— Camila... – me aproximei com cuidado da figura feminina enquanto a via tremer e chorar baixinho. Parecia extremamente vulnerável e eu hipótese alguma queria deixá-la ainda mais tensa.
— Só me leva embora por favor. – ela se virou com os olhos marejados, pude ver a dor em seu olhar e prontamente concordei.
Lhe dei minha capa para esconder suas asas e caminhamos até minha Mercedes, no caminho de casa ela permaneceu em silêncio e eu respeitei seu momento. Não queria invadir seu espaço e parecer inconveniente mas a cena de um punhado de suas penas se desfazendo em suas mãos não saiam da minha cabeça, o jeito que ela vem agindo é por causa disso?
Eu precisava saber
Por favor Camila, me diz
Eu quero te ajudar
Reprimi meus pensamentos enquanto franzia o cenho me concentrando na estrada novamente após fitar a imagem da cupido com as pernas próximas de si, os olhos vermelhos e inchados observando a paisagem pela janela completamente distante em sua própria mente.
(...)
Quando chegamos em casa, ela foi para o quarto enquanto eu me limitei a ficar na sala. Apenas pedi licença para me trocar e pegar um cobertor, acabei por decidir dormir na sala e deixá-la no conforto da cama de casal. Em silêncio ela apenas segurou minha mão e levou até sua cintura, suspirou e segurou meu rosto deixando uma lágrima solitária percorrer sua bochecha.
— Fica... – pediu suplicante com os olhos e eu assenti com a cabeça totalmente rendida a tal ser celestial.
— Você quer conversar? – perguntei e ela mordeu o lábio inferior apreensiva.
— Não sei o que está acontecendo comigo.
— Como assim?
— Está diferente. Tudo está diferente S/n. – ela engoliu em seco tomando ar para falar de novo. — Eu sinto coisas que eu não deveria sentir.
— Você acha que...
— Acho que estou me tornando mortal.
Ela disse e o quarto se preencheu com silêncio, os castanhos marejados vieram de encontro aos meus novamente e eu a puxei pra um abraço, a única coisa que consegui pensar naquele momento é como a cabeça dela devia estar: um completo caos.
— Eu não sei o que fazer! – ela disse abafado enquanto chorava e apertava minha roupa.
— É por isso que anda estranha? Está pensando maneiras de evitar isso? – questionei um pouco assustada com tudo que estava a acontecer.
— Eu não sei se realmente quero essa vida. – me olhou como se fitasse minha alma. — Me assusta mas... – seus castanhos vieram diretamente para os meus azuis. — É menos apavorante do que a ideia de não te ter.
Selei nossos lábios e acariciei sua bochecha, ambas vulneráveis e sem a mínima ideia das consequências que poderíamos ter, porém com a certeza de que nós queríamos.
Nós nós queríamos e isso bastava.
— Você já me tem. – eu disse com um bolor formado em minha garganta, vê-la assim me cortava em mil pedaços e me fazia odiar cada centímetro de mim por pensar ser responsável por sua dor. — Mas se eu-
— Shh. – colocou o indicador sobre meu lábio. — Pare bem aí. – segurou minha mão aninhando seu rosto sobre ela. — Eu nunca te culparia por isso, são meus próprias questões internas e eu sei que essa luta é minha.
— Não Camila. – sussurrei. — Suas lutas são minhas também, quero que tenha em mente que estou aqui pra tudo. – beijei sua testa. — Me promete, vamos enfrentar isso juntas? Não me esconda mais nada, por favor?
— Eu prometo.
(...)
Os próximas semanas passaram voando, agora estou no hospital trabalhando feito louca pra cumprir minha carga horária para sair nas férias de verão. Elise e Natasha não param de falar sobre a casa de veraneio que compraram no interior, além da notícia de que a guarda do filho delas finalmente saiu, ou seja, elas finalmente conseguiram passar pela burocracia da adoção e vou conhecer Luca, o garotinho de 5 anos que já me conquistou sem ao menos tê-lo visto.
— Aí S/a. – Natasha chamou minha atenção pelo corredor e eu dei minha atenção. — Você e Camila já fizeram as malas? Lembra do repelente, aquele lugar o que tem de lindo tem de pernilongo. – revirou os olhos.
— Sim, ela tá animada também. – sorri lembrando de sua empolgação e a morena deu um cutucão em meu ombro.
— Vocês já transaram? – ela perguntou sussurrando. — Por que essa carinha ou é um chá bem dado ou é amor.
— Cala boca Natasha. – lhe dei o dedo do meio. — E não, nós não transamos.
— O QUE?! – ela falou um pouco mais alto chamando a atenção das enfermeiras e recepcionistas, pigarreou disfarçando e sorriu sem graça. — O que?! – disse sussurrando. — Como assim não transaram? Então você só pode estar... – ela arregalou os olhos e me levou para o quartinho dos médicos aonde poderia surtar o quanto quisesse. — VOCÊ TÁ APAIXONADA?! – apenas fiquei em silêncio e comecei a rir quando minha amiga começou a me chacoalhar pelos ombros. — A S/N QUE EU CONHEÇO?! MINHA MELHOR AMIGA PIRANHONA?!
— Foi uma surpresa pra mim também. – eu ri da situação. — E ao mesmo tempo tão natural, eu não sei. – suspirei. — A única certeza de que tenho é que ela. – sorri tímida. — Sempre foi ela.
— Caralho que lindo. – a morena me abraçou e apertou minhas bochechas. — Tô tão feliz por você! Sabia que iria encontrar alguém que faria te sentir isso!
— Ela me encontrou Nath. – suspirei arqueando as sobrancelhas. — Eu estive perdida por tanto tempo e ela me achou.
— Elise vai surtar- – nossa conversa foi interrompida por meu celular tocando me relembrando do meu próximo plantão de 48h.
— Preciso ir, mais tarde na lanchonete? – combinamos nosso próximo encontro e eu sai daquele quartinho dando de cara com Mendes, revirei os olhos e ele arqueou as sobrancelhas sugestivo quando minha amiga também saiu de lá.
— Olha só, não perdoa nem as amigas comprometidas Dra. S/s? – o fitei da cabeça aos pés franzindo o cenho. — É de se esperar.
— Não tá sabendo não Mendes? – Natasha passou o braço sobre meu ombro. — Eu, Elise e S/n agora somos um trisal. – ela sorriu forçada e ele ficou petrificado completamente surpreso. — E o sexo é uma delícia! Sabe sexo? Aquilo que você não faz e precisa fiscalizar o dos outros? – segurei o riso enquanto ele procurava palavras pra responder à altura sem sucesso.
— Vocês são loucas! – disse completamente vermelho de raiva e saiu pisando firme.
— Sério que idiota. – revirei os olhos e a morena continuou com o braço em volta de mim até eu notar seu olhar malicioso sobre mim. — Nath-
— Trisal não é má ideia não é?
— Ah porra que nojo Natasha! – me distanciei e ela caiu em risadas, logo me vi rindo também antes de ir pra o próximo plantão.
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love is not real | cc + you
Fanfictionna qual s/n é uma cética que não acredita em amor verdadeiro então o destino envia camila, sua cupido, para fazê-la crer no amor e orienta-la na busca de sua alma gêmea. mas, o que acontece quando sua própria cupido se apaixona por você?