6: Minnie

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Todos estavam em volta da mesa em completo silêncio, Félix servia a sopa para rosé e Jennie enquanto Kai esperava sua vez. Minnie que estava sentada ao meu lado estava um pouco sem graça, pois era a primeira vez que estávamos todos juntos para comer civilizadamente, era estranho ter eles ao meu lado, mas eu podia me acostumar desde que nenhum deles fizessem besteiras.

Kai se serviu e então ajudou Momo e Minnie, depois delas eu também me servi. Então comemos em completo silêncio, vez ou outra trocando olhares uns com os outros. Não havia nada de ruim naquele momento, e o silêncio não era desconfortável, muito pelo contrário parecia que todos estavam bem aliviados de poderem comer em silêncio.

Depois do almoço, eles limparam suas vasilhas com um pano limpo já que não podíamos gastar a pouca água que tínhamos. Eles não reclamaram, deixamos tudo limpo e então fomos para a sala, a energia estava desligada, como sempre ficava durante o dia e a única coisa que havia para clarear o momento eram as janelas.

  — então... — Minnie chamou a atenção, todos olharam para ela e eu que estava sentada na poltrona sozinha não fui diferente, eu havia me dado bem com ela, principalmente depois do pedido de desculpa na cozinha. — essa casa fica escura sem luz, não é?

  — é porque só tem duas janelas na sala. — expliquei.

  — Deveríamos fazer um jogo... Sabe, pra se distrair um pouco. — Kai deu a ideia e eu olhei pra ele, mas logo minha atenção foi para a garota com a cabeça no peito dele.

  — um jogo? — Félix perguntou.

  — não é porque podemos morrer a qualquer momento que temos que ficar um olhando pra cara do outro desse jeito. — ele disse.

  — ele está certo. — Momo disse e eu tirei meu olhar de Jennie assim que ela me olhou de volta.

  — que tipo de jogo? — rosé perguntou.

  — aquele que jogávamos na casa da Minnie. — Kai disse. — com perguntas e desafios.

  — hmmm eu sei, vou explicar para quem não sabe. — Félix disse. — é simples, a garrafa vai girar, uma pessoa pergunta no ouvido da outra e ela tem que responder em voz alta, mas não saberemos a pergunta a não ser que alguém desafie a falar, se ela não falar tem que beber, mas se ela falar... quem desafiou é quem bebe.

  — todos de acordo? — Minnie perguntou e todos disseram "sim", menos eu. — Lis, você topa?

  — pode ser. — falei e ela sorriu. Momo foi até a cozinha e voltou de lá com uma garrafa vazia de cerveja, eu sabia que haviam mais garrafas como essas por aí pois meu pai tinha algumas bebidas escondidas pelos lugares, ele odiava que as filhas o vissem beber apesar de ele não ser alcoólatra, ele só gostava de sentir o sabor de vez enquanto quando estava sozinho, mas ele não sabia que eu sei disso.

  — já volto. — falo a eles e me levanto, abro uma porta no meio do corredor onde tinha um armário e pego uma garrafa de vodka que ficava escondida atrás de alguns produtos de limpeza.

Assim que volto todos os olharem vieram até mim, eu dei de ombros e então eles se sentaram em volta da garrafa. Me sentei entre Minnie e rosé e de frente para Jennie e Kai, momo e Félix que estavam sentados em lado opostos e um de frente para o outro.

  — eu começo. — rosé disse já com a mão na garrafa, ela girou a garrafa fazendo ela parar na Minnie para a momo.

Minnie foi até a garota e falou alguma coisa em seu ouvido, ela demorou alguns longos segundos e então respirou fundo.

  — o Félix. — disse em voz alta e eu me senti curiosa, era disso que se tratava a brincadeira? Deixar todos curiosos?

  — eu desafio a você falar. — Félix se pronunciou e Momo o encarou raivosa.

  — ela perguntou em quem eu tenho mais confiança aqui.

Respondeu simples e Félix teve que beber um gole longo de bebida.

  — eu perguntei porque pensei que ela iria falar meu nome, agora estou chateada. — Minnie disse claramente fingindo chateação.

Félix se esticou e colocou a mão na garrafa fazendo ela rodar... Rodar... E rodar até cair em Momo e eu, aquele era o momento certo para decidir que queria parar de brincar?

  Momo chegou perto de mim e tocou meu rosto com sua mão, ela aproximou seu rosto do meu e então respirou fundo perto do meu ouvido como se ainda estivesse pensando no que perguntar.

  — quem daqui você pegaria?

  — você tem 13 anos? — perguntei e ela riu dando de ombros. — por deus...

Olhei para todos os rostos ali, eu deveria dizer algum nome aleatório pra me livrar daquela situação tosca, nem sei porque eu aceitei fazer isso estamos em um momento aterrorizante e estamos aqui fazendo uma brincadeira como se o mundo lá fora não estivesse desmoronando.

  — responda logo. — Minnie falou e eu a olhei.

  — Minnie. — respondi pois ela era a única que eu havia realmente me dado bem ali além de rosé. Momo me olhou e deu um sorrisinho.

  — eu desafio. — Jennie falou e eu coloquei meus olhos nela, ela estava realmente curiosa sobre a minha resposta?

Eu não iria responder aquilo em voz alta, então peguei a garrafa de vodka e tomei um gole demorado sentindo o líquido descer pela minha garganta pela primeira vez na vida, o gosto era ruim e forte mas dava para aguentar.

  — agora eu vou subir. — digo e todos me olham confusos. — podem continuar, eu só preciso ajeitar uma coisa.

Eles concordaram e voltaram a jogar, eu subi as escadas e entrei no quarto dos meus pais. Entrei no closet que havia no quarto e me abaixei perto de uma gaveta.

  — o que está fazendo? — ouvi aquela voz e então a olhei.

  — o que está fazendo aqui?

  — eu perguntei primeiro. — ela se abaixou ao meu lado e olhou dentro da gaveta.

  — vim pegar o mapa detalhado da cidade, senti um cheiro estranho mais cedo, se algo mudar nossos planos teremos que sair antes daqui. — expliquei a ela e peguei o papel dobrado que estava no canto da gaveta, meu pai sempre tinha um desses no carro e no quarto.

  — acha que algo pode mudar nossos planos?

  — eu não sei... Por isso tenho que pensar em algo logo. — desdobro o papel e ando até a frente da cama, o coloco ali para ter uma visão melhor de todos os lugares importantes que meu pai marcou e então passo as mãos no cabelo.

  — eu... Confio em você pra isso. — Jennie estava ao meu lado agora e também olhava para o mapa. — tem café aqui?

  — deve ter um resto na cozinha, por que?

  — irei fazer para gente... Você precisa. — ela disse e então tocou meu ombro. — com licença.

  — tudo bem, Kim.

a praga vivaOnde histórias criam vida. Descubra agora