reencounter

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— Chegamos. – disse pra cupido que olhava tudo ao redor com o cenho franzido, era outro bar mas com outra atmosfera. Um pouco mais, digamos, "rebelde". — Eu costumava vir aqui quando era adolescente.

— E isso era legal? – dei uma risada de sua pergunta o que deixou o ser celestial com uma expressão confusa.

Iniciantes...

— Você realmente não é desse mundo Camila. – comentei e sentamos nos bancos do balcão até o homem de grande porte, coberto por tatuagens e com expressão séria vir até nós. Assim que me viu, deu um sorriso de orelha a orelha.

— S/n! – disse sorridente e veio até a parte da frente me abraçar, quase fui esmagada pelo seu peso porém acabei rindo. — Você lembrou que tem um padrinho é? – bagunçou meus cabelos. Camila continuava com uma expressão confusa por ver um cara tão "carrancudo" me tratar como um bebê.

— Eu sei, eu demorei. – eu disse sorrindo. — Como vai? Está tudo ok?

— Ah claro, o que vai ser hoje? Tequila? – ofereceu.

— Ah não, eu quero "aquele". – me referi ao sanduíche que é especialidade do bar punk, denominado por "Bomba Atômica", uma mistura de quase todas calorias em uma combinação. — Me vê dois pra viagem.

— Alguém tá com fome hoje. – meu padrinho disse e logo foi preparar, enquanto isso Camila parecia me analisar com curiosidade.

— Aquele cara de quase dois metros de altura que parece uma geladeira é seu padrinho?! – perguntou intrigada.

— Uh, sim. – eu respondi rindo. — Quando eu sai do orfanato eu tive que me virar e passei por muitos empregos, esse bar é um deles. Eu também tinha um estilo bem questionável e temperamental, o Mark me acolheu sabe? Ele me ajudou muito, desde então ele virou meu "padrinho" e sempre me apoiou. – ela deu um sorriso tímido.

— Isso é bom S/n... – fez um carinho em meu ombro. — Fico genuinamente feliz.

— É, apesar da aparência assustadora ele é o mais próximo que eu posso chamar de "família". – comentei arqueando as sobrancelhas.

— Seu pedido S/n. – o homem me entregou e eu já ia pegar minha carteira quando ele me repreendeu. — Guarda isso sua merdinha, é por conta da casa. – sorri sem jeito, adorava aquele tratamento carinhoso.

— Já que insiste, vou indo então. – ele fez uma expressão triste. — Nem vem, eu prometo que volto ok?

— É pra vir mesmo! Morro de saudades da minha menina! – o abracei e me despedi, voltamos pra o carro e no caminho coloquei uma música qualquer.

[Baby Baby - The Sports]

As luzes da cidade reluziam nas janelas, o ar frio entrava e arrepiava nossas peles, algo naquela noite deixava Camila mais bonita a cada segundo que eu estava do lado dela. Talvez seja o fato de que eu me sentia atraída por ela desde o começo e tentei ao máximo reprimir isso, mas hoje eu iria me permitir. Pela primeira vez, eu não queria sustentar mais essas armaduras contra qualquer tipo de aproximação ou demonstração de afeto, pelo contrário.

Eu queria a afeição dela, queria chamar sua atenção e queria que ela nota-se o quão estou rendida aos seus encantos

— Qual a próxima parada? Corridas ilegais? – quebrou o silêncio com uma piada e eu ri sem jeito.

— Não, juro que não é nada que vai te assustar... – comentei a observando de relance. — Pelo contrário, acho que vai gostar. – sorri de canto e ela reprimiu um sorriso, gesto que eu achei estranhamente fofo.

Mais alguns minutos e chegamos, estávamos na torre telefônica abandonada da cidade. Meu lugar secreto, fazia um tempo desde que eu não vinha, é completamente vazio e com uma vista fascinante de Seattle, principalmente a noite. Subi até o topo e a ajudei a cupido a fazer o mesmo, sentamos e pegamos nossos sanduíches. Pode me chamar de maluca ao fazer isso mas confie em mim, vale a pena.

— Uau... – ela disse ao observar o mar de luzes em nossa frente. — É tão lindo.

— É. – concordei. — Eu nunca trouxe ninguém aqui sabia? Então sinta-se especial. – mordi meu sanduíche dando um gemido de prazer. — Cacete, tinha esquecido de como isso é gostoso.

— Céus. – Camila disse ao dar uma mordida em seu lanche. — É MUITO BOM! – disse alto em êxtase. — S/n, acho que isso é a melhor coisa que já provei na vida. – seus olhos brilhavam enquanto dizia e eu apenas ria concordando.

— Eu disse que a vida humana até tinha umas coisas legais. – arqueei uma das sobrancelhas e ela suspirou me analisando. — O que foi?

— Você fica bem mais bonita quando tá sorrindo e não bancando a "babaca egoísta". – declarou. — E também, tem molho no seu rosto. – ri sem graça e ela deu uma risada. — Calma... – ela passou seu dedão no canto da minha boca e nossos olhos se conectaram, o arrepio familiar me atingiu novamente, meu coração não parava de acelerar e eu poderia jurar que senti um turbilhão de coisas em meu estômago nas quais não consigo sequer descrever.

— É... – desviei o olhar. — Que bom que gostou. – pigarreei — E me desculpa por tudo. Acho que eu nunca tive maturidade e peito o suficiente pra assumir tudo o que causei.

— S/n. – chamou minha atenção e eu lhe dei. — Sou apenas sua cupido estúpida, não é? – ela deu ombros.

— Você não é estúpida, você é incrível. – eu disse, ou melhor, acabou escapando e fiquei vermelha como um tomate. Que merda S/n?! Quantos anos você tem?! Se recomponha.

— Uh, obrigada... e de qualquer forma, tá tudo bem. – ela riu e continuamos a comer nosso lanche. — Enfim, águas passadas? – ofereceu um aperto de mão e eu aceitei.

— Águas passadas. – confirmei com um sorriso tímido. — Ah, quase me esqueci. – peguei meu celular e um fone de ouvido. — Apenas isso e você fecha sua lista de "experiências humanas". – entreguei um pra ela e coloquei uma das minhas músicas.

[Nothing's Gonna Hurt You Baby - Cigarettes After Sex]

Durante a música apenas ficamos observando a paisagem, lentamente nossas mãos se encontraram e minha palpitação aumentavam na proporção em que nos encontrávamos mais próximas. Engoli em seco e meus olhos foram de encontro aos castanhos, umedeci os lábios e foi como se eles me dessem permissão pra o que viria a seguir, aos poucos nossos lábios selaram-se e eu entendi.

Eu entendi tudo claramente

Nunca foi um "acaso do destino", "uma coincidência trivial", e sim um "reencontro"

love is not real | cc + youOnde histórias criam vida. Descubra agora