i don't care

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Sorri pra mulher enquanto minhas mãos seguravam as suas em um giro desengonçado de dança, estávamos na torre e já estava para o sol nascer. O ritmo parecia se encaixar perfeitamente naquela atmosfera, eu queria morar naquele momento pra sempre, queria morar nos olhos castanhos daquele ser angelical e queria poder desfrutar da dádiva de poder percorrer todos os detalhes de seus traços delicados.

Me cansei então me sentei na borda mesmo e ela fez o mesmo encostando sua cabeça em meu ombro, os tons de rosa e azul tomavam conta do céu e a brisa fria nos atingia em cheio mas estávamos quentes então nem percebemos a queda de temperatura. Foi uma madrugada e tanto, depois do beijo eu e Camila trocamos carícias e conversamos sobre absolutamente TUDO. Eu parecia uma adolescente e sequer tinha coragem pra beija-la de novo, minhas mãos suavam frio e minha barriga parecia abrigar uma escola de samba.

O que diabos está acontecendo comigo?

— S/n. – ela chamou minha atenção e eu dei meu olhar a criatura celestial. — Faz aquilo de novo. – ela disse oferecendo um olhar suplicante e eu quase gemi em resmungo por ela ser tão linda, os olhos brilhavam e os lábios ansiavam por mim. Enfim, segurei seu maxilar de maneira suave e senti sua pele arrepiar com meus toques, dei um sorriso de canto e selei nossos lábios em um beijo delicado. Ela então levou as mãos até minha nunca aonde começou a dar leves arranhões, mordi seu lábio inferior e ela abriu sua boca me dando passagem com a língua. Estava tão bom, não era algo que necessitava avançar e ir mais a fundo, eu só queria beija-la e isso bastava.

(...)

Após a noite fora, voltamos pra casa em meio risadas e brincadeiras.

— Quando você desmaiou quando me viu na primeira noite foi muito engraçado! – a cupido disse rindo e eu tranquei a porta entrando no apartamento. — Mas acho que a vez do Dr. Liam foi a vencedora, jurei que ele iria te mandar pra o manicômio. – ela se jogou no sofá e eu revirei os olhos.

— Você iria deixar ele me levar assim?

— Você era uma babaca, então sim. – fingi uma falsa ofensa e ela me empurrou levemente. — Até parece S/n... – minhas mãos levemente procuraram caminho até as mãos finas de Camila e entrelacei as mesas, observei o quanto aquele contato era familiar e o quanto se encaixava bem. Ainda em silêncio fiz um carinho com o polegar em sua mão, admirando aquele momento e a mulher ao meu lado.

— Você acha que isso é possível? – perguntei e ela fez um som nasal. — Eu digo, nós.

— Eu não sei... – ela sussurrou. — Mas eu não me importo.

Se aproximou mais e eu pude sentir a presença de sua fragrância, encostamos nossas testas sentindo nossas respirações e ficamos ali por um tempo até eu me decidir levantar e tomar um banho. Durante a ducha só conseguia me lembrar da sensação dos lábios de Camila nos meus e em como me sentia "em casa" com ela, eu estava encantada e por mais que tenha usado todos meus artifícios contra ela, foi em vão.

Camila era inevitável.

Eu não tinha mais forças para tentar não pensar nela.

As lembranças toda hora rebobinavam em minha mente e eu me sentia tão estúpida, logo sai do banho e vesti meu pijama, estava de folga então logo que me virei secando meus cabelos, a cupido estava deitada em minha cama em posição de aguardo.

— Camila, eu sei que você não sente sono mas eu preciso de um cochilo ok? – levantei as mãos em rendição me jogando na cama. — Só meia hora e eu estou renovada. – disse me enfiando embaixo dos cobertores.

— Você diz como se eu odiasse estar com você aqui. – ela colocou a língua entre os dentes.

Fofa.

— É que eu queria te levar na feirinha do parque hoje, no museu da cidad-

— Vamos descansar Srta. Ansiedade. – colocou os dedos sobre meus lábios. — Eu não pretendo sair do seu lado tão cedo, ainda quero saber tudo da vida humana.

Sorri tímida e concordei, ela logo se virou e se deitou comigo de lado, aos mãos apoiando o rosto e eu sentia seu olhar sobre mim mas estava tão cansada que nem me dei o trabalho de me queixar.

(...)

Camila Cabello point of view

A mulher ressonava tranquila ao meu lado e eu deixei um sorriso escapar de meus lábios, meus dedos logo foram de encontro ao seu rosto aonde me permiti desenhar seus traços femininos com a ponta do dedo.

S/n é realmente linda.

Parte de mim ainda acredita que nos beijamos, eu não lembro de casos de cupidos que se apaixonaram por mortais, ao mesmo tempo eu penso sobre a sensação que tive. Foi tão familiar e tão singular, eu espero que isso tenha uma explicação pois fiquei realmente assustada. Enfim, eu estava genuinamente feliz e me sentia viva? Não sei ao certo, só sei que a adrenalina e a emoção tomaram conta de mim, eu me permiti e agora estou cogitando a possibilidade de estar apaixonada por uma mortal, logo dentre todos os humanos, eu estou cogitando ter sentimentos por S/n.

Suspirei e me levantei sentindo um incômodo, gemi de dor e fui até o banheiro checar no espelho. Uma das penas da asa estava quase caindo, segurei e sem fazer força a pena caiu deixando um machucado vermelho no local perto de minhas costas, engoli em seco e minha respiração se descompassou.

O que tá acontecendo?

love is not real | cc + youOnde histórias criam vida. Descubra agora