4: alvos

1.2K 184 31
                                    

Levantei de manhã cedo com barulhos de conversas pela casa, era estranho ter mais gente ali, e não irei negar... Era mais estranho ainda acordar e dar de cara com rosé sentada na poltrona na frente do sofá em que eu estava.

Seus fios loiros presos em uma trança de lado e um olhar perdido enquanto encarava a janela, rosé era a mais calma deles e eu nunca entendi como ela havia entrado pra esse grupinho.

  — pensando em que? — perguntei enquanto me sentava no sofá ainda sonolenta.

— Momo e Félix estão na parte de fora tentando ver pelo muro e eu estou aqui tentando pensar como essa merda começou. — disse e eu balancei a cabeça compreensiva.

  — ninguém tem uma explicação sobre isso, só... Começou. — me levantei do sofá e ajeitei a roupa no meu corpo. — Jennie já acordou?

  — Jennie? — ela me olhou confusa.

  — eu irei ajudar ela com uma coisa.

  — ela ainda não acordou eu acho, ela não conseguiu dormir muito bem por esses tempos, só o suficiente pra não ficar doente e isso com ajuda da Minnie. — explicou. — acho que agora que estamos mais seguros ela conseguiu dormir melhor.

Eu deveria acorda-la ou seria melhor deixar que ela dormisse mais um pouco?

  — eu vou... Lá fora com a Momo e Félix, quer vir?

  — claro.

Rosé se levantou também e veio até meu lado começando a caminhar até o lado de fora junto comigo, Rosé não me surpreendia por ser tão quieta mas agora eu sabia que além de tudo ela é muito observadora isso pode ser bom para nós.

Assim que chegamos no lado de fora onde os dois estavam, Félix estava sentado no chão e Momo estava sentada em cima do muro enquanto estava virada de costas para nós. Ela parecia olhar para tudo concentrada e assim que Félix me viu ele se levantou e veio até mim.

  — eu disse para ela não subir e que seria perigoso. — ele falou rápido.

  — se ela gosta tanto de perigo ela deveria fazer isso sem colocar a gente no meio dessa brincadeira. — rosé disse irritada e eu olhei de canto de olho. — não é a primeira vez que a gente quase morre por causa dela.

  — como? — perguntei e Félix suspirou baixinho.

  — ela e a Minnie começaram a discutir no depósito, e ela começou a falar muito alto mesmo a Minnie falando que ela deveria falar baixo... Os zumbis ouviram e vieram até a porta, foi assim que aquele buraco aconteceu. — Momo agora estava olhando para gente com um sorriso irônico no rosto.

  — vocês se tornaram amigos dela ontem e já estão pagando pau. — ela falou e desceu do muro, passou a mão no cabelo curto e olhou para mim.

  — não é pagar pau, é as nossas vidas. — Félix disse.

  Sem dizer nada eu andei até o portão e coloquei a mão na frente do botão para abrir o portão. Vi o olhar dos três virem até mim e então encarei especificamente Momo.

  — não quer se divertir? Eu posso te ajudar com isso. — apertei o botão logo ouvindo alguns grunidos vindo em nossa direção. Momo veio até mim e tentou apertar o botão para fechar o portão novamente, segurei ela pelo braço e a fiz me encarar enquanto a inclinava para trás para que ela tivesse a visão perfeita dos zumbis correndo na nossa direção. — brincar com a vida das pessoas vai acabar te matando.

Apertei o botão antes que aqueles parasitas pudessem entrar e vi os três respirarem aliviados.

  — você é psicopata.

  — quer me julgar? — perguntei baixo e ela soltou o braço com força.

Momo seria um problema para mim, e eu sei que ela não seria a única. Estar em perigo floresce nossas piores personalidades e eu posso me usar de exemplo, eu sabia que nenhum zumbi iria atacar Momo, e eu sabia disso porque eu não iria deixar, mas o medo faria com que ela entendesse o perigo de toda essa situação e que mesmo que estejamos seguros agora não era motivo para agir como se fossemos donos do mundo.

Troquei olhares com Félix e Rosé e então quando olhei para cima Jennie nos olhava pela janela do quarto. Tirei meus olhos dela e depois fui até o garoto ao lado da loira.

  — pega a bolsa na cozinha por favor? Quero ver uma coisa.

Ele sorriu para mim e então foi buscar o que pedi, andei até a garagem e voltei de lá com um alvo pintado de azul e vermelho.

  — vem aqui. — disse para rosé. Félix chegou alguns minutos depois já com a bolsa.

Dentro da bolsa haviam algumas facas eram leve de manusear, entreguei três para rosé e três para o Félix.

  — tentem acertar o ponto vermelho. — digo a eles.

O alvo estava distante de nós, mas não tanto o suficiente. Era o início do treino deles e já que Jennie não havia descido ainda eu iria começar com esses dois.

Rosé posicionou o corpo e então depois de alguns segundos lançou a faca fazendo ela acertar distante do centro, mas ainda acertando no alvo.

  — bom, mas tenta se concentrar mais, Rosa. — digo e ela concorda. — você está tensa, então tenta fingir que está só você aqui.

Ela fez o que eu disse e segunda faca chegou tão perto que eu pude jurar que rosé iria a qualquer momento começar a comemorar. A última faca não acertou tão distante da segunda, Jennie tinha razão eles eram bons de mira e de força eu consegui notar isso...

   — Lalisa. — era a voz de meu pai. Ele usava o uniforme de polícia e seu cabelo penteado para trás me deixava tensa nesses momentos. Eu não sabia o porquê precisava desses treinamentos tão chatos.

  — pai, eu não sei fazer isso. — digo com a voz falha, eu já estava com o cabelo bagunçado e a roupa suja de areia e lama.

  — claro que sabe, só precisa se concentrar e imaginar a faca entrando em cheio no boneco, depois que fizer isso tente fazer como imiginou. — sua voz era calma, mas mesmo assim eu continuava nervosa

  — medo de perder e ter que limpar meu quarto, irmãzinha? — ouvi a voz da minha irmã mais velha e então a olhei com um olhar provocativo.

  — eu que vou ganhar, Jisoo!

a praga vivaOnde histórias criam vida. Descubra agora