9: plano

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Durante o jantar já não foi um completo silêncio, as três velas no centro da mesa eram as nossas únicas fontes de luz durante aquela noite, e por mais que algum dia não tivéssemos sequer pensando na possibilidade de passarmos por algo assim, não estamos reclamando por estar jantando uma sopa ruim a luz de velas.

Bambam havia contado como foi que Jisoo e ele decidiram terminar o namoro, eles namoraram por um ano e simplesmente tiveram uma conversa amigável dizendo que não queriam mais. Sempre soube que jisoo era bem responsável com sentimentos dos outros e tenho certeza que a conversa foi o mais tranquila possível.

Bambam era um ano mais velho que eu e um ano mais novo que jisoo, eles se conheceram durante um campeonato de natação que jisoo participou no clube que minha família sempre ia, se tornaram amigos e então namoraram porém de certa forma acredito que eles nunca de fato se viram de forma romântica, mas bambam é o homem mais apaixonante possível então fazia sentido jisoo ter caído nos charmes dele tão fácil.

  — com licença.— falei depois de terminar de comer e limpar minhas coisas, eles acenaram pra mim desejando boa noite e eu apenas dei um sorriso rápido e subi as escadas pegando a maleta com curativos.

Depois que eu já havia até mesmo trocado de roupa, ouvi toques na porta e logo Jennie entrou com os olhos curiosos como se me procurasse.

  — entra e senta aqui. — bati na cama e ela rapidamente se sentou de frente para mim.

Fiquei de joelhos na frente dela e segurei em seu pé enquanto tirava o curativo antigo, a ferida já havia até mesmo tido uma melhora e eu já imaginava que logo não estaria mais doendo.

  — eu sinto muito... — ouvi a voz baixa de Jennie e então a olhei confusa. — pela farinha, pelas rodinhas do skate... Por toda a brincadeira babaca...

  — não tem o porquê de você tocar nesse assunto agora.

Eu já não estava mais sorridente, com certeza tocar naquele assunto ainda era muito delicado para mim e eu não queria conversar sobre aquilo, não com ela.

  — eu só... Quero te pedir desculpas por causar tudo isso, eles não tem culpa. — Jennie disse baixo e tentei ignorar tudo que ela falava enquanto fazia o novo curativo. — Lisa...

  — Jennie, me desculpa mas eu não quero falar disso, muito menos com você. — falei enquanto finalmente terminava aquele curativo.

Jennie pareceu entender e então ficou calada, quando eu terminei eu me levantei do chão e fiquei de costas para ela enquanto ajeitava todas as coisas de volta na maleta de primeiros socorros. Jennie ainda estava na mesma posição, eu conseguia vê-la pelo espelho do quarto mas não ousei chamar a atenção dela.

  — Lisa! — jisoo falou entrando no quarto, seus olhos foram diretos para Jennie mas ela não demonstrou reação alguma com aquela situação. — o que queria falar comigo?

  — eu senti um cheiro estranho vindo do lado da casa, acho que os zumbis estão começando a ouvir muito barulho daqui e estão começando a tentar entrar pelo lado. — expliquei para ela e Jisoo fez uma careta demonstrando sua desaprovação sobre a nova descoberta. — precisamos de um lugar maior, mais protegido pra gente urgente, Jisoo.

  — e onde exatamente? Você tem alguma ideia? — jisoo cruzou os braços e olhamos para Jennie ao mesmo tempo quando ela se levantou da cama.

  — eu acho melhor deixar vocês a sós. — ela disse baixo.

  — fica, quanto mais melhor. — jisoo comentou e ela concordou levemente.

Eu apontei para o mapa detalhado da cidade pendurado na parede atrás de mim e Jisoo olhou para onde eu apontei, seus olhos vasculharam toda aquela região e então voltaram para mim.

  — um lugar protegido... Perto de suprimentos... — resmungou baixinho e eu olhei por todo o quarto a procura de uma resposta.

Meu pai estava parado no escritório usando sua farda da polícia, havíamos acabado de chegar de um enorme evento do prefeito, era o tipo de coisas que tínhamos que fazer por nossa família ser amiga da família do prefeito Jung.
 
  — sabem, o que aquele lugar tem de perfeito? — meu pai disse com um sorriso no rosto. — aquele portão é difícil de se romper, nem mesmo um carro pode fazer aquele portão abrir, meninas.

  — mas por que isso é bom? — Jisoo perguntou.

  — atrás daquela fábrica tem uma plantação de frutas, ou seja tem terra boa. — ele explicou. — além de ser um lugar grande e protegido com a melhor tecnologia! A Lisa sabe do que eu estou falando.

  — papai por que eu tenho que ir aquele lugar quando o senhor vai? É cansativo. — minha voz saiu arrastada pelo sono.

  — bom, a jisoo não pode ir porque está no primeiro ano da faculdade e você está sempre disponível depois da aula, é legal aprender sobre segurança.

  — mas é tão chato... — resmunguei e ele riu baixinho, tirou uma barra de chocolate do bolso e entregou para mim, depois pegou outra barra e entregou para Jisoo.

  — vão descansar.

Sai dos meus pensamentos como se tivesse acabado de ser iluminada por um anjo, e de fato eu me sentia orgulhosa de mim mesma por ter lembrado de tudo aquilo.

Andei para o outro lado do quarto e peguei o quadro com a nossa foto em frente a fábrica de suco, jisoo me encarou confusa o que não foi uma reação diferente da que Jennie teve.

  — esse, esse é o lugar perfeito! Podemos plantar nossa comida, nos proteger por bastante tempo e viver em paz sem se preocupar tanto com zumbis, Jisoo!

Minha irmã pegou o quadro das minhas mãos e então analisou a foto, Jennie olhou para a foto junto de jisoo e então ela me olhou.

  — essa fábrica fica do outro lado da cidade... Jisoo mesmo disse que está tudo um caos agora.

  — é a nossa única saída, podemos fazer paradas em pontos estratégicos e descansar. — expliquei pegando uma caneta e voltando a analisar o mapa.

  — Lalisa, onde iríamos arranjar água? — jisoo questionou.

  — quando chove a água vai direto para um enorme poço que tem na fábrica, papai me mostrou isso, foi tipo um projeto do dono para caso faltasse energia por muito tempo. — expliquei. — claro que a ideia inicial era sobre ninguém parar de trabalhar nem quando falta energia, mas isso pode ser útil para nós.

  — deve estar cheio de zumbis ali dentro... — Jennie comentou e Jisoo concordou.

  — a gente vai dar um jeito... — falei tentando acalmar a preocupação das duas, com toda coisa na cabeça Jennie aparentemente esqueceu que seu pé ainda estava ferido e o colocou no chão para apoiar seu peso o que resultou em uma feição de dor e uma quase queda, se não fosse por mim ela teria se machucado no chão.

Passei meu braço por sua cintura evitando que ela caísse e então a carreguei até a cama, seus olhos percorreram por todo meu rosto e então ela se acalmou rapidamente, voltei a ajeitar minha postura e encarei minha irmã que estava mais focada em analisar o que havia acabado de acontecer.

  — então... — chamei a atenção da minha irmã.

  — se preparem, vou falar com o Bambam vamos ajeitar o outro carro do papai.

a praga vivaOnde histórias criam vida. Descubra agora