❈ ℂ𝕒𝕡 𝟚: 𝕊𝕔𝕒𝕣𝕖𝕕 ❈

752 91 9
                                    

POV LOUIS

Naquela tarde de sexta, tudo estava acontecendo de forma relativamente rotineira. Eu ajeitei uma papelada, tomei uns três copos de café, visitei alguns sets de futuros filmes e séries e fui gentil com os meus funcionários. Isso foi até o momento em que Stanley adentrou minha sala, tirando um suspiro descontente de mim.

- Uau! Como me sinto bem-vindo! - falou sarcástico e eu ri falsamente. Eu só queria que ele saísse dali e sumisse da minha vida - O que aconteceu?

- Só cansaço - menti. Eu amava meu trabalho, eu mesmo fazia meu horário e eu estava com meu sono em dia. Eu não estava cansado eu só estava cansado dele.

- Que pena - falou com descaso e eu quis matá-lo. Eu sempre queria - Ah, eu comprei meu presentinho - mordeu o lábio inferior em animação - Eu comprei uma mulher! Uma ômega morena e magrinha. Ela vai fazer tudo que eu quiser, realizar todos os meus desejos. Eu nunca mais vou precisar pagar por empregados. Você devia comprar uma escravinha também.

- Stan eu já disse que isso não tem graça. Eu não vou tolerar esse tipo de coisa aqui. Tráfico humano não é engraçado e escravidão muito menos - repreendi irritado, mas ele riu. Ele riu depois daquele sermão e eu só queria enforcá-lo - O que foi dessa vez?

- Não é brincadeira, bobinho. Eu comprei uma escrava. Ela é virgem, sabe fazer várias coisas domésticas, come pouco e é quieta. Ela chega às 5:00 PM no aeroporto com uma blusinha verde bandeira bem apertadinha que tem uma estrela no meio, você sabe, para identificação. Aliás, você pode me levar pra lá? Falta uma hora pra ela chegar e meu carro 'tá no mecânico - pediu descaradamente enquanto eu mantinha meus lábios entreabertos. Era como se tivessem me apunhalado por trás.

- Stan você... 'tá demitido - foi a primeira coisa que eu consegui dizer, vendo a expressão dele murchar - Sinceramente, você é nojento e eu odeio essa sua nova personalidade. Eu te mantive aqui porque eu tinha medo da sua reação quando eu te demitisse, mas você é inútil e ridículo. Eu odeio você e vou fazer de tudo para que esteja atrás das grades o quanto antes. Agora, enquanto você chama um Uber eu vou buscar a pobre menina que foi traficada e tentar fazer com que isso seja menos traumatizante pra ela - foi o que eu consegui dizer sem que começasse a chorar em plena decepção. Stan não falou nada, apenas ficou com uma expressão chocada no rosto - Arrume suas coisas e saia, você tem meia hora ou os seguranças vão te tirar daqui à força - mandei, me levantando com as pernas ainda trêmulas.

- Lembra que o dinheiro é seu, o saque foi seu. É seu nome, seu histórico - ele disse ao que passei do seu lado, antes de sair da sala. Eu rosnei, ignorando-o e saindo dali apressadamente.

Eu tinha uma garota para socorrer.

POV HARRY

Aquela manhã foi a mais conturbada da minha vida. Primeiro, minha mãe começou a chorar compulsivamente porque Gemma não estava lá. Não por preocupação com a própria filha, mas sim por temer a própria morte.

Depois disso, meu pai me bateu como nunca antes e eu jurava que ele nunca mais iria parar. Mas então ele parou. Meu olho ficou roxo e tinha um corte na minha bochecha, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Então, Simon chegou e disse que precisaria me levar, ou então ele também seria morto. Eu fui de prontidão porque sabia que isso aconteceria, mas temia minha própria vida a todo momento.

Eu pensava se o tal do Stanley ficaria bravo por eu ser homem, mesmo que fosse ômega. Também pensava em como seria o meu transporte para outro país ou lidar com os traficantes no meio disso. Eu só queria terminar aquele dia vivo. Isso seria ótimo!

Eu entrei em um carro com Simon - não era tão precário quanto eu imaginei, era até seguro no meu ponto de vista - onde andamos por cinco horas e meia. Ele me deu um pão no meio do caminho, o que me ajudou a não desmaiar. Com isso, chegamos à um campo asfaltado enorme que possuía um avião privado ao longe. Tivemos que andar até lá, mas ao chegar no tal avião eu fiquei até aliviado.

𝐌𝐢𝐬𝐭𝐞𝐫𝐢𝐨𝐮𝐬 𝐛𝐨𝐲 (𝐚𝐛𝐨) | 𝐋.𝐒.Onde histórias criam vida. Descubra agora