16: comigo

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Lisa se olhou no espelho por mais alguns segundos e então baixou a blusa lentamente mas deixou uma parte levantada impedindo que tocasse na parte roxa em sua cintura, ela havia batido em cheio quando caiu, mal sabe como ela fez pra se machucar tanto, Mas ao menos ela não havia sido transformada por algum daqueles seres monstruosos que agora assombravam seus sonhos, era tão estranho pensar que não era a primeira vez que ela se machucava assim desde que seu pai adotivo começou a treinar ela e Jisoo incansavelmente, talvez no fundo as paranóias dele agora fizessem sentido para a tailandesa.

Ela encarou o rosto através do espelho e depois olhou para a tesoura na mesinha ao seu lado, seu cabelo já estava um pouco grande de novo e ela iria cortar novamente.

  — posso entrar? — assim que lisa tocou na tesoura aquela voz chamou sua atenção, a blusa ainda estava erguida um pouco e rapidamente abriu a porta para Jennie que sem prestar atenção em mais nada olhou para a cintura de Lisa e foi tomada por preocupação. — você cuidou de mim, acho que agora é minha vez.

A garota andou pelo quarto e voltou de dentro do banheiro com uma maleta vermelha, sua mão foi de encontro a mão de Lalisa e então a guiou até que ela então estivesse sentada na cama, seus olhares se cruzaram por breves segundos mas logo Jennie desviou.

  — eu vou só... Passar uma pomada nisso pra curar mais rápido. — disse ainda desnorteada, elas ainda não haviam tido tempo para conversarem sobre aquele dia no quarto, na verdade lisa não havia sequer tido oportunidade de conversar com ela sobre nada.

Lisa levantou um pouco mais a blusa e deixou que Jennie passasse a pomada em sua cintura com cuidado, seus dedos passavam por cima de sua pele com levesa e carinho, era quase inevitável suspirar estando tão perto de sua crush, Jennie sentiu as bochechas corarem quando percebeu que suspirou alto até demais.

  — está tudo bem? — lisa questionou levando sua mão até o queixo de Jennie fazendo ela a olhar.

  — você quem está machucada, eu que pergunto se você está bem.

Jennie estava de joelhos na frente de lisa enquanto a mesma encarava seus olhos com tanta admiração, o que havia acontecido com ela? E por que ela não dizia a Lisa? Por que haviam tantos porquês?

  — eu sei que aconteceu algo, e se você não me disser eu irei descobrir. — disse ajeitando sua blusa mas ainda com os olhos presos nos olhos castanhos da garota sua frente. Lisa se levantou e caminhou até a frente do espelho novamente, ela pegou a tesoura nas mãos e cortou seu próprio cabelo tomando cuidado para não cortar torto, não que a essa altura alguém fosse se importar, se bem que Momo com certeza iria notar e faria algum comentário engraçadinho.

  — eu só quero que permaneça bem, só isso. — Jennie disse parando atrás de lisa, a mais alta olhou para ela pelo espelho e então enguliu em seco.

  — só me diz o que aconteceu... — sua voz saiu tão baixo que se Jennie não estivesse próxima ela não teria ouvido.

  — eu sempre gostei de você, Lalisa, no começo eu não sabia exatamente como eu gostava de você, eu pensei que era uma admiração por você ser tão boa naqueles jogos e tudo mais... Pensava que queria ser sua amiga porque você é incrível. — Jennie caminhou até estar de frente para lisa e de costas para o espelho. — e então o verão passou e você ia todo dia ao parque, eu não conseguia evitar de sorrir toda vez que te via, e a forma carinhosa como você tratava as pessoas que passavam por você sem sequer você as conhecer.

Lisa encarou os detalhes do rosto de Jennie e levou sua mão até a nuca da garota a sua frente, ela acariciou sua pele macia e sorriu fraquinho enquanto ela falava.

  — eu me tornei mais confiante porque queria de toda forma falar com você, queria me aproximar... E então eu passei a querer te beijar. — lisa enguliu em seco. — tudo se tornou sobre você, porque eu me apaixonei...

  — hora de dormir, amanhã vamos sair muito cedo e... — Minnie disse entrando no quarto distraída. — eu... Meu deus, meninas, mil desculpas.

Lisa se afastou de Jennie e deu um sorriso sem graça na direção de Minnie, ela não estava brava por ela ter atrapalhado aquela conversa, na verdade lisa tinha que agradecer pois no fundo ela não iria saber explicar a Jennie a forma como ela também era louca por ela desde que chegou naquela escola.

  — tudo bem. — Jennie balançou a cabeça devagar. — como você está?

  — eu não me sinto bem, na verdade... Acho que no momento eu estou preferindo ir até a rua deixar aquelas pragas me comerem, mas eu não posso fazer isso. — Jennie foi até a amiga e abraçou apertado sentindo seu coração se apertar como se alguém houvesse pegado com as próprias mãos e tivesse espremendo sem pena alguma.

  — eu sinto muito... — lisa falou baixinho indo até ela também.

  — as vezes ele não era a melhor pessoa... Mas agora eu só consigo lembrar dos momentos que ele foi um bom pai... — ela já não chorava, mas seu olhar era triste.

  — não posso dizer que vai ficar tudo bem, pois estamos em um apocalipse, mas eu posso te prometer que farei de tudo para ao menos manter você e os outros vivos. — lisa tocou o ombro de Minnie e Jennie se afastou para olhar nos olhos de lisa.

  — e se eu não quiser estar viva?

  — eu não posso te impedir de nada, mas posso te oferecer um abraço e um ombro amigo sempre que necessário. — lisa deu um sorriso pequeno e reconfortante o qual fez Minnie puxar o ar fortemente e então olhar para Jennie.

  — desculpa de novo atrapalhar o clima de romance das pombinhas. — ela disse brincalhona tentando quebrar o clima e Jennie revirou os olhos tentando não rir do que a amiga disse. Não era um momento romântico, mesmo que parecesse, era um momento onde finalmente Jennie teve a coragem de dizer a Lisa sobre seu amor tão inocente.

Jennie encontrou forças em meio a um apocalipse para dizer a Lisa o que sentia.

  — pombos transmitem doenças. — lisa disse baixinho divagando em seu próprio mundo.

  — vão dormir, mocinhas. — Minnie deu um peteleco na testa de Jennie e saiu do quarto.

  — vamos dormir. — lisa puxou jennie para a cama e se deitou de barriga para cima encarando o teto fielmente.

  — pensei que eu iria dormir com a Momo e rosé...

  — não, você dorme comigo a partir de agora.

a praga vivaOnde histórias criam vida. Descubra agora