— oi, eu sou a Lisa hoje faz um mês desde o início desse inferno. — falo encarando a câmera que estava na mesinha no centro da sala. — eu não sei o que está acontecendo no mundo lá fora, as autoridades desistiram de nos salvar a dias e eu já não espero um resgate.Fico de joelhos no chão encarando a lente da câmera pensando no que dizer, em alguns dias o gerador de luz já não iria mais funcionar e eu só teria comida suficiente para umas duas semanas vivas, o que era muito no meio de tudo aquilo.
— eu não tenho notícias dos meus pais desde o terceiro dia disso tudo, eu não sei se eles estão vivos, mortos ou se viraram esses parasitas. — respiro fundo engolindo o choro, eu não iria chorar. — e eu sei minhas regras, eu sei que eu não deveria sair daqui a não ser que não tivesse opções... Mas o rádio de polícia do meu pai ligou, e eu ouvi a voz de pessoas ainda vivas pedindo por socorro vindo da mesma escola que eu e eu não consigo viver sabendo que tem gente viva.
Certa parte agora eu entendo porque meu pai nunca ouviu minha mãe e deixou o trabalho de policial, ele não conseguia viver sabendo que existia pessoas que precisavam da ajuda dele e ele não ir ajudar, eu sabia o sentimento que ele tinha agora.
— eles estão presos no depósito do colégio, isso significa que eles devem ter comida e água, mas eu também ouvi grunidos isso significa que eles podem morrer a qualquer momento. — digo ainda encarando a câmera mas dessa vez eu já estava decidida do que fazer. — a regra número um foi por água abaixo depois de hoje, mas prometo que irei refazer essa regra assim que eu voltar para casa junto com eles, irei pensar em um plano e vamos para um lugar mais seguro que aqui.
Depois de um tempo encarando a câmera eu a desligo, me levanto do chão frio da sala e ando em direção até o quarto dos meus pais no segundo andar da casa. Pego a mochila dele no guarda roupa e deixo em cima da cama, só o necessário.
Fiquei nas pontas dos pés e coloquei algumas roupas com tecidos mais grossos, algumas facas e uma bolsa de primeiros socorros, isso seria o suficiente para tentar salvar alguém se tivesse fora do meu alcance eu não iria me sacrificar por ninguém, isso é algo que eu digo e que eu com certeza irei cumprir.
— o que eu estou fazendo? por deus. — digo quando calço as botas que meu pai usava no trabalho, cabiam certo no meu pé e eu agradecia por isso.
Coloco a mochila nos meus ombros e ando até a garagem, meu pai havia dois carros, seu carro para viagens em família e uma Van que usava para o emprego, e a minha melhor opção agora era essa Van.
Joguei a mochila no banco do carona e então entrei na Van, respirei fundo algumas vezes tentando criar coragem para isso e então girei a chave no contato fazendo assim o barulho do motor soar, eu sabia que aquele momento já haviam zumbis por perto prontos para atacar assim que eu saísse, mas eles não esperavam por uma coisa.
Bato debaixo do banco do motorista e sinto o revólver cair na minha mão, meu pai não sabia que eu sabia exatamente onde ele guardava as armas, mas eu tinha consciência de cada lugar que elas estavam escondidas.
Aperto o botão perto do volante fazendo o portão abrir e também abro um pouco a janela do carro para eu conseguir por a mão com a arma para fora, eu atiro em dois dos zumbis que estavam vindo em minha direção, piso no acelerador e então em questão de segundos vejo três deles pendurados nas portas do carro. Fecho o portão antes que qualquer um entrasse lá dentro e então atiro nos zumbis que estavam tentando a todo custo quebrar as janelas blindadas da Van.
As ruas haviam mudado completamente, antes ruas cheias de árvores e com senhorinhas conversando agora se tornaram lugar de caos e sangue por todos os lados. Carros destruídos e pedaços desses parasitas - que eu havia carinhosamente apelidado de zumbis - estavam por todos os lados, eu não sabia como eu iria sobreviver a tudo isso por mais tempo porque a vontade que eu estava de desistir de tudo naquele momento conseguia ser maior que qualquer coisa.
Senti meus olhos se encherem de água e mais uma vez eu não deixei o choro tomar conta de mim, eu sabia que se um dos meus pais estivessem aqui eles iriam pedir pra eu me acalmar e iriam falar "tudo vai ficar bem, pokpak" mesmo que eu odiasse esse apelido, a única coisa que eu queria agora era ouvir eles falando isso.
Os gruninhos do lado de fora do carro eram altos e me assustavam, mas eu tinha que usar meu medo para salvar as pessoas presas no meu colégio. Passo pelo portão da escola e então dirijo rapidamente a parte de trás da escola onde ficava a escada de incêndio que vinha direto do terraço. Não tinha tantos zumbis naquela parte e os que tinham estavam longe, e então tomei coragem para sair do carro. Coloquei a arma na minha cintura e peguei as mochila colocando nas costas, ajeitei a máscara no meu rosto e então com impulso subi na escada de incêndio e subi até o terraço.
Zumbis não sobem em escadas, sobem? Eu não sabia mas se tivesse algum no terraço eu iria descobrir.
Assim que coloquei os pés no terraço eu não vi nada, apenas cimento e alguns pedaços de madeiras, olhei para a vista que tinha do terraço e me senti horrorizada, fumaça, fogo e prédios destruídos faziam parte da cidade em menos de dois meses desde que tudo isso começou.
— vamos lá, Lalisa. — digo a mim mesma e encaro a porta do terraço, andei em passos lentos até lá e tirei a arma da minha cintura. Abri a porta devagar e olhei nos dos lados não vendo nada.
Andei pelo corredor devagar para não chamar atenção nenhuma e assim que avisto um zumbi no final da escada eu congelo, eu não poderia usar a arma agora iria chamar muita atenção. Volto a por a arma na cintura e pego a faca na mochila, espero ele vir correndo até mim e desvio de seus braços sujos de sangue e enfio a faca no meio de sua testa, então o vejo cair para o lado.
— porra.
Foi a primeira vez que eu matei alguém ou seja lá o que isso for usando uma faca e estando tão próximo assim. Atirar era bem diferente dessa sensação.
Desci as escadas devagar e com a faca na mão pronta para qualquer coisa, o corredor estava vazio e eu esperava que continuasse assim. Passei por algumas salas e vi vários zumbi batendo contra a janela assim que me viram o que me assustou no primeiro momento mas logo percebi que eles não conseguiram me alcançar.
Eu já estava próxima do depósito onde eles estavam e isso me acalmava um pouco se não fosse pelos zumbis no final do corredor, eram uns dez zumbis correndo desesperados na minha direção.
— não, eu nem fudendo. — falo começando a correr e subo mais uma escada tentando não tropeçar, vejo mais um zumbi na escada mas antes que eu ficasse sem esperança meu corpo reagiu primeiro enfiando a faca no pescoço dele e rasgando toda aquela região, como eu havia feito aquilo no desespero? eu não sabia.
Joguei o corpo do zumbi na direção dos que vinham atrás de mim e vejo eles caírem mas logo se levantarem, volto a correr rápido e assim que avisto as porta do depósito bato com força.
Meu coração só faltava sair pela boca aquela altura, meu corpo estava começando a se mover no automático.
— abre essa merda. — digo eles demoraram a responder. — eu tô viva porra eu vim tirar vocês daqui.
A porta foi aberta e eu caí para dentro da sala puxando meu pé rapidamente vendo a porta se fechar com força, havia um buraco na porta e isso provava minha teoria de que eles não tinham tanto tempo ali naquele lugar. Subo meu olhar na direção dos que estavam ali e reviro os olhos.
— tanta gente no mundo e são vocês? — digo irritada e me levanto do chão.
— a gente salvou você, deveria nos agradecer. — o mais alto ali falou e eu ri irônica.
Limpo minhas roupas e jogo a mochila no chão.
— vistam isso aí, é mais confortável pra correr.
De todas as pessoas que eu pensava que iria salvar, eu não imaginava que eu ia salvar justo as pessoas que me atormentaram... por zeus.
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a praga viva
FanfictionLalisa durante sua vida havia sido a garota quieta que ouvia piadinhas sobre as coisas que gostava, mas tudo isso começou a mudar quando um apocalipse começou e ela se tornou a única esperança de um grupo de jovens