2: medo

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Esperei todos eles já estarem devidamente mais confortáveis com as novas roupas e encaro um por um buscando algum ferimento que fosse nos prejudicar na corrida para fora daqui. Eu senti alguns olhares em mim e eu sabia que maior parte dos olhares eram das garotas, afinal, eu sabia que elas se questionavam o porquê de eu estar ali.

  — como você sabia que estávamos aqui? — Rosé perguntou e olhei em volta atrás do rádio que eles usaram para pedir socorro. Aponto na direção e elas olharam finalmente entendendo.

  — meu pai é da polícia e eu ouvi. — digo e olho para os pés deles. — está machucada?

Perguntei na direção de Jennie e ela tentou esconder o pé, abri a mochila novamente e peguei os primeiros socorros.

  — por que seu pai não veio então? — Kai perguntou ainda claramente irritado por me ver ali.

  — eu não tenho notícias do meu pai, para de resmungar, parece uma criança birrenta. — vejo ele se irritar mais ainda, mas naquele momento ele não podia me intimidar mais do que os monstros lá fora.

Me ajoelho na frente da garota e tento analisar o corte no pé dela, eu sabia que não era mordida talvez ela tenha se machucado em alguma corrida até ali ou até mesmo nesse depósito. Antes que eu tentasse fazer o curativo para que a gente pudesse sair dali, Kai se intrometeu e pegou o curativo da minha mão alegando que ele mesmo iria fazer o curativo na namorada. Eu respirei fundo mas não liguei.

  — só saiba, que se você não fizer isso direito nós todos aqui vamos morrer. — falei e ele revirou os olhos, Jennie não disse nada o que já era de costume e eu apenas voltei a atenção aos outros. — Félix, rosé, Momo, Minnie, Jennie, Kai.

Anoto o nome deles mentalmente.

  — Minnie, rosé encham a mochila com comida, vamos precisar demais.

Falo e depois me afasto subindo em cima de uma mesa para poder olhar o que estava acontecendo no corredor, estiquei um pouco meus braços pra poder me apoiar na grade e suspiro fundo vendo alguns zumbis ali fora.

  — você tem uma arma? — ouvi a voz de Minnie e então a olho de canto de olho.

  — só para últimos casos, senão pode chamar atenção dos zumbis. — expliquei e Minnie balançou a cabeça entendendo a informação e voltando a por comida e água na mochila.

  — e para onde vamos? E por que devíamos confiar em você? — Kai deu o ar da graça novamente e revirei os olhos.

  — cara, a garota veio até aqui tentar nos tirar daqui e você tá sendo insuportável, abaixa essa bola aí. — Félix se intrometeu pela primeira e eu olhei surpresa, de todos eles eu não imaginei que Félix iria ficar do meu lado tão rápido.

Eu não julgo Kai, era um apocalipse zumbi, confiar nas pessoas naquele momento poderia ser um tiro no pé. E eu também não confiava em nenhum deles ali, mas manter eles vivos era minha prioridade agora.

Me sento na mesa pensando no que fazer e então lembro que zumbis se atraem pelo som, eu só precisava de algo que fizesse muito barulho. Olhei em volta e notei que em cima da prateleira tinha uns sinos, provavelmente ele ficava em cima da porta mas eles tiraram por causa dos zumbis.

  — não tem muitos zumbis no caminho que vamos fazer, mas vocês vão precisar correr. Então se algum de vocês tiver algum objeção falem agora. — falei e peguei os sinos sem fazer barulho.

  — é perigoso sair daqui agora, você está maluca?

  — com esse buraco na porta? Vocês tem no mínimo algumas horas.

  — olha ninguém vai vir buscar a gente aqui! A gente tá sobrevivendo com bolacha e água quente. — Rosé se pronunciou e garoto se calou.

Prendi a risada com a cara dele e então peguei minha mochila do chão, peguei duas facas de lá e entreguei na mão do Félix e outra na mão da Momo.

  — só tenho três, então Félix se encarrega de ir na frente da rosé e da Minnie. — explico e ele entende rapidamente. — momo fica de olho na Jennie e no Kai, eu vou atrás de vocês.

Os dois assumiram a posição e eu abri a porta minimamente apenas para conseguir jogar os sinos com força para o outro corredor, sem exitar os zumbis correram atrás do som e eu sorri vitoriosa por ter dado certo. Abri a porta e eles começaram a correr na direção que eu falei.

Eu estava indo atrás deles, sabia que não vinha nenhum atrás de nós, mas não podíamos contar tanto com a sorte. Olhei para baixo e notei um dos curativos do pé de Jennie soltando e eu já estava raivosa e com vontade de jogar Kai no chão e deixar ele ali, se ele tivesse deixado eu... Antes que eu terminasse de pensar em uma maneira de deixar Kai ali ouvi o som de alguém caindo e quando notei já vinham os zumbis na nossa direção.

  — porra caralho. — ouvi Momo dizer e então notei o olhar desesperado de Jennie. Momo que havia caído, por sorte não se machucou.

Jennie estava com o pé machucado não iria conseguir correr mais que aquilo, e Kai que era o mais forte e namorado dela seria melhor ele a carregar, mas o mesmo parecia mais preocupado em mandar os outros correrem mais.

Peguei Jennie nos braços já sem saber o que fazer e comecei a correr na frente deles indicando o caminho que iríamos seguir. Eu consegui fazer tudo aquilo com ajuda da adrenalina no momento, porque eu sabia que iria sentir a dor depois.

Depois de corremos por todo o caminho que eu tive que percorrer antes, avistamos a escada até meu carro.

  — vamos desçam, rápido! — falei e notei rosé indo primeiro, logo depois foi Minnie e então Momo.

  — lisa... — Jennie estava com medo, mas eu não podia arriscar a vida de todos por ela, então ela teria que ir depois deles.

Kai foi logo em seguida, os zumbis estavam próximos demais... Deixei Jennie no chão com certa dificuldade e puxei as arma da cintura, Félix desceu tão rápido que quando notei Jennie já estava descendo.

  — vem logo. — ouvi a voz dela.

  — entra no carro logo. — digo e atiro certeira na cabeça do zumbi que vinha na frente, eles estavam cada vez mais próximos e assim que coloquei a mão na escada sentir um deles agarrando meu pulso.

Soquei o zumbi com força vendo ele ir um pouco para trás mas mesmo assim não me soltar, eu já estava sem saber o que fazer quando vi um braço por cima de mim enfiar uma faca no olho do zumbi e depois o empurrar para longe.

Meu rosto agora estava sujo de sangue e quando olhei pra cima vi Félix com uma feição aliviada.

  — VAMOS.

a praga vivaOnde histórias criam vida. Descubra agora