Sequestrado

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Já não sabia há quanto tempo estava andando sem um destino em mente e não pensava em parar. Quando saiu da praia, indo em direção às ruas da cidade, a ideia de afastar-se de casa pareceu insana, porém tentadora. Precisava ficar sozinho, esquecendo-se por um momento de quem daria sua falta. Ficar calado e não procurar por uma resposta havia sido um teste de fogo para Felix.

Não era de seu feitio agir daquela forma e aquilo estava acabando consigo. Havia acordado naquela manhã se perguntando o que tinha de errado consigo. Não sabia ao certo quando começou a ficar isolado em seus próprios pensamentos e esconder seu próprio brilho. Não queria que seu coração estivesse aflito por não se reconhecer mais. Achava que pensar que não se encaixava mais naquele mundo podia ser um exagero, mas isso estava causando medo a ele. Talvez fosse ingênuo demais para não desconfiar de certas coisas. Não ser como as outras pessoas realmente o tornava único, mas não significava que todas gostariam de si.

Sentir-se assim era horrível, tinha um gosto amargo e o incomodava por dentro até que estivesse tremendo. Decidiu andar debaixo daquele sol quente para acabar com essa sensação.

Já não sabia mais o caminho de volta. Desde que abriu os olhos e não viu Minho no quarto, pouco se importou em saber para onde ele foi e só quis procurar um outro caminho para si. Pensou que se fazer isso tivesse sido bom para seu irmão, então por que não poderia ser para ele também? Deixou seu colar em casa e não cogitou ligar seu celular, mas ainda saiu com ele no bolso da bermuda. Estava mesmo sem rumo e não queria ser encontrado.

Passou por uma pracinha, onde tinha uma fonte. Aquela água estava tão calma e, durante um momento impensável, o Lee fechou seus punhos e a fez ferver até formar bolhas que, em poucos segundos, estouraram em excitação, caindo os pingos sobre o chão. Estava a uma distância segura para não ser visto, mas ao perceber que seu ato chamou a atenção de algumas pessoas, resolveu sair daquele espaço.

A onda de calor o seguia e não se acalmava. Não queria que alguém chegasse perto de si, pois estava começando a queimar. Sua visão estava escurecendo ao passo que seu corpo ficava cada vez mais cansado. Não havia se alimentado naquele dia e só conseguiu dormir por duas horas. Estava muito longe da praia, andando por uma rua que nunca tinha estado antes, sem conhecer ninguém. Se aquela fosse a sensação de estar livre, não entendia como seu irmão havia gostado tanto. Não estava mais confiante. Sentia-se fraco e com o peito queimando.

Ao olhar em direção ao céu por alguns segundos, uma súbita e breve perda de consciência o atingiu que o fez encostar-se na parede mais próxima. Felix forçou sua visão um pouco mais até ver um carro sendo estacionado em sua frente.

O rapaz passava o caminho inteiro tentando conter os pensamentos que o deixavam apreensivo e inseguro. Ao encostar a cabeça no vidro da janela do carro, começou a questionar o que teria de errado consigo. Não conseguia esquecer daqueles olhinhos decepcionados que lhe encararam na noite anterior e que o impediram de ter uma tranquila noite de sono. Não pensava que seria daquela forma, mas foi ficando tarde e não pôde se empenhar mais para fazer um momento alegre depois de muito tempo.

Não iria parar de empenhar-se para tentar agradar uma certa pessoa por quem esperou tanto. Havia saído cedo para comprar muitos presentes e, ao perceber que havia ficado quase duas horas na mesma loja, teve a certeza de que não sabia realmente o que escolher. Estava nervoso por ter comprado algumas coisas que, em certo momento, precisou pedir ajuda para decidir o que levar. Nada estava sendo como imaginava.

- Por que não melhora essa cara? – ouviu seu motorista lhe perguntando. Jeongin apenas abaixou o olhar e apertou seus dedos no tecido de sua calça. – Deveria estar contente. O que ela vai pensar se te ver assim?

Starry Hideout - Minsung, JeonglixOnde histórias criam vida. Descubra agora