5: erros adolescentes

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Tratei de ajeitar todas as coisas quando Félix e Rosé terminaram de treinar, eu acabei descobrindo que Momo também fazia parte de uma família que gostava de por os filhos em esportes diversos e por esse motivo Momo sabia vários tipo de lutas e estratégias, por mais idiota que ela esteja sendo agora que descobriu o que aconteceu com o resto do mundo ela ainda será de extrema ajuda por aqui.

Fechei o zíper da bolsa e assim que olhei para minha frente, Jennie estava de braços cruzados me olhando sem tocar o pé no chão.

  — por que está com o pé assim?

  — uma garota disse pra eu não fazer esforço e agora não quero pisar o pé no chão. — ela admitiu e eu deixei a bolsa no chão. — não vai me treinar, senhorita sabe tudo?

  — você está atrasada, não acha?

  — sim, é que eu fui ao shopping comprar curativo para meu corte que eu também cuidei no hospital. — falou ironicamente e eu evitei sorrir da fala dela. — meu pé estava doendo bastante, então preferi ficar mais um pouco na cama.

  — eu deveria ter imaginado, tudo bem. — voltei a abrir minha bolsa, mas por mais que eu quisesse entregar uma faca na mão de Jennie eu não sabia o quão ruim ela era naquilo ou o quanto ela me odiava.

Peguei uma fita e enrolei várias vezes na lâmina da faca, Jennie me olhava atenta e assim que eu entrei na mão dela, ela parecia me olhar de um jeito debochado.

  — vai que você quer me matar. — admito e ela solta uma risada.

  — você dormiu no sofá, se eu ou qualquer um aqui quisesse te matar eles tinham conseguido. — falou e suspiro convencida, desenrolo a fita e volto a entregar a faca na mão dela.

Jennie olhou para faca na própria a mão e depois se aproximou de mim, pisou no meu pé com força com seu pé bom, me fazendo gemer de dor e quando me distrai ela colocou a lâmina próxima ao meu pescoço.

Com a força que a mão dela tocou no meu ombro e dor no meu pé, eu acabei caindo sentada no chão, Jennie colocou cada perna de um lado da minha cintura ainda com a faca no meu pescoço.

  — que porra é essa? — perguntei olhando nos olhos dela. Jennie soltou uma risada.

  — isso é porque eu tô me vingando pelo que fez com a Momo. — ela disse baixo. — e por achar que eu sou indefesa aqui.

  — com um pé e um ego desse jeito com certeza está indefesa. — segurei na mão dela e com a outra mão eu bati em seu pulso fazendo ela largar a faca. Mudei nossas posições e fiquei por cima dela fazendo ela se deitar no chão. — ouse tocar em mim de novo e eu acabo com seu rosto.

Jennie não parecia estar nenhum um pouco abalada, muito pelo contrário ela parecia gostar, já que sabia que eu não iria fazer nada com ela. Sai de cima dela e me sentei no chão ainda perto da garota que agora estava se recompondo.

  — acho que eu preciso treinar um pouco mais. — admitiu massageando os pulsos onde eu bati. Encarei ela por alguns segundos e então segurei na mão dela, peguei um pedaço de pano na bolsa e enrolei em seu pulso.

  — agora finge que isso é nível um de apocalipse zumbi, pelo menos tem ousadia. — falei e ela me olhava no rosto.

  — por que todos decidiram chamar esses parasitas de zumbi?

  — são seres que aparentam não estarem vivos e comem de forma insaciável. — falei e terminei de amarrar o pano no pulso dela. — é uma forma mais fácil de chamarmos eles já que não sabemos o que é isso tudo de verdade.

  — isso tudo é tão assustador. — disse olhando para o pano. — e eu não sei se vamos sobreviver por tanto tempo.

  — temos comida pra um mês, mas logo vamos começar a buscar um lugar melhor. — me inclinei um pouco para trás e apoiei meu peso nas mãos no chão.

  — acha mesmo que conseguimos ficar seguros até acharmos esse lugar? — Jennie perguntou agora me olhando preocupada. — e como seria o lugar confiável?

  — o lugar confiável seria... Um lugar alto, perto de comida, remédios e água. — falei baixo lembrando do que meu pai falava. — meu pai era policial e também era meio paranóico, então ele sempre pensava em mil possibilidades diferentes em um assunto só.

  — não conseguiu falar com ele?

  — não. — digo e a olho de volta. — eu sei que ele teria um plano, mas eu também o conheço bem o suficiente para saber que ele se sacrificaria por outra pessoa.

  — eu sinto muito.

  — tudo bem, se concentre em sobreviver e tentar manter seus amigos na linha. — Jennie abaixa a cabeça, mas eu sabia que ela estava sorrindo.

   — eles são meio difíceis, mas... Com bons corações. — disse tentando ficar de pé mas com dificuldade por causa do machucado.

  — consegue me derrubar e por uma faca no meu pescoço mas não consegue ficar de pé, Kim? — ela me olhou com tédio e eu ofereci minha mão para a ajudar. Jennie pegou na minha mão contragosto e se levantou.

  — não enche minha paciência...
 
  — você que não deveria encher a minha. — peguei a faca do chão e coloquei no bolso dela. — cuida disso... Eu vou cuidar da comida, antes que vocês comecem a sentir fome.

  Me levantei do chão também e passei por Jennie, peguei minha bolsa e sorri provocativa na direção dela.

  — toma cuidado com segurar a faca... pode acabar machucando sua mão mais feio da próxima vez. — disse e ela mostrou o dedo do meio para mim, eu fingi pegar e guardar no meu bolso vendo ela sorrir negando com cabeça.

Entrei na casa indo direto para a cozinha onde logo avistei Minnie sentada no balcão enquanto encarava os armários com as comidas. Sentei ao lado dela e olhei intrigada.

  — tá pensando em que o chef de restaurante cinco estrelas? Não gosta de comer massa? — Minnie me olhou assustada.

  — porra, Lalisa, precisava chegar assim igual um fantasma? — ela levou a mão ao peito e então eu fui até os armários.

  — vamos fazer uma sopa, é suficiente pra todo mundo. A noite a gente faz uns sanduíches, senão o queijo vai apodrecer já que a gasolina vai acabar e o gerador vai com deus. — falei e Minnie pareceu acatar a ideia rapidamente.

Pelo pouco que eu vi, Minnie era a mais responsável entre eles o que me surpreendia um pouco já que muitas das vezes ela fazia umas piadas infantis mas divertidas, eu morria de rir, não vou negar.

  — por isso só ligamos a luz de noite?

  — só por uns minutos, por isso que tá aguentando todo esse tempo.

Minnie pegou a massa da sopa e deixou em cima do balcão, a cozinha de casa era grande, então Minnie e eu estávamos confortáveis fazendo a sopa enquanto conversávamos.

  — então tecnicamente a festa na sua casa foi um desastre. — digo e ela ri concordando, Minnie se encostou no balcão enquanto eu mexia a colher na panela.

  — Jennie ficou bêbada pela primeira vez e falou besteiras que ninguém entendia, Félix se assumiu bissexual, Momo ficou com a Rosé o que no outro dia fez elas quase vomitarem. — Minnie contava tudo entre risadas.

  — então elas não se gostam? — perguntei e Minnie negou rapidamente.

  — Momo não faz o tipo de Rosé, as duas faltam bater em quem toca nesse assunto porque ela gostam de fingir que nunca aconteceu.

  — sério?

  — nunca ficou bêbada, lisa?

  — nunca, nem fui a festas e essas coisas... Não faz muito meu tipo.

  — desculpa.

Desliguei o fogo e peguei algumas vasilhas no armário, deixei sobre o balcão e então a olhei confusa.

  — desculpas pelo que?

  — por ter sido meio idiota com você.

  — tudo bem, todo mundo cometeu erros na Adolescência.

  — e qual foi seu erro?

  — não ter vivido ela enquanto eu tive a chance.

a praga vivaOnde histórias criam vida. Descubra agora