Gelado

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Minho não voltou a incomodar Felix com aquele assunto. O irmão estava muito entregue à nova vida e não queria acabar com sua alegria. Via como ele não parecia ter dificuldades para se adaptar e como estava aproveitando cada dia sem olhar para trás.

Talvez lhe faltasse essa vontade de se permitir encarar o desconhecido com admiração. Porém, em sua mente só desenhava a imagem de um mundo em guerra. Seus pensamentos iam além de se vestir como as outras pessoas. Observar qualquer diferença entre todos era mais forte que ele.

Odiava se sentir pequeno. Não aprendeu muito quando estava na ilha, nem mesmo soube refletir direito sobre o que estava fazendo naquele mundo. Tudo piorava quando sentia que sua luz iria se apagar. Estava em um novo lugar, porque decidiu fugir e quebrar a regra mais absurda de seu lar.

Sabia que podia brilhar muito mais do que eles pensavam. Não estava abaixo de ninguém e não era justo alguém pensar isso. Durante anos, as estrelas ouviram seus pedidos e acreditaram que ele era forte como os outros feiticeiros.

Saiu de seus pensamentos e atravessou o corredor da casa de Chan. Estava quase escurecendo e queria sair um pouco. Passou na loja, vendo o amigo começando a guardar os pacotes de entrega espalhados pelo balcão.

‐ Chan, estou saindo.

- Aonde você vai? Podia começar a me ajudar na loja, né? Não faz nada o dia todo.

- Você é um feiticeiro. Se alguma coisa estiver fora do lugar, você arruma em um estalar de dedos – colocou sua jaqueta, levantando o gorro para cobrir sua cabeça. Colocou seu celular em um bolso, se certificando antes de que ele não iria fazer barulho caso recebesse alguma ligação do irmão ou do amigo. – Vou andar por aí, comer alguma coisa e conhecer melhor o lugar.

- Não volta muito tarde, cuidado no caminho e deixe esse celular ligado.

- Entendi suas ordens, capitão! – sorriu travesso para o mais velho, que estreitou os olhos em sua direção. Saiu correndo pela porta da loja antes que Chan ameaçasse jogar um livro velho e pesado em sua cabeça.

Andando pela areia próximo a casa do Bang, Minho tinha uma bela vista do mar ao entardecer. Era tão lindo ver aqueles pontos de luz sobre a água acompanhando seus passos. Tinha vontade de tocá-los com seu próprio brilho. Sentia seu corpo estremecer com a vontade de se aproximar um pouco mais do mar e experimentar ser livre de outra forma.

Resolveu parar de sonhar acordado por um momento, se lembrando que deveria tomar cuidado para não deixar sua magia ser vista. Continuou andando, seguindo para uma área com mais gente. Sabia que tinha uma lanchonete um pouco mais a frente e estava curioso para observar as outras pessoas. Tentaria agir como elas ao menos por uma noite.

Em poucos minutos, estava se aproximando do estabelecimento, vendo que ainda haviam alguns clientes tanto nas mesas de fora quanto nas de dentro. Ao entrar, Minho olhou para cada canto, sentindo olhares sobre si também. Não sabia o que eles estavam pensando, mas não pareciam maldosos. Estavam curiosos por nunca terem o visto antes.

Caminhou até um dos bancos próximos ao balcão e se sentou. Observou um dos funcionários andando de um lado para o outro, tentando fazer seu serviço de maneira rápida, porém um pouco atrapalhada. Assim que ele notou sua presença, tirou um caderninho do bolso único da camisa e se aproximou.

- Desculpe a demora. O que vai pedir?

Minho reparou no jovem moreno à sua frente. Ele parecia mais novo que si e um tanto nervoso também, visto que seus dedos apertavam o caderninho com um pouco de força e a mão que segurava a caneta tremia. Pensava que ele não tinha muito tempo de experiência naquele lugar.

Starry Hideout - Minsung, JeonglixOnde histórias criam vida. Descubra agora