Mais uma cirurgia bem sucedida após 15 horas, um caso rápido, tirei a touca cirúrgica e fui em direção ao banheiro. Lavei meu rosto, eu estava com a cansada e minhas olheiras entregavam isso, afinal após 48h de intenso trabalho qualquer um ficaria assim. Meus pensamentos ora se voltavam para a cupido que me atormentava, pelo menos no trabalho ela me deixava em paz pois não sei se conseguiria fazer qualquer coisa com aquele besteirol de "amor verdadeiro". Suspirei e sai pelo corredor, até ouvir a voz do diretor do hospital: Sr. Murphy, cirurgião cardiologista sênior com um histórico impecável, eu o admirava. O senhor de cabelos brancos e boa postura, nos seus cinquenta e poucos, já havia conquistado o título de excelência máxima em seus trabalhos cirúrgicos. E além disso, tive o prazer de ser sua aluna em meus primeiros anos de residência, então sempre tivemos uma relação amigável.
— Dra. S/s! – chamou por mim e me virei, o homem acenou e eu retribui indo até o mesmo.
— Diretor Murphy, posso lhe ajudar? – falei e o mesmo colocou a mão sobre meu ombro.
— Você fez falta nesse hospital Dra. – disse e eu dei um sorriso tímido. — Estou feliz que esteja de volta, aliás espero que te ver no evento beneficente anual.
— Ah... – droga, eu esqueci disso. — Claro.
— Acredito que o prêmio de "melhor neurocirurgião" vá para sua casa por mais um ano. – ele brincou e dei um sorriso sem dentes.
— Eu espero. – ri suavemente.
— Tenho uma reunião agora mas fico contente de termos você em nosso corpo hospitalar S/s, você tem um dom fascinante. – comentou e sorriu antes de se despedir e retribui indo em direção ao estacionamento, eu estava cansada demais para pensar. No caminho me deparei com minhas amigas se preparando para irem para casa também.
— Vadia sem coração, estava indo embora sem nos avisar? – revirei os olhos e abri meu carro fazendo os faróis piscarem.
— Desculpa não pedir a permissão pra vocês mamães. – abri a porta dianteira e joguei minha bolsa nos bancos de trás e elas vieram até a minha direção.
— Você viu a Dra. S/s com o diretor? – uma das duas enfermeiras disse num quase cochicho, acho que ainda não notaram nossa presença e acabamos por nos esconder atrás do carro pra escutar a conversa, eu queria apenas ir embora mas Elise tapou minha boca e Natasha segurou meu braço fazendo com que eu ficasse imóvel ali.
— Acha que ela pode se tornar a cirurgiã-chefe sendo tão nova? – a outra questionou. — Eu digo, todos os que ocuparam este cargo já tinham anos de experiência... – conforme foram se afastando não conseguimos ouvir mais da conversa e nos levantamos.
— Você tava com o Sr. Murphy? – umedeci meus lábios e suspirei ao ter a loira me questionando.
— Sim, ele me lembrou da premiação beneficente do hospital e me deu as boas vindas. – cocei a nuca tendo os olhares de minhas amigas sobre mim. — O que?
— S/n?! Se atenta! – tomei um peteleco de Natasha e grunhi. — O diretor Murphy vai selecionar o mais competente pra exercer o cargo de cirurgião-chefe.
— E... – eu disse com desdém.
— E que você é a mais apta pra isso! É claro, faz todo sentido... – Elise cruzou os braços. — Por isso o Mendes anda mais puxa saco que o normal com o diretor.
— Então o Mendes quer essa vaga? – perguntei e ela riu.
— Você sabe que ele não perde uma oportunidade de querer competir com você, e com esse cargo, ele iria ficar insuportável. – imaginei a cena do homem mandando e desmandando em meus casos e grunhi em desaprovação.
— Isso me dá coceira só de imaginar. – estremeci. — Realmente, qualquer um menos o Mendes pode exercer esse cargo.
— Qualquer um? Qual é? Vai me dizer que não aceitaria? – Natasha indagou.
— É uma mudança bruta e é a minha carreira porra, é claro que eu quero crescer mas posso cair se não fizer as coisas com clareza. – expliquei. — Além do mais, existem outros cirurgiões nesse hospital além de mim e o Mister Puxa Saco, vamos esperar a decisão do Sr. Murphy.
— Tem razão. – a morena concordou. — Aí, vamos ir ao Taco Bells, ta afim?
— Sinto muito, preciso ir a um lugar. – disse e nos despedimos.
(...)
— Com licença, eu preciso ver Hailee Stenfield. – eu disse a secretária na recepção do grande prédio, a mulher de mais idade continuava a digitar e não me deu a mínima atenção, isso me irritou então pigarreei. — Senh-
— S/n? – a porta do elevador se abriu e a voz da mulher soou fazendo com que a secretária se assustasse.
Meu olhar foi de encontro aos castanhos profundos, de alguma forma eu sentia falta de sua presença, não era algo como urgência mas eu precisava quitar minhas pendências com a morena.
— Hailee. – eu disse colocando minhas mãos nos bolsos. — Precisamos conversar. – ela olhou para o chão apreensiva, parecia pensar se era uma boa idéia e então apenas cedeu concordando com a cabeça.
— Claro, vamos na minha sala. – entramos na caixa de metal e fomos para seu local de trabalho, fizemos o caminho em silêncio até chegar no destino. Era uma sala privada em tons claros com toques em rosé. Era tudo muito bem organizado e bonito, claro... é a cara dela.
— Hailee. – fitei o chão antes de olhar para a mulher. — Sinto sua falta. – ela riu antes de começar a chorar.
— Sério S/n? Sente minha falta? – disse num misto de raiva com tristeza.
— Sim, eu sinto! Você era uma amiga e eu gostava de como nós dávamos bem. – me aproximei. — A questão é que não queria deixar essa pendência entre nós. – ficamos a centímetros de selar nossos lábios e nossos olhos estavam conectados. — Eu sei, você sente minha falta também.
Bingo.
— Eu te odeio. – ela me puxou para um beijo carregado de "saudade", era um beijo lento e eu podia sentir suas lágrimas salgadas molharem nossos lábios. Passei meu polegar sobre suas bochechas limpando sua dor, eu via em minha frente ela cedendo a mim e se deixando vulnerável mais uma vez.
— Não torne as coisas complicadas. – ela me abraçou e eu acariciei seus cabelos.
— S/n... – ela disse num quase sussurrou e fitou meus olhos e pela primeira vez eu senti remorso ao beija-lá.
— Apenas me prometa que não vai se apaixonar por mim, por favor.
Silêncio.
[n/a: eu sumo mas volto, mamãe ama vcs <3]
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love is not real | cc + you
Fanficna qual s/n é uma cética que não acredita em amor verdadeiro então o destino envia camila, sua cupido, para fazê-la crer no amor e orienta-la na busca de sua alma gêmea. mas, o que acontece quando sua própria cupido se apaixona por você?