns segundos petrificada, todas as palavras que estavam em minha mente agora tinham se esvaído e meus pensamentos se encontravam num grande vazio, simplesmente não sabia como reagir ou como agir diante aquilo, mesmo sabendo que isso iria acontecer agora me parecia muito mais assustador. Então fechei os olhos, suspirei e tentei recuperar minha realidade.

— Honestamente, eu não sinto o mesmo. – disse segurando sua mão. — Mas tenho uma grande afeição por você, eu não quero que isso se acabe desde que seja confortável pra você. – seus olhos agora estavam marejados e avermelhados. — Haiz... – tentei toca-la mas ela se levantou enxugando as lágrimas que rolavam sobre sua bochecha.

— Eu acho melhor nos afastarmos por um tempo. – disse tentando não olhar para mim. — Por mim, por nós e a nossa provável amizade no futuro. – concordei e me levantei, pedi a conta e assim que o fiz saímos do restaurante, não havíamos trocado nenhuma palavra então ela foi até seu carro onde acenou com um sorriso fraco e um semblante triste antes de entrar no automóvel e dar partida dali.

Entrei na Mercedes e encostei a cabeça no volante passando a mão pelos cabelos totalmente frustrada.

— Ela está mal. – a voz tão reconhecível por mim soou e eu revirei os olhos.

— Você jura? – falei irônica. — Isso é culpa de vocês, cupidos e qualquer outra coisa que envolva o amor, essa é apenas uma prova como a única função do mesmo é quebrar as pessoas. – esbravejei.

— E cura-las. – completou. — Às vezes é preciso dor para aprender com o amor, cabe as pessoas compreenderem isso. – soltei uma risada sarcástica.

— Eu passo, obrigada. – sorri forçadamente. — Eu preciso de álcool . – suspirei e dei partida indo em direção ao primeiro bar aleatório.

(...)

— Eu não preciso de ninguém e vou morrer sozinha. – falei para a anjo que estava sentada ao meu lado enquanto eu estava na meu quinto copo de whisky. — Você deveria saber disso já que sabe de todas as coisas.

— Eu não sei sobre tudo, apenas o presente. – comentou e eu arqueei as sobrancelhas.

— Isso é injusto, você sabe tudo sobre mim e eu sequer sei o seu nome. – comentei e ela esboçou um sorriso casto.

— Desde quando você se interessa por mim? Pensei que eu fosse um empecilho para você. – soltei uma risada e ela acabou por rir também.

— E é. – concordei. — Mas aparentemente vamos passar um bom tempo juntas então... – tomei o restante da bebida num gole já me sentindo mais "solta" e "leve".

— Camila. – nossos olhares se encontraram e eu senti aquela estranha corrente elétrica me percorrer novamente juntamente de uma ansiedade incomum. — Meu nome é Camila.

— É um-

— Mais uma dose para a senhorita amiga dos ventos? – um homem de boa aparência sugeriu, ele era o barman e devia admitir, ele era extremamente charmoso. — Me desculpe, eu não pude ignorar o fato de você estar conversando sozinha. – começou a rir e eu cocei a nuca.

— É que-

— Sem problemas, eu também converso sozinho. – sorriu fazendo com que as covinhas aparecessem. — Dizem que ajuda a organizar a mente. – concordei e olhei para Camila que agora apenas observava nossa interação. — Sou o Harry, a propósito.

— S/n. – apertei sua mão.

— Então, mais uma? – perguntou e eu fiz uma careta.

— Na verdade, eu estou de saída mas obrigada. – dei um sorriso casto e ele assentiu com a cabeça, me levantei e quando me levantei ele acabou por me chamar novamente.

— Ei. – dei minha atenção ao homem. — Poderia me passar seu celular? – meu olhar caiu na morena que gesticulou para que eu fizesse.

— Uh, claro. – não sei se eu já estava alterada o suficiente ou se eram seus olhos verdes me encarando que me convenceram, anotei meu número em seu celular e devolvi o aparelho para o homem que deu um sorriso casto.

(...)

— Ele está muito interessado. – Camila comentou quando chegamos em casa. — Harry tem um bom coração.

— Ah sim. – concordei com a voz sonolenta e me joguei no sofá, em poucos minutos me encontrava dormindo.

Hoje foi um dia e tanto

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