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— Sentiu algo diferente com ele? – a cupido perguntou enquanto eu tinha minha atenção em meu MacBook, eu analisava algumas ressonâncias cerebrais enquanto comia uma maçã. Neguei com a cabeça sem tirar os olhos da tela, pude ver a celestial suspirar e descansar o rosto por cima das mãos com os cotovelos sobre a mesa, sentia seu olhar sobre e de alguma forma gostava de ter seu holofote sobre mim até mesmo quando trocávamos farpas.

Era estranho me sentir assim quando estava sobre sua presença, afinal ela era a razão da minha loucura

— Ei, você pode assistir um pouco das minhas séries enquanto eu trabalho. – fitei a cupido que me olhou curiosa, dei ombros e segurei sua mão a levando até a sala, percebi que meu corpo tremia um pouco e ela não estava tão diferente, suas bochechas tomaram um tom rosado no qual eu secretamente me derreti feito manteiga por dentro.

É inegável o quão adorável aquela cena havia sido

— É... – cocei a nuca e logo pigarreei disfarçando a situação, liguei a tv e coloquei na minha conta de serviço de streaming. — Essa é minha lista de seriados mas você pode assistir outros. – entreguei o controle a ela então a mesma colocou no gênero "desenhos animados", não pude evitar a risada mas não por maldade e sim por achar fofo.

Merda

— O que foi? – perguntou curiosa.

— Nada, fica à vontade. – levantei os braços em rendição e sai do cômodo com um sorriso.

(...)

— S/N! – a voz da cupido me fez despertar, eu havia dormido em cima dos diagnósticos, exames dos meus pacientes e do meu MacBook. — Hora de aventura é incrível!

— Ah você achou? – perguntei ainda sonolenta e ela concordou com a cabeça.

— Desculpa ter te acordado, mas até que a vida humana tem umas coisas bem legais né? – acabei por rir e assentir.

— Pois é. – passei a mão pelo rosto e logo depois em meu cabelo. — E você nem provou banana com chocolate.

— Isso é melhor que desenho animado? – dei ombros e admirei a feição ingênua da figura celestial, ela parecia quase como uma criancinha numa loja de brinquedos.

— Você precisa provar pra saber. – respondi me levantando e indo até a cozinha, ela me seguiu e então comecei a preparar a sobremesa.

Minha razão estava me perguntando o porque raios eu estava criando laços com essa completa estranha que apenas me fez ter delírios e outras coisas mais, mas outra parte de mim me dizia que aquilo era tão certo que seria um pecado eu criar barreiras contra ela. E que se eu realmente tivesse que passar pela "busca do meu verdadeiro amor" com ela, talvez eu pudesse deixar apenas uma pequena brecha pra não nos odiarmos.

Enquanto eu preparava a receita, ela colocou uma música e roubou alguns pedaços de chocolate, fiz uma falsa expressão de séria e corri atrás da mesma pela cozinha e acabei a segurando por trás.

— Sua ladra. – eu disse baixo e nossos olhares se conectaram, eu senti minha respiração pesar e tudo parecer incrivelmente certo, até ela pincelar o anelar com chocolate derretido e passar pelo meu nariz dando risadas, abri os lábios em choque e ela se desvencilhou de mim.

(...)

Havíamos comido toda a sobremesa enquanto assistíamos "Stranger Things", dessa vez, ela deve ter gostado muito porque também queria experimentar waffles. Eu mal vi a hora passar e a mulher se aconchegar em meu colo para dormir, não resisti e fitei atentamente seus traços, eram realmente angelicais e lindos. Meus olhos estavam focados naquele ser, com movimentos delicados passei as pontas dos dedos indicador e anelar pela trilha de sua face, eu simplesmente não sabia decifrar o "porquê" mas estava gravando cada detalhe em minha mente. Os lábios convidativos e bem desenhados, o nariz afilado que ressonava tranquilo, os olhos fechados e tranquilos acompanhados de sua feição que transbordava pureza.

Eu sabia que ela era única e que nunca encontraria alguém assim novamente.

Senti meu coração palpitar rápido e engoli em seco, eu me recusava a cogitar algo a mais com a cupido, seria loucura e até mesmo errado. Então decidi ignorar o máximo que pudesse esses pensamentos, desliguei a tv e me levantei com cuidado, peguei travesseiros e um cobertor onde a deixei mais confortável para descansar. Ela apenas se remexeu e continuou a dormir serenamente, a fitei pela última vez antes de ir até meu quarto e apertei os olhos, balancei a cabeça e me deitei tentando miseravelmente dormir.

n/a: e vamos de comeback

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