𝐌𝐢𝐬𝐭𝐞𝐫𝐢𝐨𝐮𝐬 𝐛𝐨𝐲 (𝐚𝐛𝐨) | 𝐋.𝐒.

Eρίᥣ᥆g᥆

POV HARRY
Acordar ao lado de Louis pra mim era rotina depois de cinco anos juntos. Fomos a Los Angeles, Milão, Miami, Orlando, Tóquio, Cancun, Ottawa, Rio de Janeiro, São Francisco, Carolina do Sul, Veneza, Paris e diversas cidades pequenas e aconchegantes do litoral americano e Europeu das quais o Tomlinson nem se importou em me informar o nome, mas todos os lugares que eu ia com Louis me davam aquele sentimento que tive desde a primeira vez que pisei em sua enorme propriedade: eu estava em casa, estava no meu lar, exatamente onde eu deveria estar.

Meu desejo mais recente era ir para Grécia. Louis se sentiu um pouco tolo por não ter me levado lá ainda, mas ele também nunca tinha ido até lá – o que era algo raro para Louis Tomlinson – dizendo que ele imaginava ser um lugar romântico demais para ir sozinho, com a família ou qualquer pessoa que tivesse existido em sua vida antes de mim. É claro que fazer coisas românticas com ele nunca me cansavam, mas meu real objetivo naquela viagem era ter algum tipo de boom criativo para que eu conseguisse terminar de escrever o livro do qual eu estava trabalhando há quase um ano.

Sim, minha carreira de escritor perdurou durante aqueles gloriosos cinco anos da minha vida. Eu não escrevi nenhum best seller, nem nada do tipo. Algumas pessoas cruéis sempre dizem que eu vivo na sombra de Louis, à margem de toda sua glória,  mas não é como se eu pudesse ou quisesse mudar isso. A realidade é que eu levava uma vida confortável: eu trabalhava com o que amava, meus livros faziam um sucesso considerável e eu ainda tirava uma renda com patrocinadores que não se cansavam de sugar qualquer vislumbre de fama que eu exalasse. Além disso, a essa altura eu já tinha comprado ações o suficiente pra permanecer milionário o resto da vida sem nem sair do sofá.

– Pegou seu casaco? Não queremos repetir o que aconteceu em Milão – Louis perguntou enquanto descíamos até o primeiro andar de casa com nossas malas, prontos para ir até o aeroporto.

– Eu não vou pegar nenhum tipo de resfriado, Sun – soltei um leve riso, me encostando no espelho do elevador.

Meu namorado ainda era cuidadoso comigo. Eu já sabia mais sobre a vida: já sabia me cuidar, garantir minha vida, fazer minhas próprias amizades e lidar com o dia a dia que uma celebridade leva. Mesmo assim, eu via nos olhos de Louis que ele ainda enxergava o garoto desnutrido com o sotaque confuso e rosto machucado que chegou chorando no aeroporto por temer a própria vida.
Eu me lembro de sentir muito medo daquela época: medo de perder meus amigos, minha liberdade, o cara que eu estava apaixonado e dormia de conchinha todas as noites... medo de perder a vida. Mas apesar de tudo que eu e Louis passamos juntos, eu não pensava no quão assustado ele estava perante tudo aquilo. Ele também tinha medo de me perder, de ser responsável pela morte de um jovem, de perder sua liberdade ou a confiança daqueles que o amavam.

Acho que Louis foi tão afetado por tudo aquilo, que nunca conseguiu se desprender do medo de me perder, de que eu me machucasse ou simplesmente desaparecesse do mundo.

– Não acredito que ainda não se cansou desse tênis – ele disse ao me tirar dos meus próprios pensamentos, encarando meus par de vans bege com o cadarço rosa enquanto esperávamos a chegada do motorista.

– É tão confortável... parece que fizeram pensando no formato que meu pé horrendo tem – respondi e ele riu com ruguinhas ao lado dos olhos – Mas se estiver te incomodando eu posso tirá-los e ir descalço.

– Oh não, isso seria um show de horror – ele respondeu e nós rimos juntos antes que eu desse um soquinho no ombro do alfa – Eu gosto dele, mas você não é de se apegar a nenhum calçado assim... eu sei que tem alguns no seu closet que você nunca chegou a usar.

– Yeah, isso é verdade – dei de ombros – Mas às vezes eu ainda me apego a uma tralha. Você sabe, eu não sou de resistir a coisas que fazem eu me sentir confortável – pisquei pra ele, que riu fraco, me pegando pela cintura e colando nossas bocas sem muitos rodeios.