we've been here before

470 91 19
                                    

Camila point of view:

Eu observava as pessoas rindo e dançando naquela festa enquanto esperava S/n na mesa com Elise, a mesma foi buscar um drinque e Natasha havia ido cumprimentar um dos doutores que fora seu professor. Enfim, meus pés balançavam conforme as melodias da música ambiente e tomei um gole do champanhe que me foi oferecido, fiz uma careta e a loira ao meu lado soltou uma leve risada.

— Não tem costume de beber? – ela perguntou rindo eu acabei por rir também negando com a cabeça.

— Tá tão na cara assim? – perguntei e ela concordou, apenas suspirei e apertei os olhos vencida.

— Relaxa, você acostuma. – ela piscou e observamos S/n conversando com um homem, eles pareciam estar com os nervos aflorados e logo entrei em alerta. — Merda, o Mendes não dá paz nem na porra de uma festa beneficente.

— Eu- – ia dizer algo me levantando mas ela se prontificou me acalmando então me assentei de novo.

— Fica tranquila, ele é daqueles que ladra mas não morde. – ela bebeu do seu champanhe negando com a cabeça. — A S/a já sabe como lidar com esse babaca. – suspirei ainda apreensiva e senti o olhar do homem sobre mim carregado de malícia.

Eu tentei ler seu pensamento mas nada me ocorria, ultimamente eu não consigo usar meus dons psíquicos. Enfim, também não era muito difícil saber o que ele estava pensando, sua energia exalava soberba e raiva.

— Vocês são amigas há quanto tempo? – Elise perguntou cortando o silêncio. — Ela nunca mencionou nenhuma "Camila".

— Ah, muito tempo. – dei ombros ainda preocupada com a mulher e a loira percebeu pois deu um sorriso ladino.

— Parece que se preocupa muito com ela... – ela disse em um tom sugestivo. — Muito mais do que uma simples amiga de longa data. – fitei a loira e ela arqueou as sobrancelhas. — Eu vi o jeito que vocês se olham, sinceramente dá pra sentir de longe que tem algo aí.

— Mas não tem nad-

— Ah qual é? – ela soltou uma leve risada. — A S/n nunca trouxe alguém pra esses eventos, exatamente porque não queria ser vista com ninguém. – a loira pousou a mão sobre meu ombro. — Você deve ser realmente especial.

— Ela nunca foi vista assim com alguém? – perguntei e Elise negou com a cabeça, reprimi meu sorriso e suspirei observando a mulher voltar para nossa mesa, a expressão um pouco séria e a pose imponente. Sabe quando tudo parece ser um pouco mais lento e as coisas a sua vida parecem fazer sentido? Era estranho, mas me sentia assim.

S/n dava sentido a minha existência e eu parecia estar finalmente "vivendo".

Eu não sei exatamente se era o efeito de estar apaixonada por essa maldita mortal ou se ela sempre foi tão linda, mas de qualquer modo, ela estava realmente linda.

— Camila. – a loira me chamou e despertei do pequeno "transe". — A baba vai escorrer. – ela sussurrou rindo e senti minhas bochechas corarem em vergonha. — Você tá bem? Eu vi você e o Men- – Bauman disse assim que a mulher chegou e a mesma a tranquilizou.

— Ele tentou me provocar mas falhou. – ela bebeu seu drinque. — De novo. – acabamos por rir.

(...)

O holofote estava todo em S/n e as palmas preenchiam o local, eu e suas amigas aplaudíamos enquanto a mulher subia até o palco receber seu prêmio de excelência.

— Uh, isso é muito gratificante. – ela disse no microfone ao pegar o prêmio. — Eu gostaria de deixar meu agradecimento a todos do Hospital San Jose, desde os profissionais da limpeza, as enfermeiras, doutores e o diretor. Enfim... – ela respirou fundo. — É uma honra poder fazer parte dessa equipe, obrigada pela confiança! – agradeceu novamente e saiu do palco vindo até nossa mesa.

Abraçou suas amigas que a enchiam de elogios e apertavam suas bochechas como duas mães orgulhosas, apenas ri da cena e então, ela veio até mim me abraçando.

— Eu pensei em mencionar você no meu discurso mas soava brega demais. – ela sussurrou no meu ouvido. — Então vou fazer isso somente pra você ok? – pude ver ela tomando ar antes de dizer. — Obrigada por ter entrado na minha vida. – sorri me escondendo em seu pescoço a apertando em meus braços.

Por que você tem que ser tão você?

[Say Yes To Heaven - Lana Del Rey]

— A gente vai lá sabe? – Natasha disse pigarreando atraindo nossa atenção com um olhar sugestivo. — Pega a dica S/a. – piscou e deu batidinhas no ombro da amiga que lhe ofereceu um dedo do meio como resposta. Aos poucos a pista de dança ia se formando com pares e a música envolvia o salão, senti a mão quente tocar a minha e me arrepiei com seu toque.

— Dança comigo? – perguntou e eu sorri com os olhos assentindo com a cabeça, nos posicionamos e começamos nos movimentar.

Cada passo era tão perfeitamente encaixado e calculado mas ao mesmo tempo tão natural, meus pés apenas se moviam com o ritmo. Como se... já tivéssemos feito isso antes.

Camila. – ela silabou meu nome enquanto me girava lentamente e naquele breve instante pude vê-la em roupas de época fazendo o mesmo movimento, durou cerca de segundos mas eu a vi e sabia que ela também tinha me visto. — Você-

— Eu também. – apenas disse e segurei sua mão mais firme. — O que foi isso? – eu disse com a voz trêmula e assustada.

— Eu não sei. – ela engoliu em seco e eu apenas me aninhei em seu abraço, ainda dançamos tentando disfarçar o que aconteceu. Sinceramente, não sei como consegui pois minhas pernas tremiam e eu estava em completo choque mas simplesmente não poderíamos surtar no meio da pista de dança. — Primeiro você e agora- – ela parou de dizer. — Tem alguma coisa errada.

— S/n, tem muita coisa errada desde o início. – eu dei uma risada irônica. — Você é uma mortal e eu não! – falei em uma altura consideravelmente baixo e ela virou o rosto emburrada. — Não vira o rosto pra mim! Você sabe que é verdade, nós não deveríamos acontecer. – me soltei de seus braços procurando ar fresco.

— Porra... – ouvi a mulher xingar em um sussurro antes de vir até mim.

Eu estava perdida.

Sai do salão indo até o estacionamento, meu peito subia e descia por conta da respiração desregulada e minha mente estava a mil. Minhas mãos suavam frio e eu sentia como se pudesse desmaiar a qualquer instante. Senti uma dor forte nas costas e coloquei minha mão sobre o local, um punhado de penas se desfizeram na minha mão e abri a boca em choque.

— Camila?! – a voz preocupada de S/n soou e eu apenas me mantive estática com os olhos marejados. — Camila o que- – ela parou assim que viu a cena.

Eu precisava de ajuda.

love is not real | cc + youOnde histórias criam vida. Descubra agora